segunda-feira, setembro 27, 2021

XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM





Para Jesus, a primeira coisa a fazer dentro do grupo de seus seguidores é esquecer-se dos próprios interesses e pôr-se a servir, colaborando juntos em seu projeto de fazer um mundo mais humano. Não é fácil. Às vezes, em vez de ajudar outros crentes, podemos causar-lhe dano.

É o que preocupa Jesus. que entre os seus haja quem “escandalize um destes pequeninos que creem”.  Que entre os cristãos haja pessoas, que com sua maneira de agir, causem dano a crentes mais fracos o os desviem da sua mensagem e do projeto de Jesus. Isso seria desvirtuar seu movimento.

Jesus emprega imagens extremamente duras para que cada um extirpe de sua vida aquilo que se opõe à sua maneira de entender e de viver a existência. Está e jogo “entrar no reino de Deus” ou ficar excluído, “entrar na vida” ou terminar longe dela.

A linguagem de Jesus é metafórica. A “mão” é símbolo da atividade e do trabalho. Jesus emprega suas mãos para abençoar, curar e tocar os excluídos. É mau usá-las para ferir, golpear, submeter ou humilhar. “Se tua mão te escandalizar, corta-a” e renuncia a agir contra o estilo de Jesus.

Também os “pés” podem causar dano se nos levam por caminhos contrários à entrega e ao serviço. Jesus caminha para estar próximo dos mais necessitados e para buscar os que vivem perdidos. “Se teu pé te escandalizar, corta-o” e abandona caminhos errados que não ajudam a ninguém a seguir Jesus.

Os “olhos” representam os desejos e aspirações as pessoas. Se não olharmos as pessoas com o amor e a ternura com que Jesus as olhava, terminaremos pensando só em nosso próprio interesse. “Se teu olho te escandalizar, arranca-o e aprende a olhar a vida de maneira mais evangélica.

Como ocorreu a Jesus esta figura trágica, e ao mesmo tempo cômica, de um homem sem uma das mãos, coxo e sem um dos olhos entrar na plenitude da vida? O que sentiram as pessoas ao ouvi-lo falar assim? Como podemos reagir nós? Por mais dolorosas que sejam, se os cristãos não fizerem opções que assegurem a fidelidade a Jesus, seu projeto não abrirá caminho no Mundo.









segunda-feira, setembro 13, 2021

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM







1 – O símbolo do caminho

No início do Evangelho, Marcos relata que Jesus caminhava com seus discípulos e, caminhando, perguntou: “quem sou eu para o povo e para vocês?”. Chamo atenção para a palavra “caminho”. É uma palavra simbólica, que usamos para representar a nossa vida. A nossa vida, o nosso viver é um caminho; é uma caminhada. Por isso, a pergunta que ouvimos no Evangelho soa deste modo para nós: quem é Jesus para nós no caminho de nossas vidas? À medida que caminhamos na vida, mudamos nosso modo de pensar e nossos conceitos. Por isso, se temos o mesmo conceito de Jesus trazido da infância, da adolescência, de tempos passados, então algo não está de acordo, no caminho do discipulado. À medida que caminhamos na vida, à medida que convivemos com Jesus, nossa fé vai se transformando; nosso o modo de crer também muda. Muda porque nos tornamos mais amadurecidos.

 

2 – O encontro com o sofrimento

No caminhar de nossas vidas, o conceito que vamos formando de Deus deve mudar; precisa amadurecer. A convivência que temos com Jesus, o modo de crer — se nossa fé produz frutos ou é apenas emocional ou apenas mental, como provoca a 2ª leitura — favorecem a serenidade naqueles encontros mais difíceis de nossas vidas. No caminho da vida, por exemplo, em alguma curva da estrada existencial, nós nos deparamos com o sofrimento; sofrimento pessoal ou sofrimento do outro, no dizer da 1ª leitura. Se caminhamos como discípulos de Jesus, se cultivamos a fé e com ela produzimos frutos, o sofrimento (meu e do outro) torna-se suportável e marcado pela esperança. Até mesmo o sofrimento passa a ter um sentido. O encontro com o sofrimento, para quem não convive com Jesus e não crê de modo frutuoso — produzindo frutos — é mais doloroso, é marcado por queixas, reclamações e pode, até mesmo, ser marcado pela revolta. É nestes momentos desafiadores do caminho da vida que podemos avaliar quem é Jesus para nós e o que representa a fé em nossas vidas.

 

3 – Caminho da oblatividade

No caminho da vida, diz Jesus no Evangelho, é preciso tomar a própria cruz para segui-lo. A espiritualidade e a mística cristã não interpretam este “tomar a cruz” como desejo do sofrimento ou desejo da morte. O “tomar a cruz” significa pertencer a alguém, no sentido de doar a vida por alguém. À medida que caminhamos nos caminhos da vida, podemos escolher viver para nós mesmos ou viver para ofertar a vida; para que o nosso viver produza mais vida. Jesus ensina que quem quiser salvar a própria vida, vai perdê-la; este é o viver para si mesmo. O “tomar a cruz” significa entregar a vida, fazer da própria vida uma oblação para que minha vida produza mais vida. O egoísta, aquele que não “assume a cruz”, não assume o projeto do Reino, destrói-se a si mesmo. O sentido da vida está na cruz, símbolo da oblação da vida. Mas, para bem compreender isso é preciso saber quem é Jesus para mim e transformar a fé em obras. Amém!









segunda-feira, setembro 06, 2021

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM







Effathà - abre-te

A Salvação messiânica profetizada por Isaías e cantada pelo salmista (1L e SR) realiza-se em Jesus Cristo, expressa na cura do surdo-mudo (E). O milagre acontece numa região pagã e, — chama atenção — o milagre acontece com uma única palavra de Jesus: "effathà"; palavra aramaica que significa "abre-te". Uma única palavra e Jesus liberta o homem para relacionar-se, para comunicar-se, ouvir e falar.

A Igreja insiste para não confundir Salvação divina com libertação política ou social, mas ensina também que onde Deus coloca sua Palavra (Jo 1,1-5), onde o Evangelho é anunciado, acolhido e vivenciado, ali a surdez e a mudez desaparecem. Ouve-se o grito dos pobres e dos oprimidos e profetiza-se a ação libertadora de Deus, para que a vida seja plena em todos os sentidos. No dizer de Tiago, a libertação acontece quando todos são tratados fraternalmente, sem distinção por serem ricos e poderosos (2L).









sexta-feira, setembro 03, 2021

SEJAMOS PATRIOTAS





SEJAMOS PATRIOTAS

3 de setembro de 2021

 

Paróquia São Conrado




Estamos na Semana da Pátria. No próximo dia 7 comemoraremos a Independência do Brasil, o nascimento do nosso país como nação. Data especial para cultivarmos a virtude do patriotismo, dever e amor para com o nosso país, incluído no 4º Mandamento da Lei de Deus.

Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria, que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua infidelidade aos dons de Deus. Não temos também motivos para chorar sobre nossa pátria amada? Nação que nasceu cristã, mas que anda esquecida dos valores cristãos legados pelos nossos missionários, presa de ideologias espúrias; povo nem sempre bem educado, nem sempre pacífico nem cortês e que não sabe escolher bem seus representantes; na política, além da falta de harmonia e equilíbrio entre os poderes,  a corrupção, a falta de honestidade, ética, honradez, com total desprezo das virtudes humanas e cristãs, necessárias ao bom convívio e à vida em sociedade.

Observando as redes sociais, notamos a ausência total do respeito à opinião alheia, o ódio, a incitação à violência, a falta de humildade e modéstia, o desaparecimento da tolerância, do respeito pelas consciências, do apreço pela verdade, o disseminar de calúnias, intrigas e suspeitas. Tudo isso se constitui no oposto às virtudes humanas e cristãs, que são a base da civilização.

E as virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada, do comedimento no falar, do respeito para com o próximo, do amor pela verdade, da convicção religiosa, da constância, da fidelidade nas promessas, do cumprimento da palavra dada?

Segundo Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do grego pólis, que significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como finalidade do Estado. “A comunidade política existe... em vista do bem comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o Estado - exige um governo que a dirija para o bem comum. Não se pode separar a política da direção para o bem comum. Procurar o bem próprio na política é um contrassenso.

Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez abandonados os valores morais e os limites éticos, a sociedade fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan