quinta-feira, janeiro 31, 2019

UM GRANDE EDUCADOR, POR DOM FERNANDO ARÊAS RIFAN




Dom Fernando Arêas Rifan*


Encerrou-se no dia 28 de outubro passado a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada aos jovens, que sempre foram objeto especial do cuidado da Igreja. Grandes santos se ocuparam da sua educação, especialmente dos mais pobres. O cuidado dos pobres não é apanágio da época moderna, pois a Igreja, seguindo Jesus, sempre se ocupou deles. 


No século XIX, um menino pobre, órfão de pai aos dois anos, que recebeu uma forte educação humana e cristã de sua mãe, Margarida, mulher simples, sem estudos, mas de muita fé, tornou-se o maior educador daquele século e modelo de todos os educadores. Estamos falando do grande São João Bosco, cuja festa celebraremos hoje, com os seus filhos salesianos. 


Estamos em Turim, Itália, na época do começo da industrialização, com o problema decorrente da imigração juvenil. Inundada de jovens procurando emprego, que nem sempre conseguiam, essa cidade oferecia ocasião para muitas desordens e perigos para essa juventude. É nesse contexto que entra em ação o Padre João Bosco, Dom Bosco, como se chamam os padres na Itália, como hábil organizador de iniciativas, implantando um fantástico sistema educacional que mais tarde se chamaria “sistema preventivo”, fundado na razão, na religião e na amabilidade. E assim ele conquistou a juventude.


Seu sistema de educação consistia em prevenir as quedas, em tirar os jovens das ocasiões de pecado. Vigilância, palavrinha de conselho ao ouvido de cada um, compreensão, amabilidade e amor no trato com os jovens, vida pessoal de oração e uso dos sacramentos da Igreja, eram os seus instrumentos didáticos e pedagógicos. E todos o amavam e procuravam imitar. Não seria esse o melhor método para educar a nossa juventude tão desnorteada hoje?!

Enfrentando ataques violentos dos anticlericais, ele implantou o oratório festivo de Valdocco, enriqueceu-o de laboratórios artesanais e profissionais, com escolas de artes e ofícios para jovens trabalhadores e com escolas humanísticas para os jovens encaminhados ao sacerdócio. Em pouco tempo, já havia oitocentos jovens, provenientes das camadas populares da Itália. E sua obra se espalhou por todo o mundo.

Para assegurar o futuro de sua obra, fundou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e, com a ajuda da Irmã Maria Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, das quais temos ilustres representantes em nossa cidade, dedicados à educação dos jovens. A eles e a elas a nossa homenagem e imensa gratidão.

São João Bosco foi considerado o novo São Vicente de Paulo, pela sua dedicação aos mais carentes. Foi grande escritor de livros populares, sobretudo para os jovens.


Esse grande apóstolo da juventude, exemplo para todos os educadores, faleceu santamente em 31 de janeiro de 1888. Foi proclamado pelo Papa João Paulo II “pai e mestre dos jovens”. Que São João Bosco proteja a nossa juventude! 


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney 

http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

segunda-feira, janeiro 28, 2019

QUEM SOMOS ''APOSTOLADO DA ORAÇÃO''




O Apostolado da Oração (AO) é, antes de tudo, fazermo-nos interiormente disponíveis para a missão de Cristo. Esta disponibilidade tem como sua fonte e modelo Jesus Cristo entregue a nós e por nós, que se nos faz presente continuamente na Eucaristia. Receber a Sua vida leva-nos, reconhecidos, a oferecer diariamente a nossa própria vida ao Pai.

O Apostolado da Oração é um caminho espiritual que a Igreja propõe a todos os cristãos para os ajudar a ser amigos e apóstolos de Jesus Ressuscitado na vida diária e despertar neles a capacidade missionária. Leva-os a uma aliança de amor pessoal com Ele, simbolizada no seu Coração.

O Apostolado da Oração é uma rede mundial de oração a serviço dos desafios da humanidade e da missão da Igreja, expressos nas intenções mensais de oração do Papa. Rezar por estas intenções abre-nos os olhos e o coração à dimensão do mundo, fazendo nossas as alegrias e esperanças, as dores e os sofrimentos de todos os nossos irmãos e irmãs.

Como se põe em prática o caminho do Apostolado da Oração?

Por meio de:

1- Três atitudes diárias:

O ritmo diário de oração tem pelo menos três momentos específicos. Para vivê-los, a pessoa vai escolher a modalidade que lhe inspire maior gosto espiritual e lhe ajude a estar mais disponível ao Senhor Ressuscitado. Pode-se recorrer a uma imagem de Jesus ou um crucifixo, pode ser num lugar especial em sua casa, pode ser recitando uma oração sugerida, pode ser usando meios digitais, etc.

- Com Jesus pela manhã: Ao iniciar o dia, num momento de silêncio, faço-me presente diante de Jesus Ressuscitado que está comigo. Peço ao Pai que me faça disponível à missão do Seu Filho para este novo dia, oferecendo o que sou e o que tenho. Posso expressar este oferecimento usando palavras minhas ou recorrendo a uma oração de oferecimento escrita. Peço ao Espírito Santo que abra o meu coração às necessidades e desafios da humanidade e da missão da Igreja, e rezo por eles segundo as intenções do Papa para este mês.

- Com Jesus durante o dia: Em vários momentos ao longo do dia, em caminho ou em repouso, em casa ou no trabalho, tomo consciência de estar na presença do Senhor e renovo-lhe a minha disponibilidade “para trabalhar com ele de dia e vela com Ele de noite” (Exercícios Espirituais de Santo Inácio, 93).

- Com Jesus à noite: No final do dia, num momento de silêncio, peço ao Espírito Santo que me ajude a reconhecer a presença de Jesus comigo durante esse dia, e agradeço. Pergunto-me de que modo fui disponível à sua missão e também agradeço. Vejo como fui obstáculo à sua ação na minha vida e peço-Lhe que, na sua misericórdia, transforme o meu coração. Peço-Lhe ajuda para viver outro dia unido a Ele. Jesus dá-me a sua bênção.

2- Participar na rede do AO

Manter uma ligação com a sua Sede Nacional (que é o centro responsável pelo seu funcionamento) no seu país ou no país mais próximo. Procurar receber os seus folhetos, revistas, notícias ou outros materiais que lhe ajudarão a aprofundar a sua relação com Jesus e a manter-se informado e integrado na rede mundial do AO. Participar, se for possível, no seu grupo, nas suas atividades de formação ou nas suas redes sociais na internet. Um símbolo da sua união com essa rede mundial de oração será rezar diariamente pelas intenções do Papa, e de uma forma especial na Primeira Sexta-feira de cada mês, que é tradicionalmente o dia em que se recorda a revelação do amor de Deus na cruz e o amor do Seu Sagrado Coração pela humanidade. Participar nesse dia na Eucaristia, na medida do possível. Seguir as indicações que irá receber da Sede Nacional para todas estas propostas.

O APOSTOLADO DA ORAÇÃO:

- Vive diariamente os três momentos de oração, para se colocar junto a Jesus ressuscitado e oferecer-Lhe a sua vida em disponibilidade apostólica.

- Compromete a sua vida em oração e serviço, em resposta aos desafios da humanidade e da missão da Igreja presentes nas intenções mensais do Papa.

- Segue o “Caminho do Coração” como escola de vida e itinerário de formação.

- Participa na rede mundial e nacional do AO.

E vive tudo isto apoiado nas práticas que são fundamentais em toda a vida cristã:

- A Eucaristia, que conduz à experiência interna do Coração de Jesus e o dispõe a viver com Ele e ao seu estilo, a serviço da sua missão. A entrega de Jesus pela humanidade que se faz realidade em cada Eucaristia é, para o AO, o modelo de oferecimento e disponibilidade.

- O amor e a devoção a Maria, modelo de disponibilidade apostólica, cujo coração está repleto de Jesus e dos Seus projetos.

- Participação num grupo de vida, em união com outras pessoas que vivem o AO.

- A formação contínua, que dá conteúdo à experiência profunda de comunhão com Jesus e o ajuda a crescer como apóstolo. Deveria incluir formação em temas relacionados diretamente com a sua vivência do AO (Coração de Jesus, a oração de intercessão, identidade e história do AO, etc.) e em matérias de outras áreas que alimentam a sua fé como cristão (Bíblia, teologia, vida espiritual, sacramentos, etc.).

III DOMINGO DO TEMPO COMUM



Lucas não pode guardar para si o que os “testemunhas oculares e ministros da Palavra” lhe transmitiram. Então, decide escrever ao seu amigo Teófilo “para que ele tenha conhecimento seguro do que lhe foi ensinado». Depois de Teófilo e da sua comunidade cristã, somos convidados por Lucas e pelos outros três evangelistas a crer na Palavra, esta Palavra que muitos assinaram com o seu sangue. Não é o que, aliás, pede Jesus aos seus compatriotas de Nazaré: acreditar na Palavra? Na sua homilia, Jesus afirma que se realiza hoje a palavra de ontem do profeta Isaías. Ele anuncia a Boa Nova aos pobres e realiza a salvação. Então compreendemos porque é que os habitantes de Nazaré tinham os olhos fixos n’Ele, viam que Ele falava como homem que tem autoridade. Não somente as suas palavras eram “boa nova”, mas Ele próprio era a Boa Nova há tanto esperada. Desde Lucas, desde Teófilo, quantos mensageiros da Boa Nova ninguém conseguiu calar porque, se a mensagem de Cristo é precisamente uma boa nova, é feita para ser anunciada!

No tempo de Jesus, há umas centenas de anos que os judeus liam o livro do profeta Isaías, do qual Jesus cita uma passagem: “O Espírito do Senhor está sobre mim… Enviou-me a levar a Boa Nova aos pobres…” Mas em cada ano era sempre a mesma coisa: nada mudava! E eis que Jesus anuncia repentinamente que essa palavra se cumpre hoje, n’Ele. Como poderia ser? Não era Ele o filho do carpinteiro? Com Jesus, a Boa Nova anunciada por João Batista já não é simplesmente uma promessa. É uma força e uma luz que mudam a vida agora. Mas, para nós que lemos esta Palavra há tanto tempo, parece que é sempre a mesma coisa: nada muda! A religião não se tornou o “ópio do povo” para adormecer os pobres? Seria o caso se Jesus não tivesse ressuscitado, sempre vivo, literalmente nosso contemporâneo. Fala-nos sempre no presente para nos dizer que, hoje, o Espírito do Senhor nos é dado para que a nossa maneira de agir mude concretamente, para que ela tome uma cor mais evangélica. É por nós que Jesus age para cumprir a promessa divina. Dá-nos o seu Espírito para que o nosso coração se liberte dos seus egoísmos, para que os outros não se sintam mal no nosso coração, para que levemos aos pobres o apoio da nossa ajuda e da nossa partilha, aos cegos a luz da nossa amizade, para que hoje seja um dia de felicidade para aqueles e aquelas que encontrarmos. É a nossa missão de cristãos: que a Boa Nova tome corpo na nossa vida, para que a Palavra de Deus seja viva hoje!

sábado, janeiro 26, 2019

A MESA DA PALAVRA E A MESA DA EUCARISTIA TEM O MESMO VALOR?



Liturgicamente, a celebração eucarística desenvolve-se em uma mesa dupla: A MESA DA PALAVRA e a MESA DA EUCARISTIA. Ambas estão correlacionadas, pois a Igreja nasce da Eucaristia e nasce também da PALAVRA DE DEUS. Essas ações estão interligadas e correspondem-se na mesma celebração. Cada uma delas tem sua importância e elas se complementam.

Por meio da Palavra de Deus, transmitida inicialmente de forma oral, e depois de forma escrita, conhecemos os atos de Jesus Cristo, sobretudo a instituição da Eucaristia, que está intimamente ligada ao sacrifício de Cristo. Sabemos desses acontecimentos por intermédio da palavra de Deus, anunciada pelos evangelistas e apóstolos, desde a origem da Igreja, e propagada por ela até nossos dias.

Sendo assim, não temos como dissociar a mesa da Palavra da mesa da Eucaristia, pois a Igreja VIVE E ALIMENTA-SE DESSAS MESAS. Por isso, é de suma importância que a SANTA MISSA SEJA CELEBRADA COM DIGNIDADE, QUE A PALAVRA DE DEUS SEJA PROCLAMADA COM CLAREZA, QUE A HOMÍLIA SEJA BEM PREPARADA E INCUTA NOS FIÉIS O DESEJO DE ALIMENTAR-SE DESSA PALAVRA NO DIA A DIA, E QUE A PALAVRA ACOLHIDA PRODUZA MUITOS FRUTOS EM NOSSA VIDA.

O anúncio da Palavra destina-se também ao fortalecimento de nossa fé quanto ao Mistério Eucarístico. É o próprio Jesus que, no Pão e no Vinho, faz-se Carne e Sangue, verdadeira comida e verdadeira bebida, para nos alimentar e fortificar a nossa fé. A mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia estão intimamente relacionadas: uma indica a necessidade da outra. Ao acolher com fé e gratidão a Palavra de Deus e o Pão da Vida, ficamos fortalecidos para dar razão de nossa esperança.

Concluímos com um trecho da exortação apostólica Verbum Domini, de 30 de setembro de 2010:

A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura, e esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério Eucarístico. Com efeito, sem o reconhecimento da presença real do Senhor na Eucaristia, permanece incompleta a compreensão da Escritura. Por isso, à Palavra de Deus e ao Mistério Eucarístico, a Igreja tributou e quis e estabeleceu que, sempre é em todo lugar, se tributasse a mesma veneração, EMBORA NÃO O MESMO CULTO. Movida pelo exemplo do seu fundador, nunca cessou de celebrar o Mistério Pascal, reunindo-se num mesmo lugar para ler, “em todas as Escrituras, aquilo que lhe dizia respeito” (Lc 24,27) e atualizar, com o memorial do Senhor e os sacramentos, a obra da salvação (cf. Verbum Domini 55).

FONTE: https://pascomsaobenedito.com/2017/04/10/a-mesa-da-palavra-e-a-mesa-da-eucaristia-tem-o-mesmo-valor/

quinta-feira, janeiro 24, 2019

24 DE JANEIRO, SÃO FRANCISCO DE SALES



Conta-se que, depois de sua morte, descobriu-se que sua mesa de trabalho estava toda arranhada por baixo, porque, com seu temperamento forte, preferia arranhar a mesa a responder sem amor e sem mansidão para as pessoas.
Essa mesa era de um santo, de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, fundador da Ordem da Visitação, titular e patrono da família salesiana, fundada por Dom Bosco, que se inspirou nele ao adotar o nome [salesiano]. Também é patrono dos escritores e dos jornalistas devido ao estilo e ao conteúdo de seus escritos.
Homem de bondade e amabilidade, que sabia manifestar a misericórdia e a paciência de Deus a quantos encontrava, propôs uma espiritualidade exigente, mas tranquila, fundamentada sobre o amor, porque amar a Deus “é a suma felicidade da alma nesta vida e na eternidade”.
Preparamos 10 conselhos espirituais de São Francisco de Sales, pautados no livro de sua autoria “Filoteia”, onde o santo em vários assuntos, com sua sabedoria, introduz o fiel a uma vida devota:
– Confissão: Conserva sempre uma verdadeira dor dos pecados confessados, por menores que sejam, e uma firme resolução de corrigir-te.
– Paciência: Não limites a tua paciência a alguns sofrimentos, mas estende-a universalmente a tudo o que Deus mandar ou permitir que venha sobre ti.
– Mansidão: É melhor, diz Santo Agostinho… fechar inteiramente a entrada do coração à cólera, por mais justa que seja, porque ela lança raízes tão profundas que é muito difícil de arrancá-las.
Obediência: Para aprender a obedecer com facilidade aos superiores, acostuma a te acomodares de bom grado com a vontade dos teus iguais, conformando-te aos seus sentimentos sem espírito de contestação, se não houver aí alguma coisa de mal.
– Castidade: Ocupa-te muitas vezes com a leitura da Sagrada Escritura; porque a palavra de Deus é casta e torna castos os que a amam… se teu coração descansar em Nosso Senhor, que é realmente o Cordeiro imaculado, bem depressa purificarás tua alma, teu coração e teus sentidos, inteiramente, de todos os prazeres sensuais.
– Avareza: Se amas os bens que possuis, se eles ocupam teu pensamento com ansiedade, se teu espírito anda sempre aí de envolta, se teu coração se apega a eles, se sentes um medo muito vivo e inquieto de perdê-los, crê-me que ainda estás com febre e o fogo da avareza ainda não está extinto em ti.
– Pobreza: Reserva frequentemente uma parte de teus bens para empregá-la em favor dos pobres. Dar um tanto do que se possui é empobrecer um outro tanto, e quanto mais se dá tanto mais se empobrece.
– Amizade: Também quanto às amizades é preciso muito cuidado, para não nos enganarmos, principalmente tratando-se de uma pessoa de sexo diverso, por melhores que sejam os princípios que nos unam a ela; pois o demônio tapa os olhos aos que se amam. Começa-se por um amor virtuoso; mas se não se tornarem precauções prudentes, o amor frívolo se vai misturando e depois vem o amor sensual e por fim o amor carnal.
– Matrimônio – Se quereis maridos, que as vossas mulheres vos sejam fiéis, ensinai-lhes a lição com o vosso exemplo: Com que cara, diz São Gregório Nazianzeno, quereis exigir honestidade de vossas mulheres, se vós próprios viveis na desonestidade? Como lhes pedis o que não lhes dais?
– Amor de Deus: Não duvidemos; o bom Jesus, que nos regenerou na cruz, nos leva em seu Coração…Considera o amor eterno que Deus tem tido por nós. 
Esse grande santo da Igreja morreu com 56 anos, sendo que 21 deles foram vividos no episcopado como servo para todos e sinal de santidade.
São Francisco de Sales, rogai por nós!
Angela Barroso

terça-feira, janeiro 22, 2019

25 DE JANEIRO, CONVERSÃO DE PAULO DE TARSO (SÃO PAULO, APÓSTOLO)



A São Paulo tocou um papel de importância enorme na história do Cristianismo nascente.
Judeu da Diáspora ou de Tarso (Cilícia), recebeu a cultura helênica vigente na sua pátria; aos 15 anos de idade foi enviado para Jerusalém, onde foi iniciado por Gamaliel nas Sagradas Escrituras e nas tradições rabínicas. Era autêntico fariseu, quando Cristo o chamou a trabalhar em prol de Evangelho por volta de ano 33 (cf. At 9, 19).
Realizou três grandes viagens missionárias em terras pagãs, fundando várias comunidades cristãs na Ásia Menor e na Grécia. São Paulo não impunha aos pagãos nem a circuncisão nem as obrigações da Lei de Moisés, mas concedia-lhes logo o Batismo depois de evangelizados. Ora isto causou sérias apreensões a uma facção de judeo-cristãos chamados “judaizantes”; queriam que os gentios abraçassem a Lei de Moisés e o Evangelho, como se este não bastasse. Levantaram, pois, certa celeuma contra Paulo.
A fim de resolver a questão, os Apóstolos que estavam em Jerusalém, se reuniram com Paulo e alguns discípulos no ano de 49, como refere S. Lucas em At 15: a assembleia houve por bem não impor aos gentios a Lei de Moisés, mas pediu que em Antioquia, na Síria e na Cilícia os étnico-cristãos1 observassem quatro cláusulas destinadas a garantir a paz das respectivas comunidades (que contavam numerosos judeo-cristãos): abster-se de carnes imoladas aos ídolos (idolotitos), de sangue, de carnes sufocadas (cujo sangue não tivesse sido eliminado) e de uniões ilegítimas. Essas cláusulas tinham caráter provisório, e visavam a não ferir a consciência dos judeo-cristãos2, que tinham horror aos ídolos, ao consumo de sangue e à fornicação.
Estava assim teoricamente resolvida a problemática levantada pelos judaizantes; na prática, porém, estes não se tranquilizaram e procuraram destruir a obra apostólica de S. Paulo, caluniando-o como impostor e oportunista; Paulo, diziam, queria facilitar o acesso dos pagãos ao Cristianismo para ganhar a simpatia dos mesmos, já que não tinha a autoridade dos outros Apóstolos; não acompanhara o Senhor Jesus, mas era discípulo dos Apóstolos; alegavam também que, se Paulo queria viver do trabalho de suas mãos e não da obra de evangelização (cf. 1Cor 9,15-18; 1Ts 2,9), ele o fazia por saber que não era Apóstolo como os demais e não tinha o direito de ser sustentado pelas comunidades dos fiéis. São Paulo sofreu horrivelmente por causa dessas falsas acusações (cf. 2Cor 11,21-32), mas não se abateu, pregando intrepidamente a liberdade dos cristãos frente à Lei de Moisés. E por que tanto insistiu nisto?
Eis a resposta paulina: Deus chamou Abraão gratuitamente ou sem méritos de Abraão, e prometeu-lhe a bênção do Messias; Abraão acreditou nesta Palavra do Senhor, e tornou-se justo ou amigo de Deus por causa da sua fé; é certo, porém, que esta fé não foi inerte, mas traduziu-se em obediência incondicional a todas as ordens do Senhor.
Ora o modelo de Abraão é válido para todos os homens, anteriores e posteriores a Cristo; ninguém é justificado ou feito amigo de Deus porque o mereça, mas porque Deus tem a iniciativa de perdoar os pecados de sua criatura; esta acredita no perdão de Deus e exprime sua fé em obras boas. – Sobre este pano de fundo a Lei de Moisés foi dada ao povo de Israel a título provisório e pedagógico: ela propunha preceitos santos, que o israelita não conseguia cumprir, vítima da desordem de pecado existente dentro de todo homem; assim a Lei tinha o papel de mostrar à criatura que ela por si só é incapaz de praticar o bem e de fazer obras meritórias; ela precisa da graça de Deus,… graça que o Messias devia trazer; desta maneira (dura e paradoxal) a Lei preparava Israel para receber o Salvador: aguçava a consciência do pecado, tirava qualquer ilusão de auto-suficiência e provocava o desejo do dom gratuito de Deus prometido a Abraão.
A intuição desta verdade ou do grande desígnio de Deus na história da salvação se deve ao gênio de São Paulo, que assim evitou que o Cristianismo se tornasse uma seita judaica, filiada à Lei de Moisés, e preservou a autenticidade cristã: a Lei de Moisés era um elemento meramente provisório e preparatório para Cristo.
Quanto ao fato de não querer viver do seu trabalho de evangelização, e de trabalhar com as mãos para ganhar seu pão, São Paulo o justificava, dizendo que evangelizar para ele não era meritório (como era meritório para os demais Apóstolos); Cristo o tinha de tal modo cativado que ele não podia deixar de pregar a Boa-Nova (“ai de mim, se eu não evangelizar!”, 1Cor 9,16); por isto devia fazer algo mais para oferecer ao Senhor Deus. – Ademais São Paulo fazia questão de dizer que não era discípulo dos Apóstolos, mas fora instruído e instituído diretamente por Deus (cf. Gl 1,1).

segunda-feira, janeiro 21, 2019

OS MÁRTIRES DO IMPÉRIO ROMANO


Tertuliano escreveu ao imperador Antonino Pio: “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Assim eles venceram o grande Império; “a espada curvou-se diante da Cruz de Cristo”

Muitos cristãos sofreram a pena da cruz nos jardins de Nero, como refere Tácito (Anais XV, 44). Na cruz morreu também São Simeão, bispo de Jerusalém, nos tempos de Trajano. Cem anos mais tarde um pagão escrevia ao cristão Minúcio Félix em tom de triunfo: “Este não é o tempo de adorar a cruz, mas de padecê-la” (Jam non sunt adorandae cruces sed subeundae, Octavius 12).
São Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria falam de cristãos crucificados, citando os nomes: Cláudio, Astério e Neón, Calíope, Teodulo, Agrícola, Timóteo e Maura. Eusébio refere-se a muitos mártires que morreram crucificados no Egito: “Foram crucificados como o são os malfeito­res; alguns, com particular crueldade, foram pregados a cruz de cabeça para baixo. Assim permaneceram vivos até morrer de fome em seu patí­bulo” (História Eclesiástica VIII, 8).
Na Ata do martírio dos santos Timóteo e Maura, lê-se que dois cônjuges cristãos permaneceram crucifica­dos frente a frente e assim ainda viveram nove dias, padecendo, além do mais, o tormento de uma sede ardentíssima.
Outro modo de executar os mártires, a partir do final do século III, era o afogamento. Eusébio narra que em 303, quando foi publicado o primeiro edito de Diocleciano, inumeráveis cristãos foram amarrados, levados em bar­cos até alto mar e atirados dentro da água. Em 304 na cidade de Roma dois mártires foram lançados no rio Tibre. Em Cesaréia foi afo­gada uma jovem de dezoito anos. Na Panônia o bispo Quirino foi lançado no rio Save com uma pedra de moinho no pescoço.
São quase incontáveis os tipos de suplício a que foram submetidos os cristãos pelo ódio dos pagãos. Em Alexandria o povo enfurecido apedrejou as santas mártires Meta e Quinta e atirou do alto de uma casa o mártir Serapião. Em Roma foram encerrados numa cripta das catacumbas cristãos que assistiam a MIssa. Em Antioquia cortaram a língua do diácono Romano; e depois o estrangularam. Dorotéia, Gorgônio e outros fiéis foram estrangulados em Nicomédia.
O historiador Eusébio narra que na Arábia mataram vários fiéis a golpes de machado – suplício este proibido pela lei. Na Capadócia, hoje Turquia, mataram cristãos quebrando-lhes as pernas; em Alexandria cortaram-lhes nariz, orelhas e mãos. No Ponto enfiaram-lhes espinhos debaixo das unhas e derramaram sobre as vítimas chumbo derretido. São Cipriano escrevia a um magistrado africano:
“Tua ferocidade e tua desumanidade não se contentam com os tormentos habituais; tua maldade é engenhosa e inventa novas penas” (Ad Demetrianum 12).
Eusébio atesta a mesma coisa, referindo-se aos magistrados que inventavam tormentos desconhecidos e pareciam rivalizar entre si pela crueldade. Em certo sentido a lei lhes permitia inventar penas atrozes, pois, segundo um jurista do séc. III, a pena capital “consiste em ser atirado às feras, ser decapitado ou padecer outras penas semelhantes”. Isto significa que qualquer atrocidade inspirada pelo ódio podia ser aplicada aos cristãos (ver Marciano, Digesto XLVIII, XIX, 11 § 3).
É impressionante a coragem e a fé de mulheres e crianças que suportaram heroicamente o martírio, quando podiam livrar-se deles com apenas uma pala­vra de renúncia a sua fé. Deus os assistiu com sua graça. A mártir santa Felicidade, jovem escrava de Cartago, por volta do ano 200, estava no cárcere esperando a ,morte; na véspera de dar à luz, começou a gemer nas dores do parto; então zombavam dela os carrascos, pondo em dúvida que ela fosse capaz de sofrer os ataques das feras. Ao que ela respondeu: ‘Agora sou eu que sofro. Em breve porém haverá em mim um Ou­tro, que padecerá por mim, porque eu estarei padecendo por Ele” (Passio SS. Perpetuae et Felicitatis 15).
Tertuliano escreveu ao imperador Antonino Pio: “O sangue dos mártiresé semente de novos cristãos”. Assim eles venceram o grande Império; “a espada curvou-se diante da Cruz de Cristo”. O mundo ocidental se tornou cristão.
Este artigo foi todo baseado no de D. Estevão Bettencurt (Revista PR, Nº 475 – Ano 2001 – Pág. 553), “Os mártires do império romano”.

Prof. Felipe Aquino

SOLENIDADE DE SÃO SEBASTIÃO



O projeto de Jesus, vivido com radicalidade e coerência, não é um projeto “simpático”, aclamado e aplaudido por aqueles que mandam no mundo ou que “fazem” a opinião pública; mas é um projeto radical, questionante, provocante, que exige a vitória sobre o egoísmo, o comodismo, a instalação, a opressão, a injustiça… É um projeto capaz de abalar os fundamentos dessa ordem injusta e alienante sobre a qual o mundo se constrói. Há um certo “mundo” que se sente ameaçado nos seus fundamentos e que procura, todos os dias, encontrar formas para subverter e domesticar o projeto de Jesus. A nossa época inventou formas (menos sangrentas, mas certamente mais refinadas do que as de Diocleciano) de reduzir ao silêncio os discípulos: ridiculariza-os, desautoriza-os, calunia-os, corrompe-os, massacra-os com publicidade enganosa de valores efêmeros… Como a comunidade de Mateus, também nós andamos assustados, confusos, desorientados, interrogando-nos se vale a pena continuar a remar contra a maré… A todos nós, Jesus diz: “não temais”. 

• O medo – de parecer antiquado, de ficar desenquadrado em relação aos outros, de ser ridicularizado, de ser morto – não pode impedir-nos de dar testemunho. A Palavra libertadora de Jesus não pode ser calada, escondida, escamoteada; mas tem de ser vivamente afirmada com palavras, com gestos, com atitudes provocatórias e questionantes. Viver uma fé “morna” (instalada, cômoda, que não faz ondas, que não muda nada, que aceita passivamente valores, esquemas, dinâmicas e estruturas desumanizantes), não chega para nos integrar plenamente na comunidade de Jesus.

• De resto, o valor supremo da nossa vida não está no reconhecimento público, mas está nessa vida definitiva que nos espera no final de um caminho gasto na entrega ao Pai e no serviço aos homens; e Jesus demonstrou-nos que só esse caminho produz essa vida de felicidade sem fim que os donos do mundo não conseguem roubar.

• A Palavra de Deus que nos foi hoje proposta convida-nos também a fazer a descoberta desse Deus que tem um coração cheio de ternura, de bondade, de solicitude. Se nos entregarmos confiadamente nas mãos desse Deus, que é um pai que nos dá confiança e proteção e é uma mãe que nos dá amor e que nos pega ao colo quando temos dificuldade em caminhar, não teremos qualquer receio de enfrentar os homens.









sexta-feira, janeiro 18, 2019

VOCÊ SABE O QUE É PATRÍSTICA?



Chamamos de “Padres da Igreja” (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no Oriente e no Ocidente como que “Pais” da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Padre ou Pai da Igreja, se refere a um escritor leigo, sacerdote ou bispo, da Igreja antiga, considerado pela Tradição como uma testemunha da fé.
Normalmente se considera o período da Patrística o que vai dos Apóstolos até Santo Isidoro de Sevilha (560-536) no Ocidente; e até a morte de São João Damasceno (675-749), no Oriente, o gigante que corajosamente combateu o iconoclasmo. Esses gigantes da fé católica ao longo desses sete séculos defenderam e formularam a fé, a liturgia, a catequese, a moral, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos; por isso são chamados de “Pais da Igreja” porque lhes traçaram o caminho.
Quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil a primeira vez em 1981 se referiu a eles dizendo que “são eles os melhores intérpretes da Sagrada Escritura”. Então, precisamos conhecer os seus ensinamentos para podermos compreender melhor a Bíblia. Chamamos de Patrologia o estudo sobre a vida, as obras e a doutrina desses Pais da Igreja. No século XVII criou-se expressão a “Teologia Patrística” para indicar a doutrina dos Padres.
Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac: “Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres”.
Esses gigantes da fé e da Igreja, souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos. Eles foram obrigados a enfrentar as piores heresias que a Igreja conheceu deste o seu início. Nesta luta eles amadureceram os conceitos teológicos uma vez que tiveram de enfrentar muitos hereges, de dentro da própria Igreja, especialmente nos Concílios Ecumênicos. Neste combate árduo em defesa da fé, onde muitos foram perseguidos, exilados e até martirizados, eles formularam a fé que hoje professamos sem erro.
Desde o primeiro século já encontramos o gigante de Antioquia, Santo Inácio (†107), provavelmente sagrado Bispo pelo próprio São Pedro. S. Inácio nos deixou as suas belas Cartas escritas às comunidades por onde passou no caminho que o levou ao martírio em Roma, no Coliseu, desde Antioquia. A caminho do martírio ele escreveu belas cartas aos romanos, magnésios, tralianos, efésios, erminenses e a São Policarpo, bispo e mártir de Esmirna. No segundo século encontramos o grande Santo Irineu de Lião (†200) enfrentando os gnósticos que sorrateiramente penetraram na Igreja e ameaçavam destruir a fé cristã. Contra eles Santo Irineu escreveu uma longa obra Contra os Hereges. Tão difícil foi esse combate que o Santo o comparou a alguém que precisa cortar todas as árvores de uma floresta para finalmente poder captar a fera que nela se esconde.
Os Padres da Igreja tiveram uma participação fundamental nos primeiros Concílios Ecumênicos, como o de Niceia, no ano 325, que condenou o arianismo que negava a divindade de Jesus; o Concílio de Constantinopla I, em 381, que condenou o macedonismo que negava a divindade do Espírito Santo; e os outros concílios que enfrentaram e condenaram as heresias cristológicas e trinitárias.
Os Padres da Igreja estiveram um tanto esquecidos, mas a partir dos anos 40 surgiu na Europa, de modo especial na França, um forte movimento voltado à Patrística. Esse movimento foi liderado pelo Cardeal Henri de Lubac e Jean Daniélou, o qual deu origem à coleção “Sources Chréstiennes”, com mais de 300 títulos.No Concílio Vaticano II cresceu ainda mais esse movimento de redescoberta da Patrística por causa do desejo da renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e da teologia a partir dos primórdios da Igreja. Foi a sede de “voltar às fontes” do cristianismo.
Desses Padres, alguns foram Papas, nem todos; a maioria foi bispo, mas há diáconos, presbíteros e até leigos. Entre eles muitos foram titulados de Doutor da Igreja, sempre por algum Papa, por terem ensinado de maneira extraordinária os dogmas e as verdades da nossa fé.
Segue a relação dos mais importantes Padres da Igreja:
São Clemente de Roma (+102), Papa (88-97); Santo Inácio de Antioquia (+110); Aristides de Atenas (+130); São Policarpo de Esmira (+156); Pastor de Hermas (+160); Aristides de Atenas (+160); Santo Hipólito de Roma (160-235); São Justino (+165); Militão de Sardes (+177); Atenágoras (+180); São Teófilo de Antioquia (+181); Orígenes de Alexandria (184-254); Santo Ireneu (+202); Tertuliano de Cartago (+220); São Clemente de Alexandria (+215); Metódio de Olimpo (séc. III); São Cipriano de Cartago (210-258); Novaciano (+257); Santo Atanásio (295 -373), Alexandria; Santo Efrém (306 – 373), diácono, Mesopotânia; São Hilário de Poitiers (310 – 367), bispo; São Cirilo de Jerusalém (315 – 386) bispo; São Basílio Magno (330 – 369) – bispo, Cesareia; São Gregório Nazianzeno (330 – 379), bispo; Santo Ambrósio (340 – 397), bispo, Treves – Itália; Eusébio de Cesareia (+340); São Gregório de Nissa (+340); Prudêncio (384-405); São Jerônimo (348-420), presbítero Strido, Itália; São João Cassiano (360-407); São João Crisóstomo – (349-407), bispo; Santo Agostinho (354-430), bispo; Santo Efrém (+373); Santo Epifânio (+403); São Cirilo de Alexandria (370-442), bispo; São Pedro Crisólogo (380 – 451), bispo, Itália; São Leão Magno (400-461), papa Toscana, Itália; São Paulino de Nola (+431); Sedúlio (séc. V); São Vicente de Lerins (+450); São Pedro Crisólogo (+450); São Bento de Núrcia (480-547); SãoVenâncio Fortunato (530-600); Santo Ildefonso de Toledo (617-667); São Máximo Confessor (580-662); São Gregório Magno (540-604), Papa; Santo Ildefonso de Sevilha (+636); São João Damasceno (675-749), bispo, Damasco.
Prof. Felipe Aquino

FONTE: CLEÓFAS

quarta-feira, janeiro 16, 2019

SANTOS PADROEIROS, POR DOM FERNANDO ARÊAS RIFAN





Dom Fernando Arêas Rifan*


Neste mês de janeiro, celebramos vários santos padroeiros, que, ao mesmo tempo que nossos intercessores junto de Deus, são exemplo de vida cristã e heroicidade nas virtudes.

Ontem, dia 15, celebramos Santo Amaro, cuja devoção é muito cultivada aqui em nossa região, explicada pela presença dos monges beneditinos que foram os valorosos missionários da zona rural de Campos dos Goytacazes, em cujo município se situa o célebre Mosteiro de São Bento, em Mussurepe. 

Santo Amaro, ou São Mauro, foi monge e abade beneditino, ou seja, da Ordem de São Bento. Nascido em Roma, de família senatorial, Amaro, quando tinha apenas doze anos, foi entregue no mosteiro por seu pai, Egrico, homem ilustre pela virtude e pela nobreza do nascimento, confiando-o aos cuidados de São Bento, em 522. 

Correspondeu tão bem à afeição e à solicitude do mestre, que foi em breve proposto como modelo aos outros religiosos. São Gregório exaltou-o por se ter distinguido no amor da oração e do silêncio. Sempre se lhe notou profunda humildade e admirável simplicidade de coração. Mas nele sobressaía a virtude da obediência, sendo por isso recompensado por Deus, com um milagre, quando, para obedecer, foi salvar um irmão que estava se afogando e caminhou sobre as águas. 

Possa o exemplo de Santo Amaro levar os filhos a serem mais obedientes aos seus pais, os alunos aos seus mestres, os cidadãos às leis e superiores civis, os católicos aos seus superiores hierárquicos. “Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5, 21). 

Dia 20, domingo próximo, festejaremos São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e do nosso Estado do Rio de Janeiro. 

Foi soldado do exército imperial, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.

Mesmo sendo bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, sendo interrogado, confessou bravamente sua convicção. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Diante do ocorrido, recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro. 

E dia 25, celebraremos a conversão de São Paulo, que, de perseguidor ferrenho dos cristãos, tornou-se o grande Apóstolo, que trabalhou na conversão dos pagãos, tornando-se, como São Pedro, uma das colunas da Igreja. É o padroeiro da cidade e do Estado de São Paulo. 


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/

terça-feira, janeiro 15, 2019

BENÇÃO DA LOJA DO HORTIFRUTI SÃO CONRADO


 Hoje 15 de janeiro de 2019, a nova loja do Hortifruti foi abençoada com participação do gerente Tiago e toda sua equipe. A benção de um local de trabalho traz para o funcionário a paz, e a certeza de que o nosso trabalho é mesmo um dom dado por Deus e que colocamos a serviço de todos. Cada qual com sua aptidão, seu jeito de ser e sua vocação.

Agradeço imensamente a nova loja Hortifruti São Conrado que foi inaugurada em 20 de dezembro de 2018. Agradeço ainda mais pelo zelo para com os pobres, pois a partir de fevereiro a loja dará apoio de alimentos, produtos perecíveis, a creche Jacó Inácio (160 crianças) e a escola Tia Maura (200 crianças) ambas em Vila Canoas, no total de 360 crianças que receberão alimentos em bom estado podendo fazer a completação alimentar.

Deus abençoe

Pe. Marcos Belizário Ferreira

























segunda-feira, janeiro 14, 2019

FESTA DO BATISMO DE JESUS




Na cena do “batismo” de Jesus, o testemunho de Deus acerca de dele é acompanhado por três fatos estranhos que, no entanto, devem ser entendidos em referência a fatos e símbolos do Antigo Testamento…

1) Assim, a abertura do céu significa a união da terra e do céu. A imagem inspira-se, provavelmente, em Is 63,19, onde o profeta pede a Deus que “abra os céus” e desça ao encontro do seu Povo, refazendo essa relação que o pecado do Povo interrompeu. Desta forma, Lucas anuncia que a atividade de Jesus vai reconciliar o céu e a terra, vai refazer a comunhão entre Deus e os homens.

2) O símbolo da pomba , não se trata de uma alusão à pomba que Noé libertou e que retornou à arca (cf. Gn 8,8-12); é mais provável que a pomba (em certas tradições judaicas, símbolo do Espírito de Deus que, no início, pairava sobre as águas – cf. Gn 1,2) evoque a nova criação que terá lugar a partir da atividade que Jesus vai iniciar. A missão de Jesus é, portanto, fazer aparecer um Homem Novo, animado pelo Espírito de Deus.

3) A voz do céu. Trata-se de uma forma muito usada pelos rabis para expressar a opinião de Deus acerca de uma pessoa ou de um acontecimento. Essa voz declara que Jesus é o Filho de Deus; e fá-lo com uma fórmula tomada desse cântico do “Servo de Jahwéh” que vimos na primeira leitura de hoje (cf. Is 42,1)… A referência ao Servo de Jahwéh sugere que a missão de Jesus, o Filho de Deus, não se desenrolará no triunfalismo, mas na obediência total ao Pai; não se cumprirá com poder e prepotência, mas na suavidade, na simplicidade, no respeito pelos homens (“não gritará, nem levantará a voz; não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega” – Is 42,2-3)

Porque é que Jesus quis ser batizado por João? Jesus necessitava de um batismo cujo significado primordial estava ligado à penitência, ao perdão dos pecados e à mudança de vida? Ao receber este batismo de penitência e de perdão dos pecados (do qual não precisava, porque Ele não conheceu o pecado), Jesus solidarizou-Se com o homem limitado e pecador, assumiu a sua condição, colocou-Se ao lado dos homens para os ajudar a sair dessa situação e para percorrer com eles o caminho da libertação, o caminho da vida plena. Esse era o projeto do Pai, que Jesus cumpriu integralmente.
A cena do Batismo de Jesus revela, portanto, essencialmente, que Jesus é o Filho de Deus, que o Pai envia ao mundo a fim de cumprir um projeto de libertação em favor dos homens. Como verdadeiro Filho, Ele obedece ao Pai e cumpre o plano salvador do Pai; por isso, vem ao encontro dos homens, solidariza-Se com eles, assume as suas fragilidades, caminha com eles, refaz a comunhão entre Deus e os homens que o pecado havia interrompido e conduz os homens ao encontro da vida em plenitude. Da atividade de Jesus, o Filho de Deus que cumpre a vontade do Pai, resultará uma nova criação, uma nova humanidade.