segunda-feira, junho 13, 2022

SANTÍSSIMA TRINDADE








Falar do "Espírito Santo" é falar do que podemos experimentar de Deus em nós. O "Espírito" de Deus atuando em nossa vida: a força, a luz, o alento, a paz, o consolo, o fogo que podemos experimentar em nós e cuja origem última está em Deus, fonte de toda vida.

Esta ação de Deus em nós se produz quase sempre de forma discreta, silenciosa e calada; o próprio crente só intui uma presença quase imperceptível. Às vezes, porém, nos invade a certeza, a alegria transbordante e a confiança total: Deus existe, nos ama, tudo é possível, inclusive a vida eterna.

O sinal mais claro da ação do Espírito é a vida. Deus está onde a vida é despertada e cresce, onde se comunica e expande a vida. O Espírito Santo é sempre "doador de vida": dilata o coração, ressuscita o que está morto em nós, desperta o que dorme, põe em movimento o que ficou bloqueado. De Deus estamos sempre recebendo "nova energia para a vida" Jürgen Moltmann).

Esta ação recriadora de Deus não se reduz somente a "experiências íntimas da alma". Penetra em todos os estratos da pessoa. Desperta nossos sentidos, vivifica o corpo e reaviva nossa capacidade de amar. Para dizê-lo em poucas palavras, o Espírito conduz a pessoa a viver tudo de forma diferente: a partir de uma verdade mais profunda, a partir de uma confiança maior, a partir de um amor mais desinteressado. Para muitos, a experiência fundamental é o amor de Deus e o dizem com uma frase bem simples: "Deus me ama". Essa experiência lhes devolve sua dignidade indestrutível, dá-lhes força para levantar-se da humilhação ou do desalento, ajuda-os a encontrar-se com o melhor de si mesmos.

Outros não pronunciam a palavra "Deus", mas experimentam uma "confiança fundamental" que os faz amar a vida apesar de tudo, enfrentar os problemas com ânimo, buscar sempre o que é bom para todos. Ninguém vive privado do Espírito de Deus. Em todos Ele está atraindo nosso ser para a vida. Acolhemos o "Espírito Santo" quando acolhemos a vida. Esta é uma das mensagens mais básicas da festa cristã de Pentecostes.










sexta-feira, junho 10, 2022

SÃO JOSÉ DE ANCHIETA - Visita de Dom Tiago Stanislaw






Anchieta não só trabalhou como catequista, mas também tornou-se dramaturgo, poeta, gramático, linguista e historiador. Vale ressaltar que foi o autor da primeira gramática brasileira.

Em janeiro de 1554, participou da missa de inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga, hoje Pateo do Collegio, local que deu origem à cidade de São Paulo.

Entre as características marcantes da atuação de Anchieta estão a disseminação dos preceitos cristãos utilizando particularidades locais e, assim como os demais jesuítas, a oposição ferrenha aos abusos cometidos pelos colonizadores portugueses contra os indígenas.

Em 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. Anchieta e Pe. Manuel da Nóbrega, chefe da primeira missão jesuíta no Brasil, viajaram à aldeia de Iperoig (atual cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo) visando conter a revolta. Anchieta ofereceu-se como refém, enquanto Manuel da Nóbrega partiu para negociar a paz. Durante o cativeiro, o jesuíta sofreu a tentação da quebra da castidade, uma vez que era costume entre os índios oferecer mulheres aos prisioneiros antes de sua morte. Anchieta fez, então, uma promessa a Nossa Senhora: dedicaria o mais belo poema em sua homenagem se conseguisse sair casto do cativeiro, que durou cinco meses. Com versos escritos na areia, ele deu vida ao Poema à Virgem.

Em 1566, Anchieta foi ordenado sacerdote. Três anos depois, fundou o povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. E, em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu até 1585. Em 1595, Anchieta retirou-se para Reritiba, onde permaneceu até seu falecimento, aos 63 anos de idade, em 9 de junho de 1597.

A assinatura do decreto de canonização do Apóstolo do Brasil ocorreu 417 anos depois de sua morte, no dia 24 de abril de 2014, pelo papa Francisco, em Roma. No relatório final dos postuladores sobre a vida do jesuíta, um documento de 488 páginas, há o registro de 5.350 histórias de pessoas que alcançaram graças rezando a José de Anchieta.

 

 

ORAÇÃO A SÃO JOSÉ DE ANCHIETA

 

São José de Anchieta,

Apóstolo do Brasil,

Poeta da Virgem Maria,

Intercede por nós, hoje e sempre.

Dá-nos a disponibilidade de servir a Jesus

Como tu o serviste

Nos mais pobres e necessitados.

 

Protege-nos de todos os males

Do corpo e da alma.

E, se for vontade de Deus,

Alcança-nos a graça que agora te pedimos (pede-se a graça)

São José de Anchieta, Rogai por nós!

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.
















segunda-feira, junho 06, 2022

SOLENIDADE DE PENTECOSTES





João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (vers. 19 a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.

Entretanto, Jesus aparece “no meio deles” (v. João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.

Jesus começa por saudá-los, desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está “no meio deles”.

Em seguida, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O fato de esses “sinais” permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.

Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus

 

Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (ver. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam, apenas, que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação












sexta-feira, junho 03, 2022

O SOPRO DIVINO





Domingo próximo será a festa do DIVINO, ou seja, a solenidade de Pentecostes, na qual celebraremos a vinda do Divino Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos com Nossa Senhora: a inauguração da Igreja de Cristo, seu Corpo Místico vivo, pela ação do Espírito Santo.

Deus, ao criar Adão, o primeiro homem, após formar o seu corpo do pó do solo, soprou sobre ele um “sopro de vida”, surgindo assim o ser humano completo, corpo e alma (Gn 2, 7). Jesus, durante sua vida pública, formou o corpo da Igreja: convocou os Apóstolos, a quem deu a sua autoridade, escolheu Pedro para o chefe, a “pedra”, e deu-lhes o poder de transmitir a graça e os seus ensinamentos. Estava formada a hierarquia, a Igreja docente, que, junto com os outros discípulos, a Igreja discente, formava o corpo da Igreja. Faltava agora a alma, o sopro da vida. Sopro em latim é “spiritus”. Sopro divino, a alma da Igreja, é o Espírito Santo, que Jesus enviou sobre os Apóstolos, sobre a sua nascente Igreja. Agora a obra está completa.

Assim o Espírito Santo completou a obra de Cristo, santificando os Apóstolos, transformando-os de fracos em fortes, de medrosos em corajosos, de ignorantes em sábios, para assim pregarem o Evangelho de Jesus a todos os povos, enfrentando a sabedoria pagã, as perseguições e até a morte, pela causa de Cristo. E, até hoje, é o Espírito Santo que dá força aos mártires, testemunhas do Evangelho até o derramamento do sangue, o vigor aos missionários e pregadores, a ciência aos doutores, a pureza às virgens, a perseverança aos justos e a conversão aos pecadores. É o Espírito Santo que garante a indefectibilidade e a infalibilidade à Igreja, até ao fim do mundo. Nenhuma sociedade humana sobreviveria a tantas perseguições, tantas heresias e cismas, tantos inimigos externos e internos, tanta gente ruim no seu seio (nós, por exemplo!), leigos, padres, Bispos e Papas fracos e até maus, tantos escândalos da parte dos seus membros, tantas dificuldades, se não fosse a ação do Espírito Santo que a mantém incólume no meio de todas essas tempestades, até a consumação dos séculos.

É essa ação do Espírito Santo que produziu os santos, que fazem a glória da Igreja, e são milhares e milhares. Conhecemos alguns por nome, respeitados por todo o mundo, mesmo pelos não católicos e não cristãos: quem não respeita e admira a santidade de um São Francisco de Assis, a ciência de um Santo Agostinho, um São Jerônimo e um Santo Tomás de Aquino, a firmeza de São Sebastião, a pureza de Santa Inês e Santa Cecília, a candura de Santa Teresinha do Menino Jesus, a caridade de Santa Teresa de Calcutá e de Santa Dulce dos Pobres, etc. É o Espírito Santo, presente na Igreja, que cumpre a promessa de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28, 20).

A Igreja reproduz a condição do seu Divino Fundador, Jesus, Deus e homem. Como Deus, perfeitíssimo como o Pai, como homem, sujeito a fraquezas como nós, exceto no pecado. Também a Igreja, humana e fraca nos seus membros, que somos todos nós, é divina nos seus ensinamentos, graça e perfeição, pela presença do Espírito Santo, continuador da obra de Jesus.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan