sexta-feira, fevereiro 25, 2022

CARNAVAL PRÓXIMO






CARNAVAL PRÓXIMO

25 de fevereiro de 2022

 

Paróquia São Conrado


Semana que vem já é Carnaval. Como todos os anos, aproveitamos a ocasião para uma reflexão de ordem histórica e espiritual.

Segundo uma teoria, a origem da palavra “carnaval” vem do latim “carne vale”, “adeus à carne”, pois no dia seguinte começava o período da Quaresma, tempo em que os cristãos se abstêm de comer carne, por penitência. Daí que, ao se despedirem da carne na terça-feira que antecede a Quarta-Feira de Cinzas, se fazia uma boa refeição, com carne evidentemente, e a ela davam adeus. Tudo isso, só explicável no ambiente cristão, deu origem a uma festa nada cristã. Vê-se como o sagrado e o profano estão bem próximos, e este pode contaminar aquele. Como hoje acontece com as festas religiosas, quando o profano que nasce em torno do sagrado, acaba abafando-o e profanando-o. Isso ocorre até no Natal e nas festas dos padroeiros das cidades e vilas. O acessório ocupa o lugar do principal, que fica prejudicado, esquecido e profanado.

O Carnaval poderia até ser considerado uma festa pitoresca de marchinhas engraçadas, de desfiles ornamentados, um folguedo popular, uma brincadeira de rua, uma festa quase inocente, uma diversão até certo ponto sadia, onde o povo extravasa sua alegria. Mas, infelizmente, tornou-se também uma festa totalmente mundana e profana, cheia de licenciosidade, onde campeia o despudor e as orgias, onde se pensa que tudo é permitido, onde a imoralidade é favorecida até pelas autoridades, com a farta distribuição de preservativos, preocupadas apenas com a saúde física e não com a moral, por isso chamada “a festa da carne”.

A grande festa cristã é a festa da Páscoa, antecedida imediatamente pela Semana Santa, para a qual se prepara com a Quaresma, que tem início na Quarta-Feira de Cinzas, sinal de penitência. Por isso, é a data da Páscoa que regula a data do Carnaval, acontecendo este sempre 47 dias antes da Páscoa, no dia imediato antes da Quarta-Feira de Cinzas.

Devido à devassidão que acontece nesses dias de folia, muitos cristãos preferem se retirar do tumulto e se entregar ao recolhimento e à oração. É o que se chama “retiro de Carnaval”, altamente aconselhável para quem quer se afastar do barulho e se dedicar um pouco a refletir no único necessário, a salvação eterna. É tempo de se pensar em Deus, na própria alma, na missão de cada um, na necessidade de estar bem com Deus e com a própria consciência. “O barulho não faz bem e o bem não faz barulho”, dizia São Francisco de Sales.

Já nos advertia São Paulo: “Não vos conformeis com esse século” (Rm 12,2); “Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, a glória deles está no que é vergonhoso, apreciam só as coisas terrenas” (Fl 3, 18-19); “Os que se servem deste mundo, não se detenham nele, pois a figura deste mundo passa” (cf. 1 Cor 7, 31).

Passemos, pois, este tempo na tranquilidade do lar, em algum lugar mais calmo ou, melhor ainda, participando de algum retiro espiritual. Bom descanso e recolhimento para todos!


Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan



terça-feira, fevereiro 22, 2022

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM







O QUE É PERDOAR?

A mensagem de Jesus é clara e categórica: “Amai vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam". É possível viver esta atitude? O que se nos está pedindo? Podemos amar o inimigo? Talvez precisemos começar por conhecer melhor o que significa "perdoar".

É importante, em primeiro lugar, entender e aceitar os sentimentos de ira, revolta ou agressividade que nascem em nós. É normal. Estamos feridos. Para não causarmos um dano ainda maior precisamos recuperar o quanto possível a paz interior que nos ajude a reagir de maneira sadia.

A primeira decisão daquele que perdoa é não vingar-se. Não é fácil. A vingança é a resposta quase instintiva que nasce dentro de nós quando nos feriram ou humilharam. Procuramos compensar nosso sofrimento fazendo sofrer quem nos causou dano. Para perdoar é importante não gastar energias imaginando nossa revanche.

É decisivo, sobretudo, não alimentar o ressentimento. Não permitir que o ódio se instale em nosso coração. Temos direito a que se nos faça justiça: aquele que perdoa não renuncia a seus direitos. Mas o importante é curar-nos aos poucos do dano que nos causaram.

Perdoar pode exigir tempo. O perdão não consiste num ato da vontade, que rapidamente conserta tudo. Em geral, o perdão é o final de um processo no qual intervêm também a sensibilidade, a compreensão, a lucidez e, no caso do crente, a fé num Deus de cujo perdão todos nós vivemos.

Para perdoar é necessário às vezes compartilhar com alguém nossos sentimentos. Perdoar não quer dizer esquecer o dano que nos causaram, mas sim recordá-lo da maneira menos prejudicial para o ofensor e para si mesmo. Aquele que chega a perdoar volta a sentir-se melhor.

Quem vai entendendo assim o perdão compreende que a mensagem de Jesus, longe de ser algo impossível e irritante, é o caminho acertado para ir sanando as relações humanas, sempre ameaçadas por nossas injustiças e conflitos.

 

O PERDÃO CRISTÃO

Pouco a pouco, nossa linguagem está se secularizando. Palavras e conceitos que, em sua origem, tinham um conteúdo cristão, hoje são empregados

sem referência alguma à fé. É o que aconteceu com a linguagem do perdão,que ficou esvaziada de seu conteúdo evangélico mais genuíno.

O perdão cristão brota de uma experiência religiosa. O cristão perdoa porque se sente perdoado por Deus. Toda outra motivação é secundária.Perdoa quem sabe que vive do perdão de Deus. Esta é a fonte última. "Perdoai-vos mutuamente como Deus vos perdoou em Cristo" (Ef4,32). Esquecer isto é falar de outra coisa muito diferente do perdão evangélico.

Por isso, o perdão cristão não é um ato de justiça. Não se pode exigi-lo de ninguém como um dever social. Juridicamente o perdão não existe. O código penal ignora o verbo "perdoar". O gesto surpreendente e muitas vezes heroico do perdão nasce de um amor gratuito. Não depende de condições prévias. Não exige nada, não reclama nada. Se se perdoa é por amor. Falar de requisitos para perdoar é introduzir a concepção de outra coisa.

No Evangelho convida-se a perdoar "até setenta vezes sete", a perdoar inclusive a quem não mostra nenhum arrependimento, inspirados no próprio Jesus, que, no momento em que está sendo crucificado, pede a Deus: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lc 23,34).

Ninguém se engane. Perdoar não é fácil. É melhor confessá-lo dessa maneira. Tudo menos manipular o discurso do perdão para exigir de outros responsabilidades ou para defendermos cada um nossa própria posição. Há alguns anos, João Paulo II convidava a "guardar a autenticidade do perdão, algo que só é possível "guardando a sua fonte, isto é, o mistério da misericórdia do próprio Deus, revelado em Jesus Cristo" (Dives in misericordia 99).

É difícil ouvir o chamado de Jesus: "Amai vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos maldizem", se não se conhece a experiência de ser perdoado por Deus.







segunda-feira, fevereiro 14, 2022

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM






Todos nós trazemos no mais profundo de nosso ser uma fome insaciável. De felicidade. Onde encontramos um ser humano podemos estar certos de que nos encontramos diante de alguém que procura exatamente a mesma cosia que nós: ser feliz.

No entanto, quando nos perguntam o que é a felicidade e como encontrá-la, não sabemos dar uma resposta muito clara. A felicidade é sempre algo que nos falta. Algo que ainda não possuímos plenamente.

Por isso, a escuta singela das bem-aventuranças provoca sempre em nós um eco especial. Por um lado, seu tom fortemente paradoxal nos desconcerta. Por outro, a promessa que encerram nos atrai, porque oferecem a resposta a essa sede que existe no mais profundo de nosso ser.

Nós cristãos esquecemos que o Evangelho é um chamado a ser felizes. Não de qualquer maneira, mas pelos caminhos que Jesus sugere e que são completamente diferentes dos caminhos que a sociedade atual propõe. Este é seu maior desafio.

De acordo com Jesus, é melhor dar do que receber, é melhor servir do que dominar, compartilhar do que açambarcar, perdoar do que vingar-se. No fundo, quando procuramos ouvir sinceramente o que há de melhor nas profundezas de nosso ser, intuímos que Jesus tem razão. E, do íntimo de nosso ser, sentimos necessidade de bradar também hoje as bem-aventuranças e as maldições que Jesus bradou.

Felizes os que sabem ser pobres e compartilhar o pouco que têm com seus irmãos. Malditos os que só se preocupam com suas riquezas e seus interesses.

Felizes os que conhecem a fome e a necessidade, porque não querem explorar, oprimir e pisotear os outros. Malditos os que são capazes de viver tranquilos e satisfeitos, sem preocupar-se com os necessitados.

Felizes os que choram as injustiças, as mortes, as torturas, os abusos e o sofrimento dos fracos. Malditos os que se riem da dor dos outros, enquanto desfrutam seu bem-estar.















sábado, fevereiro 12, 2022

A UNÇÃO DOS ENFERMOS






1. A Unção dos Enfermos, sacramento de salvação e de cura

 

Natureza desse sacramento

A Unção dos Enfermos é um sacramento instituído por Cristo, insinuado como tal no Evangelho de São Marcos (cf. Mc 6,13), recomendado e promulgado aos fiéis pelo Apóstolo São Tiago: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, lhe serão perdoados” (Tg 5,14-15). A Tradição viva da Igreja, refletida nos textos do Magistério eclesiástico, reconheceu neste rito, especialmente destinado a confortar os doentes e a purificá-los do pecado e de suas sequelas, um dos sete sacramentos da Nova Lei[1].

 

Sentido cristão da dor, da morte e da preparação para bem morrer

No Ritual da Unção dos Enfermos, o sentido da doença do homem, dos seus sofrimentos e da morte compreendem-se à luz do desígnio salvador de Deus, mais concretamente, à luz do valor salvífico da dor assumida por Cristo, o Verbo Encarnado, no mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição[2]. O Catecismo da Igreja Católica apresenta uma concepção similar: “Por sua paixão e morte na cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento, que doravante pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora.” (Catecismo, 1505). “Cristo convida seus discípulos a segui-lo, tomando cada um sua cruz (cf. Mt 10,38). Seguindo-o, adquirem uma nova visão da doença e dos doentes” (Catecismo, 1506).

A Sagrada Escritura indica uma estreita relação entre a doença, a morte e o pecado[3]. Mas seria um erro considerar a doença como um castigo pelos pecados pessoais (cf. Jo 9,3). O sentido da dor do inocente só se alcança à luz da fé, crendo firmemente na Bondade e na Sabedoria de Deus, na sua Providência amorosa e contemplando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, graças à qual foi possível a Redenção do mundo[4].

Ao mesmo tempo que o Senhor nos ensinou o sentido positivo da dor para realizar a Redenção, quis curar muitos doentes, manifestando pelo seu poder sobre a dor e a doença a sua potestade para perdoar os pecados (cf. Mt 9,2-7). Depois da Ressurreição, envia os Apóstolos: “Em meu nome... imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados”. (Mc 16, 17-18) (cf. Catecismo, 1507)[5].

 

Para um cristão, a doença e a morte podem e devem ser meios para se santificar e redimir com Cristo. A Unção dos Enfermos ajuda a viver estas realidades dolorosas da vida humana com sentido cristão: “Na Unção dos enfermos, como agora se chama a Extrema-Unção, assistimos a uma amorosa preparação da viagem que terminará na casa do Pai”[6].

 

2. A estrutura do signo sacramental e a celebração do sacramento

Segundo o Ritual da Unção dos Enfermos, a matéria apta do sacramento é o azeite ou, em caso de necessidade, outro óleo vegetal[7]. Este azeite deve ser abençoado pelo bispo ou por um presbítero que tenha essa faculdade[8].

A Unção administra-se ungindo o doente na fronte e nas mãos[9]. A fórmula sacramental usada no rito latino para administrar o sacramento da Unção dos Enfermos é a seguinte: “Per istam sanctam Unctionem et suam piissimam misericordiam adiuvet te Dominus gratia Spiritus Sancti. Amen./ Ut a peccatis liberatum te salvet atque propitius allevet. Ámen”. (Por esta santa unção e pela sua infinita misericórdia o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos. Amém)[10].

Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, “é muito conveniente que ela se celebre dentro da Eucaristia, memorial da Páscoa do Senhor. Se as circunstâncias o permitirem, a celebração do sacramento pode ser precedida pelo sacramento da Penitência e seguida pelo sacramento da Eucaristia. Como sacramento da Páscoa de Cristo, a Eucaristia deveria sempre ser o último sacramento da peregrinação terrestre, o “viático” para a “passagem” à vida eterna” (Catecismo, 1517).

 

3. Ministro da Unção dos Enfermos

O ministro deste sacramento é unicamente o sacerdote (bispo ou presbítero)[11]. É dever dos pastores instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento. Os fiéis (em particular, os familiares e os amigos) devem animar os doentes a chamar o sacerdote para receber a Unção dos Enfermos (cf. Catecismo, 1516).

Convém que os fiéis tenham presente que no nosso tempo tende-se a ‘isolar’ a doença e a morte. Nas clínicas e nos hospitais modernos, os doentes graves morrem frequentemente na solidão, embora se encontrem rodeados de outras pessoas numa ‘unidade de cuidados intensivos’. Todos – em particular os cristãos que trabalham em ambientes hospitalares – devem fazer um esforço para que não faltem aos doentes internados os meios que deem consolo e alívio ao corpo e à alma de quem sofre. Entre esses meios – além do sacramento da Penitência e do Viático – encontra-se o sacramento da Unção dos Enfermos.

 

4. Sujeito da Unção dos Enfermos

O sujeito da Unção dos Enfermos é qualquer pessoa batizada, que tenha alcançado o uso da razão e se encontre em perigo de vida face a uma doença grave, ou por velhice acompanhada de avançada debilidade senil[12]. Não se pode administrar a Unção dos Enfermos aos defuntos.

Para receber os frutos deste sacramento requer-se do sujeito a prévia reconciliação com Deus e com a Igreja, pelo menos com o desejo, inseparavelmente unido à intenção de se confessar, quando for possível, no sacramento da Penitência. Por isso, a Igreja prevê que, antes da Unção, se administre ao doente o sacramento da Penitência e da Reconciliação[13].

O sujeito deve ter a intenção, pelo menos habitual e implícita, de receber este sacramento[14]. Embora a Unção dos Enfermos possa ser administrada a quem já tenha perdido os sentidos, deve-se procurar que seja recebida com conhecimento, para que o doente se prepare melhor para receber a graça do sacramento. Não se deve administrar aos que permanecem obstinadamente impenitentes em pecado mortal manifesto (cf. CDC, cân. 1007).

Se um doente, que recebeu a Unção dos Enfermos, recupera a saúde pode, no caso de nova doença grave, tornar a receber este sacramento; e, no decurso da mesma doença, o sacramento pode ser reiterado caso a doença se agrave (cf. CDC, cân. 1004, 2).

Por fim, convém ter presente esta indicação da Igreja: “Em caso de dúvida se o doente atingiu o uso da razão, ou se está perigosamente enfermo, ou se já está morto, administre-se o sacramento” (CDC, cân. 1005).

 

5. Necessidade deste sacramento

A recepção da Unção dos Enfermos não é necessária como necessidade de meio para a salvação, mas não se deve prescindir voluntariamente deste sacramento, se é possível recebê-lo, porque o contrário seria rejeitar um auxílio de grande eficácia para a salvação. Privar um doente desta ajuda poderia constituir um pecado grave.

 

6. Efeitos da Unção dos Enfermos

Enquanto verdadeiro e próprio sacramento da Nova Lei, a Unção dos Enfermos transmite ao cristão a graça santificante; além disso, a graça sacramental específica da Unção dos Enfermos tem como efeitos:

- A união mais íntima com Cristo na sua Paixão redentora, para o seu bem e de toda a Igreja (cf. Catecismo, 1521-1522; 1532).

- O consolo, a paz e o ânimo para vencer as dificuldades e os sofrimentos próprios da doença grave ou da fragilidade devida à velhice (cf. Catecismo, 1520; 1532).

- A libertação das relíquias do pecado e o perdão dos pecados veniais, bem como dos mortais no caso do doente ter se arrependido, mas não ter podido receber o sacramento da Penitência (cfr. Catecismo, 1520).

- O restabelecimento da saúde corporal, se tal for a vontade de Deus (cf. Concílio de Florença: DS 1325; Catecismo, 1520).

- A preparação para passagem para a vida eterna. Neste sentido, afirma o Catecismo da Igreja Católica: “Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a confiança e a fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angustia diante da morte (cf. Tg 5, 15)” (Catecismo, 1520).


Fonte: opusdei.org





















quinta-feira, fevereiro 10, 2022

5 COISAS PARA APRENDER COM AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DE LOURDES




AS APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA DE LOURDES

10 de fevereiro de 2022

 

Paróquia São Conrado



Em 1858, uma francesa de 14 anos viveu uma experiência concedida a poucos. A Virgem Maria escolheu a jovem Bernadette Soubirous para se manifestar e trazer ao mundo uma mensagem. A experiência de Bernadette ficou conhecida no mundo todo como as aparições de Nossa Senhora de Lourdes. O fenômeno aconteceu no sudoeste da França, na pequena cidade de Lourdes.

Saiba o que tais acontecimentos podem nos ensinar ainda hoje.

 

A predileção do Senhor pelos mais pobres

A jovem Bernadette – que foi reconhecida santa pela Igreja Católica em 1933 – era pobre, não apenas no aspecto financeiro, mas também no seu intelecto e na sua saúde.

O seu pai, que havia perdido a visão de um dos olhos, enfrentava dificuldades para sustentar sua família. Seu moinho não acompanhou a crescente industrialização, portanto, comprometeu a qualidade do seu produto – a farinha – e tornou seu processo de produção obsoleto e pouco eficiente.  A família chegou a perder a propriedade, precisando morar de favor na casa de um parente.

Neste período, Bernadette contraiu cólera – doença epidêmica da época. Além disso, era asmática.

A escolhida de Nossa Senhora de Lourdes era também analfabeta. A menina tentou aprender o Catecismo, porém encontrou muita dificuldade, pois falava apenas o dialeto de sua região.

Tais fatos comprovam as palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5,3).

 

Nossa Senhora de Lourdes reforça a necessidade da oração e de penitência

No dia 11 de fevereiro de 1858, a jovem Bernadette saiu de casa acompanhada por sua irmã mais nova e por uma amiga para recolher lenha. Quando chegaram perto de um córrego, as meninas atravessaram, menos Bernadette, pois temia molhar-se naquelas águas geladas do inverno e com isso afetar sua frágil saúde.

Ela parou para tirar suas meias, pois precisa atravessar aquele córrego de qualquer maneira. Foi então que ela percebeu uma rajada de vento forte e dirigiu seu olhar para uma gruta. O que ela vê? Uma mulher, vestida de branco, com uma faixa azul na cintura, um rosário nas mãos e duas rosas douradas nos pés.

Admirada pela beleza daquela mulher, Bernadette ajoelha-se e tenta traçar o sinal da cruz, mas não consegue sequer mexer seu braço. Nossa Senhora, então, faz o sinal da cruz e começa a rezar. A jovem acompanha a oração.

Logo que terminaram, Nossa Senhora de Lourdes pediu que Bernadette se aproximasse, mas ela continuou sem reação. A Virgem desapareceu e a menina saiu daquele local transformada. Se antes tinha dificuldades para carregar os feixes de lenha, agora fazia isso com facilidade, e o ar já não lhe faltava mais nos pulmões.

Durante as várias aparições de Nossa Senhora de Lourdes que se seguiram o que acontecia eram momentos de oração. Analisando esse fato, o Papa Bento Bento XVI assim descreveu: “Maria vem recordar-nos que a oração, intensa e humilde, confiante e perseverante, deve ter um lugar central na nossa vida cristã. A oração é indispensável para acolher a força de Cristo” (Homilia no 150º aniversário das aparições de Lourdes, 14 de setembro de 2008).

Numa das aparições, Nossa Senhora de Lourdes mencionou à Bernadette uma palavra que chamou sua atenção: Penitência. E essa palavra veio acompanhada de um pedido: “Rogai a Deus pela conversão dos pecadores!”.

Em todas as aparições reconhecidas pela Igreja, a Virgem Maria pede à humanidade que faça penitência. E é aqui neste ponto da mensagem de Nossa Senhora de Lourdes que devemos nos questionar: temos feito penitências pela conversão dos pecados como nos pede Nossa Senhora?

 

O dia mundial do enfermo e Nossa Senhora de Lourdes

Não foi por acaso que em 1992 São João Paulo II escolheu o dia 11 de fevereiro – dia de Nossa Senhora de Lourdes – para celebrar também o dia do enfermo.

Durante a nona aparição, que nessa altura já reunia uma multidão de pessoas da localidade, Nossa Senhora de Lourdes ordenou que santa Bernadette escavasse o chão da gruta. Sem questionar o porquê, a menina cavou com as próprias mãos e dali brotou uma fonte de água. Nossa Senhora então declarou que aquela fonte “lavará a alma suja dos pecadores, dos que se arrependem de seus desacertos, daqueles que têm fé em Deus, produzindo o milagre da conversão e da cura dos males”.

Desde então, são incontáveis os milagres que Deus operou nas águas daquela fonte, principalmente curas físicas. Todas reconhecidas pela ciência como sendo de fato curas milagrosas.

O primeiro milagre registrado aconteceu naquele mesmo ano das aparições. Catherine Latapie, devido a um acidente tinha um ombro deslocado, o punho quebrado e os dedos retorcidos. Com fé na promessa de Nossa Senhora de Lourdes, ela decide ir até a fonte para banhar seu braço naquela água sagrada. Resultado: ela saiu daquela gruta curada. Tempos depois ela teve um bebê que futuramente tornou-se padre.

 

Nossa Senhora nos recorda que o Céu é o nosso lugar

Em uma das aparições, Nossa Senhora de Lourdes fez uma promessa: “Não prometo fazer-lhe feliz neste mundo, mas no outro”.

Essas palavras da Virgem nos recordam que o nosso lugar é o Céu, e isso deve ser levado muito à sério por todos nós.

Por isso, devemos rezar muito e fazer penitência. Afinal, não é possível se libertar da ilusão de que a felicidade e o conforto estão neste mundo, sem fazer penitência, sem uma aproximação mais íntima do Senhor por meio da oração.

Se o Céu é a nossa Casa, por ele devemos ansiar, por ele devemos batalhar.

 

Em Lourdes, Nossa Senhora confirmou o dogma da imaculada

Enquanto as aparições de Nossa Senhora aconteciam, a jovem Bernadette buscou a ajuda de um sacerdote que a encaminhou ao Bispo local. Ao ouvir os relatos da menina, o Bispo pediu-lhe que perguntasse para a mulher das aparições qual é o seu nome, pois queria ter uma comprovação de quem se tratava.

Foi então que no dia 25 de março de 1858, a Virgem declarou: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

O curioso é que o dogma da Imaculada Conceição de Maria – que afirma que a beatíssima Virgem Maria no primeiro instante de sua concepção foi preservada imune de toda mancha da culpa original – havia sido proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX, apenas 4 anos antes das aparições em Lourdes.

A menina Bernadette não tinha conhecimento sobre tais assuntos. Quando ela ouviu aquelas palavras “Eu sou a Imaculada Conceição” foi imediatamente contar ao Bispo. Ele ficou surpreso, pois sabia que Bernadette não tinha sequer feito a primeira Comunhão, portanto não havia ainda recebido qualquer tipo de ensinamento sobre a doutrina da Igreja.

Em 1860 o Bispo local declarou oficialmente que “a Virgem Maria apareceu de fato à jovem Bernadette Soubirous”.

Após o encerramento das aparições, aos 22 anos Bernadette foi para o convento, onde viveu até o último dia nesta terra. Faleceu vítima da tuberculose aos 35 anos. Seu corpo foi exumado pela primeira vez 30 anos após sua morte, e para a surpresa de muitos permanecia incorrupto. Atualmente, seu corpo preservado está exposto na igreja de Saint Gildard, em Nevers – França.


Fonte:https://paroquiamaedaigreja.com.br/blog/2021/03/01/5-coisas-para-aprender-com-as-aparicoes-de-nossa-senhora-de-lourdes/


segunda-feira, fevereiro 07, 2022

V DOMINGO DO TEMPO COMUM





A Psicologia ensina que a vida se assenta em elementos equilibradores. Estes elementos são nossas convicções, crenças e são filtros com os quais vemos o mundo a partir de um ponto de vista. O ponto de vista de Pedro era a praia e, no dia que Jesus chegou na sua praia, Pedro consertava as redes, consertava as malhas de sua vida, diante de um mar que não estava para peixe. Todos nós temos nossas praias, nossos filtros, crenças, pontos de vista e assim orientamos a vida. Para Pedro, a praia era seu local de segurança, era o espaço onde vivia; tinha o horizonte do mar à sua frente, mas vivia nos limites da praia. Pedro e seus irmãos tinham as barcas como ponto de equilíbrio de suas vidas; tinham também a sua praia. Pescavam, lavavam as redes, descasavam e voltavam a pescar. Tinham seus filtros e consideravam o mundo a partir da experiência de pescadores. O encontro com Jesus tira os pontos de equilíbrio de Pedro.

Primeiro, Jesus tira a barca de Pedro para fazer uma pregação. Depois, o convite tira Pedro e seus irmãos da praia e os manda mar adentro. Se Pedro reage porque seu “filtro da experiência” diz que não vai dar peixe, a Palavra de Jesus o desequilibra e o leva de volta ao mar, onde realiza pesca abundante. A Palavra de Jesus, o Evangelho, ouvido e acolhido desequilibra a vida de Pedro, a vida dos irmãos de Pedro; desequilibra a vida de todos nós. Foi este choque nos pontos de equilíbrio que fez Pedro deixar a segurança da sua barca, da sua praia, para se fazer discípulo de Jesus. Hoje, iniciamos uma reflexão considerando o discipulado. E, a primeira exigência para alguém se tornar discípulo de Jesus é o acolhimento da Palavra. Não uma Palavra para ser guardada na cabeça, mas colocada no coração, lá onde tomamos nossas decisões. As leituras que ouvimos ressaltam três exemplos de pessoas que acolheram a Palavra e se decidiram por Deus: Isaias, Paulo e Pedro. Esta lista continua em tantos discípulos e discípulas de Jesus. — Eu e você estamos nesta lista de seguidores de Jesus, no discipulado?

Nas celebrações do mês passado, refletimos sobre a vida cristã. Mas, não basta ser cristão e não basta ser cristã, no sentido de ser, apenas, batizado. É preciso mais: ser discípulo, ser discípula, ser caminhante na estrada do discipulado. É preciso decidir-se por Jesus como Mestre. O texto do Evangelho que relata a decisão de Pedro é breve e, por isso, não nos damos conta que o processo de abandonar as estruturas, que equilibravam a vida pessoal de Pedro, até assumir outro estilo de vida, foi demorado. O relato da conversão de Paulo também indica brevidade. Na verdade, não existe conversão instantânea. O discipulado é um caminho no seguimento de Jesus. Pedro, ao fazer esse caminho, brigou com Jesus, imaginou que poderia dar conselhos a Jesus, negou Jesus, foi chamado de satanás por Jesus. Partilhou a estrada do Evangelho com Jesus, no discipulado, na alegria e com conflitos. Na espiritualidade cristã, esse processo chama-se discernimento. É um processo necessário para fazer a transferência da praia — de um estilo de vida — para a praia do Evangelho que nos faz avançar para águas profundas, como pede Jesus a Pedro, porque é nas águas profundas que a pesca é farta de vida plena. Acolha o convite de Jesus: seja discípulo, seja discípula do Mestre. Amém!








quarta-feira, fevereiro 02, 2022

A BOATE KISS







A BOATE KISS

2 de Fevereiro de 2022

 

Paróquia São Conrado



Em dezembro último, aconteceu o julgamento das pessoas envolvidas na tragédia do incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria RS, em 27/1/2013. Todos ficamos novamente abalados com a recordação daquele desastre, que resultou na morte de 242 pessoas e 636 feridos. E a causa? Claro que ninguém teve a intenção de matar. Mas houve negligências, omissões, pequenas na aparência, mas com tão grandes consequências! Os poderes públicos omissos... Os encarregados de fazer a vistoria a deixaram para depois... A fiscalização não foi atenta... Na forração acústica do teto, trocaram, uma espuma por outra, inflamável... Usaram fogos inapropriados para o local... Não houve preocupação com um possível caso de pânico..., etc. Um acúmulo de “pequenas” negligências que causou tão grande tragédia. E se tornaram graves.

Pequenas negligências podem causar grandes estragos. Pequenas faltas de atenção podem causar grandes desastres. Pequenas ao nosso julgamento, mas são enormes.

O mesmo já aconteceu em inúmeros desastres. No circo de Niterói, cobriram a lona com cera, para que ficasse impermeável, mas se tornou inflamável em alguns segundos. No Titanic, o telegrafista não se importou com as insistentes advertências dos outros navios sobre a presença de perigosos icebergs. Alguém esqueceu um aparelho ligado no prédio que depois virou uma fornalha. Uma pequena distração do motorista, uma conversa ao celular, uma inadvertência do comandante do transatlântico, um cochilo do piloto do avião que depois ficou ingovernável, etc. Pequenas negligências, grandes desastres! A irresponsabilidade é falta grave. Mede-se a gravidade da negligência pelo tamanho do prejuízo causado. Os responsáveis devem ser responsabilizados e punidos, para se evitar desastres futuros.

Um dos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja é a prioridade do ser humano sobre os bens materiais: “É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (S. João Paulo II, Lab exercens, 12f). Quando o ser humano é tratado apenas como peça de uma engrenagem de produção, quando se põe o lucro e o dinheiro acima das pessoas, estamos no inverso do que se espera de uma sociedade humana e cristã. E essa prioridade é negligenciada quando se pensa mais no lucro e no dinheiro do que na segurança e bem-estar das pessoas, com gravíssimas consequências, como as que presenciamos. O Papa Francisco tem nos advertido contra a cultura do lucro, do descarte e da indiferença, sobretudo em se tratando de pessoas. O preço da vida humana é inestimável.

A “Imitação de Cristo” nos lembra o adágio: “Age quod agis”, faze bem aquilo que fazes. O zelo é o contrário da negligência. É preciso senso de responsabilidade, seriedade no cumprimento do dever do qual se é encarregado, atenção e cuidado, para não sermos culpados de grandes prejuízos. Isso se aplica a toda classe de deveres e trabalhos de grande responsabilidade: pais, poderes públicos, médicos, enfermeiros, motoristas, aviadores, mecânicos, etc. O pecado de omissão pode ser tão grave quanto o de uma ação má.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan