segunda-feira, setembro 30, 2013

SÃO JERÔNIMO DOUTOR DA IGREJA

DESDE A IDADE MÉDIA SÃO JERÔNIMO É CONSIDERADO O MAIS SÁBIO E CULTO DOS PAIS (ESCRITORES ECLESIÁSTICOS DOS PRIMEIROS SÉCULOS) DA IGREJA OCIDENTAL. SUA TRADUÇÃO DA BÍBLIA PARA O LATIM, A VULGATA, É A OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA DESDE O CONCÍLIO DE TRENTO.  

      Eusébio Jerônimo nasceu na Dalmácia (na atual Croácia), por volta do ano 347, em uma família abastada. Sua educação, iniciada no lar, prosseguiu em Roma, onde estudou gramática, retórica e filosofia. Possivelmente por volta do ano 366, foi batizado pelo Papa Libério. Nos anos seguintes, realizou inúmeras viagens pela Europa e sentiu-se profundamente atraído pela vida monástica. Por volta do ano 373, foi para o Oriente e passou algum tempo em Antioquia. Foi então que, após uma crise espiritual, prometeu a si mesmo não voltar a ler nem a possuir literatura pagã.

      Pouco tempo depois, iniciou um período de dois anos como eremita no deserto de Cálcis, em busca de paz interior. Entregue à oração e ao jejum, estudou também grego e hebraico. Como conseqüência do cisma de Antioquia, Jerônimo deixou o deserto e transferiu-se para aquela cidade. Ali foi ordenado e, no ano 382, regressou a Roma como secretário do papa Dâmaso I. Nesse período, iniciou a revisão da versão latina do Antigo Testamento, obra em que trabalharia toda a vida. Após a morte do papa, no ano 385, foi para Belém, na Palestina, onde fundou um mosteiro em que permaneceu mais de trinta anos, até a morte.  

      São Jerônimo desenvolveu uma atividade incessante, consagrada ao aperfeiçoamento da vida monástica e à redação de tratados religiosos. Entre eles cabe destacar seus muitos escritos sobre temas bíblicos e o De viris illustribus (Sobre os homens ilustres), coletânea de biografias de autores cristãos. Também manteve extensa correspondência, em que defende os ideais da vida ascética. Morreu no ano 419 ou 420, em Belém. Em 1295, foi declarado doutor da igreja pelo papa Bonifácio VIII. É festejado em 30 de setembro.

A Santa Igreja Católica reconheceu sempre a São Jerônimo como um homem eleito por Deus para explicar e fazer entender melhor a Bíblia Sagrada, por isso foi declarado Patrono de todos os que no mundo se dedicam a fazer entender e amar mais a Palavra de Deus gravadas nas Escrituras Sagradas.

Ó Deus, criador do universo, que vos revelastes aos homens, através dos séculos, pela Sagrada Escritura, e levastes a vosso servo São Jerônimo a dedicar a sua vida ao estudo e à meditação da Bíblia, dai-me a graça de compreender com clareza a vossa palavra quando leio a Bíblia.
São Jerônimo, iluminai e esclarecei a todos os adeptos das seitas evangélicas para que eles compreendam as Escrituras, e se dêem conta de que contradizem a religião Católica e a própria Bíblia, porque eles se baseiam em princípios pagãos e superticiosos.

São Jerônimo, ajudai-nos a considerar o ensinamento que nos vem da Bíblia acima de qualquer outra doutrina, já que é a palavra e o ensinamento do próprio Deus. Fazei que todos os homens aceitem e sigam a orientação do nosso Pai comum expressa nas Sagradas Escrituras.


O LEÃO DE SÃO JERÔNIMO
Numa certa tarde, como faziam todos os dias nas horas canônicas, os monges estavam reunidos ouvindo as lições do dia durante. São Jerônimo estava entre eles e ouvia atento. De repente, todos perceberam que um leão se aproximava. Foi uma correria geral. São Jerônimo manteve a calma: foi o único. Ele levantou-se e foi encontrar-se com aquele hospede não convidado...

Era um animal enorme que usava somente três patas para caminhar. A quarta pata ele a trazia levantada. Claro que o leão não poderia falar, mas dava a impressão de querer comunicar alguma coisa e ofereceu a Jerônimo a pata que trazia levantada. O monge a examinou e percebeu que o animal estava gravemente ferido.

Jerônimo chamou o menos medroso dos monges para ajudá-lo a limpar e cuidar do ferimento que estava em carne viva, infeccionado e ainda cheio de espinhos. Jerônimo tratou do animal, retirou-lhe os espinhos e o medicou com unguentos. O animal sarou.

Os cuidados oferecidos ao animal amansaram a "besta fera". O leão passou, então a caminhar pacificamente pelo mosteiro. Onde estivesse São Jerônimo, junto estava o animal que se comportava como um animal doméstico.

Jerônimo mostrou aos monges uma primeira lição do episódio: "Pensem sobre isto e vocês poderão encontrar lições de vida. Eu creio que não foi tanto para a cura de sua pata que Deus o enviou até nós, pois, o leão se curaria sem a nossa ajuda. Deus nos enviou esse leão para mostrar quanto a Providencia estava ansiosa para nos prover do que necessitamos para nosso bem."
SÃO JERÔNIMO
Tradutor e exegeta da Bíblia,
foste um sol que a Escritura ilumina;
nossas vozes, Jerônimo, escuta:
nós louvamos-te a vida e a doutrina.

Relegando os autores profanos,
o mistério divino abraçaste,
qual leão, derrubando os hereges,
as mensagens da fé preservaste.

Estudaste a palavra divina
nos lugares da própria Escritura,
e, bebendo nas fontes o Cristo,
deste a todos do mel a doçura.

Aspirando ao silêncio e à pobreza,
no presépio encontraste um abrigo;
deste o véu a viúvas e virgens,
Paula e Eustáquia levaste contigo.

Pelo grande doutor instruídos,
proclamamos, fiéis, o Deus trino;
e ressoem por todos os tempos
as mensagens do livro divino.

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domingo, setembro 29, 2013

NO TEMPO É QUE SE DECIDE A ETERNIDADE. - XXVI DTC

DOIS PÓLOS, O TEMPO E A ETERNIDADE, PODEM NOS SERVIR PARA ORGANIZAR OS TEXTOS DESTE DOMINGO. ISTO É EVIDENTE NO TEXTO EVANGÉLICO QUE PÕE O HOMEM RICO E O POBRE LÁZARO PRIMEIRO NESTE MUNDO E DEPOIS NA ETERNIDADE.

E implicitamente na Primeira Leitura, segundo o qual os ricos samaritanos vivem em orgias e luxo m esquecendo o juízo futuro de Deus. A fé viva em Cristo oferece uma garantia segura para se viver dignamente no tempo e conquistar a eternidade com Deus (Segunda Leitura).

Para aqueles que têm fé na eternidade, o tempo é um tesouro, uma verdadeira riqueza, porque é nele que se coloca em jogo nossa situação na eternidade.

 A parábola do rico e de Lázaro não enfatiza o problema da diferença entre ricos e pobres. Na verdade, enfatiza o juízo de Deus na eternidade sobre a atitude frente à riqueza e à pobreza.

 O rico que neste mundo se dedica a banquetear e levar uma vida boa, despreocupando-se dos pobres, verá sua sorte mudada na eternidade. Assim aconteceu com o rico da parábola. O pobre que nesta vida aceita sua condição com serenidade, sem queixas e sem ódios, será recompensado na eternidade com a Riqueza que é o próprio Deus. Isto foi o que aconteceu com o pobre Lázaro. O primeiro vive como se a eternidade não existisse. 
O segundo é um pobre de Javé, que colocou sua confiança na recompensa que Deus lhe dará na vida futura. Não é repreensível ao rico da parábola de não ter misericórdia, não se importar com quem jaz à sua porta . Lázaro não é retribuído na outra vida por sua condição de pobreza, mas por sua paciência e resignação, ao estilo de Jó.

 O RICO PÕE SUA RIQUEZA A SERVIÇO DE SUA SENSUALIDADE, LÁZARO PÕE SUA POBREZA A SERVIÇO DE SUA ESPERANÇA.

Na parábola Jesus nos ensina que na eternidade se retribuirá a cada um segundo suas obras. Este ensinamento deve iluminar nossa vida presente. Ou seja, o pensamento do mundo futuro nos conduzirá a ser justos e solidários no mundo presente.

O contrário acontece com os nobres da Samaria que “dormem em camas de marfim , deitam-se em almofadas, que bebem vinho em taças e se perfumam com os mais finos unguentos..”(Amós)
Paulo exorta Timóteo, homem de Deus, fiel e cristão autêntico, a fugir destas coisas. Que coisas são estas? A avareza, a cobiça, o amor ao dinheiro. Deve fugir “porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada podemos levar.”

Depois o exorta a “combater o bom combate da fé” nesta vida para poder alcançar a eterna, na qual reina o Senhor Jesus Cristo, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores.
A fé é como a morada na qual o cristão já vive no tempo a eternidade. E porque já vive a eternidade no tempo “procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão”.

Lemos no Catecismo: “os bens da criação estão destinados a todo gênero humano”. Esta afirmação é absoluta e não está submetida à mudança de épocas ou de mentalidade, a progresso técnico ou à globalização econômica. Por outro lado, sempre houve na história da humanidade diferenças na posse dos bens, sempre existiram e seguirão existindo “ricos e pobres”.

E não poucas ocasiões estas diferenças provém de grandes injustiças que atravessam a geografia de nosso planeta.

Diante destes três fatores, os cristãos têm uma grande obra a realizar entre os homens. A primeira, sem dúvida, é a de relativizar a riqueza. A riqueza não é um deus, ao qual tenhamos que render culto às custas do pobre e do necessitado. É um bem, mas é o único, nem supremo. Um bem que está em nossas mãos, que foi dado por Deus a cada uma de nós, mas que não é inteiramente nosso, ou seja, que não podemos fazer com ele o que quisermos, porque seu destino é universal. E com isto já aparece a segunda tarefa: “a riqueza nos foi dada para servir, não para dominar”, e deste modo fazer mais livres aqueles que necessitam dela.

Como cristãos, seremos os primeiro a viver o evangelho da pobreza. Seremos um exemplo para  todos e um grito de que o dinheiro não serve para nada, pelo menos aos olhos da fé, aos olhos de Deus.
O pobre Lázaro está ali , morrendo de fome “junto à sua porta”, mas o rico evita todo contato e continua vivendo “esplendidamente”, alheio a seu sofrimento. Não atravessa essa “porta”para que o aproximaria do mendigo. No final descobre, horrorizado, que se abriu entre eles um “imenso abismo”. 
“Pai dos pobres e defensor dos oprimidos, nós Te bendizemos pelos profetas que nos envias, quando deixamos os caminhos da justiça, e pela glória que reservas àqueles que os homens desprezam.
Presos nas redes de uma sociedade que produz tantos pobres, nós Te pedimos: ilumina-nos com o teu Espírito, conduz-nos nos caminhos da justiça”.



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“DEVEMOS ESTAR ORGULHOSOS DE SEGUIR E SERVIR A CRISTO E AOS POBRES” PAPA FRANCISCO 27/07/2013


Significa retornar à fonte da nossa chamada. No início de nosso caminho vocacional, há uma eleição divina. Fomos chamados por Deus, e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos a Ele de um modo tão profundo que nos permite dizer com São Paulo: ‘Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim’ (Gal 2, 20). 

Este viver em Cristo configura realmente tudo aquilo que somos e fazemos. E esta ‘vida em Cristo’ é justamente o que garante a nossa eficácia apostólica, a fecundidade do nosso serviço.

“EU VOS DESIGNEI PARA IRDES E PARA QUE PRODUZAIS FRUTO E O VOSSO FRUTO PERMANEÇA” (JO 15,16).

Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós’ (Jo 15, 4).

E nós sabemos bem o que isso significa: Contemplá-lo, adorá-lo e abraçá-lo, particularmente através da nossa fidelidade à vida de oração, do nosso encontro diário com Ele presente na Eucaristia e nas pessoas mais necessitadas. O ‘permanecer’ com Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais.
ENCONTRO DOS MINISTROS EXTRAORDINÁRIOS DA SAGRADA COMUNHÃO NA COMUNIDADE DE VILA CANOAS EM SÃO CONRADO - RJ

O PAPA AFIRMOU QUE É NOS NÚCLEOS MAIS POBRES QUE É PRECISO BUSCAR CRISTO.

Devemos estar muito orgulhosas da nossa vocação, que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres. "É nas favelas, nas comunidades carentes, onde é preciso ir buscar e servir a Cristo. Devemos ir a eles como o sacerdote se aproxima do altar: com alegria", declarou.

Jesus, Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro; procuremos fixar sempre mais n’Ele o nosso coração (cf. Lc 12, 34).

“CHAMADOS PARA ANUNCIAR O EVANGELHO”.
“Queridos bispos e sacerdotes, muitos de vocês, senão todos, vieram acompanhar seus jovens à Jornada Mundial. Eles também ouviram as palavras do mandato de Jesus: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ (cf. Mt 28,19). 

É nosso compromisso ajudá-los a fazer arder, no seu coração, o desejo de serem discípulos missionários de Jesus. 

Ajudemos os jovens a perceberem que ser discípulo missionário é uma consequência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos.
NÃO PODEMOS FICAR ENCERRADOS NA PARÓQUIA, NAS NOSSAS COMUNIDADES, QUANDO HÁ TANTA GENTE ESPERANDO O EVANGELHO!

Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. 

Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia. Também eles são convidados para a Mesa do Senhor.

O QUE NOS GUIA É A CERTEZA HUMILDE E FELIZ DE QUEM FOI ENCONTRADO, ALCANÇADO E TRANSFORMADO PELA VERDADE QUE É CRISTO, E NÃO PODE DEIXAR DE ANUNCIÁ-LA.

EM MUITOS AMBIENTES, INFELIZMENTE, GANHOU ESPAÇO A CULTURA DA EXCLUSÃO, A ‘CULTURA DO DESCARTÁVEL’. 

Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. 

Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra a corrente. Não renunciemos a este dom de Deus: a única família dos seus filhos. 

O ENCONTRO E O ACOLHIMENTO DE TODOS, A SOLIDARIEDADE E A FRATERNIDADE SÃO OS ELEMENTOS QUE TORNAM A NOSSA CIVILIZAÇÃO VERDADEIRAMENTE HUMANA.
TEMOS DE SER SERVIDORES DA COMUNHÃO E DA CULTURA DO ENCONTRO.

Permitam-me dizer: deveríamos ser quase obsessivos neste aspecto! Não queremos ser presunçosos, impondo as ‘nossas verdades’. 

O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la (cf. Lc 24, 13-35).

Queridos irmãos e irmãs, fomos chamados por Deus, chamados para anunciar o Evangelho e promover corajosamente a cultura do encontro. 

A Virgem Maria seja o nosso modelo. Na sua vida, Ela deu ‘exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja, tem de regenerar os homens’.

 Seja Ela a Estrela que guia com segurança nossos passos ao encontro do Senhor. Amém.


Homilia do Santo Padre na Catedral de São Sebastião do Rio De Janeiro, dia 27 de Julho de 2013

Santa Missa com os
Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Seminaristas
Visita Apostólica do Papa Francisco ao Brasil
por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude.



www.vatican.va






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sexta-feira, setembro 27, 2013

SÃO VICENTE DE PAULO (1581-1660)


São Vicente de Paulo, amparou pobres e nobres empobrecidos,
foi conselheiro de soberanos e defendeu a Igreja contra as
heresias da época.
Depois dos apóstolos, talvez não haja homem que mais tenha prestado serviços à Igreja católica e à humanidade inteira. Para contribuir à santificação do clero e do povo cristão, instituiu uma congregação de missionários, e continua a propagar a fé em todo o mundo.

Para a santificação dos sacerdotes e dos fiéis, estabeleceu retiros espirituais, cujo uso se espalhou por toda parte. Para a formação de jovens eclesiásticos, para aperfeiçoar-lhes a santidade e exaltar-lhes a vocação, criou seminários, que se espalharam por todo o mundo cristão.
Aos pobres doentes, instituiu a congregação das filhas da Caridade, cujo devotamento admirável provocou o estabelecimento de muitas outras congregações semelhantes.
Para preservar da morte as crianças abandonadas pelas ruas, fundou um hospital de crianças relegadas, e hoje, deste seu exemplo, hospitais e casas outras do gênero, estão disseminadas pela cristandade toda.
Fez mais ainda: hospitais para idosos, insanos, presos e mendigos. Enviava missionários com o fim exclusivo de consolar os escravos cristãos. Supria, às vezes por longos anos, províncias inteiras que haviam sido devastadas pelas guerras, pela fome ou pela peste, como a Lorena, a Champagne e a Picardia. E quem era este homem, esse Vicente de Paulo, esse benemérito?

        Filho dum lavrador, começou por pastorear o rebanho do pai. Feito sacerdote, foi preso por corsários turcos e vendido como escravo nas costas da África.

QUEM ERA VICENTE
Vicente de Paulo nasceu numa terça-feira de Páscoa, a 24 de Abril de 1575, na aldeiazinha de Pay, perto de Dax, nos confins de Bordéus, lá para os Pirineus.
O pai chamava-se Guilherme de Paulo, a mãe Bertranda de Moras. Possuíam uma pequena granja, onde labutavam e donde tiravam o pão de cada dia, para si e para os seis filhos, duas meninas e quatro meninos. Vicente, que era o terceiro, trabalhava como os outros, na quinta: guardava, como vimos, o rebanho, levando-os a pastar. Desde pequeno, sentia compaixão pelos pobres. Quando voltava do moinho, como o saco de farinha às costas, dava-lhes alguns punhados, quando não tinha outra coisa que dar.

OS ESTUDOS SÃO INICIADOS
Com essa bondade de coração, mostrava grande vivacidade de espírito. O pai, então, resolveu fazê-lo estudar. A despesa seria espantosa, mas, esperava, um dia seria recompensado. Assim, enviou-o aos franciscanos de Dax, mediante sessenta libras por ano, segundo o costume do tempo e do país.
Era, então, pelo ano de 1588. O jovem Vicente fez tais progressos, que ao fim de quatro anos, elogiado pelo superior do convento, o senhor de Commet, o advogado de Dax, acabou por tomá-lo em sua casa para que se incumbisse da educação dos dois filhos. Foi esse Commet que, tocado pela virtude de Vicente, e edificado, o aconselhou a abraçar o estado eclesiástico. Vicente, que o respeitava muitíssimo, tendo-o como a um segundo pai, recebeu o conselho com ardor.
O pai, para ajudá-lo, teve que vender uma junta de bois, e Vicente lá se foi para Toulouse, para os estudos de teologia, nos quais gastou sete anos. Durante a estadia em Toulouse, ia o jovem, algumas vezes, estudar em Saragoça.
ESTUDANTE E PROFESSOR
Para não pesar à família, embora o pai, ao morrer, ordenasse que lhe dessem o necessário, retirou-se para a cidadezinha de Buset, durante as férias, ali se encarregando da educação dum número considerável de crianças, cujos pais tinham posses, e se sentiam satisfeitos de poder confiar os filhos a um homem do qual a virtude e a capacidade eram publicamente reconhecidas e propaladas. Mesmo de Toulouse, enviavam-lhe crianças, meninos e meninas, como se vê por uma carta escrita à mãe.
O Duque de Épernon, governador da Guiana, parente próximo dos dois meninos, desejou, e muito, conhecer Vicente, monsieur Vicente, como dizia respeitosamente, por ele vindo a conceber uma estima toda particular.
Vicente retornou de Buset a Toulouse, com os pensionistas, terminando, então os estudos de teologia. Bacharel, dizem deles os autores da Gallia Christiana: Era doutor em teologia. Contudo a prova autêntica daquela afirmação não foi encontrada. Durante os estudos de teologia em Toulouse, Vicente recebeu o subdiaconato, a 19 de Setembro de 1598, o diaconato três meses depois, e, afinal a ordenação, em 23 de Setembro de 1600.

MISSÃO SECRETA JUNTO A HENRIQUE IV
(...) Em Roma,por causa da assistência que recebeu do Vice-legado, que o hospedou e lhe proporcionou o que fazer, Vicente pode permanecer na cidade até 1608.
Quando não se dava à devoção, empregava o tempo a repassar os estudos de teologia, feitos em Toulouse, O Vice-legado, apresentou-o ao embaixador da França, o Cardeal d'Ossat, e este o encarregou de importante missão, mas secreta, junto a Henrique IV.
Vicente IV vira e falara com Vicente de Paulo, mas parecia desconhecê-lo. É que o Santo evitava, cuidadosamente, tudo aquilo que pudesse dar-lhe ares de grandeza. Chamavam-no Monsieur Paulo - nome de família, e aquilo lhe soava como se fora de estirpe ilustre, de modo que, chegando a Paris, apresentou-se e fez-se simplesmente tratar por Monsieur Vicente, o nome de batismo.
Ao invés de usar o título de licenciado em teologia, deixava entrever-se como se fora apenas um pobre professor secundário. Todavia, por mais cuidado que tivesse, escondendo como escondia as virtudes, acabavam descobrindo-as. Um dia, foi apresentado à rainha Margarida, primeira esposa de Henrique IV, a qual, então, fazia profissão de piedade. Essa princesa queria vê-lo. E fez dele o chefe duma casa piedosa, com o título de capelão-ordinário.
Vicente retirou-se depois para os Padres do Oratório, que o Padre de Bérulle viera de fundar: não para se agregar à companhia, mas para viver no retiro sob a direção do piedoso instituidor. Ali ficou o Santo por dois anos. (...)
PREDECESSOR DOS FILHOS DO CONDE DE JOIGNI
(...)Tempos depois, corria o ano de 1613, deixou o curato: é que o Padre de Bérulle o aconselhara a aceitar o cargo de preceptor dos filhos de Filipe Emanuel de Gondi, conde de Joigni, Geral dos galeotes de França, e de Francisca Margarida de Silly, mulher de excelente virtude.
O Geral e a esposa tinham três filhos: o mais jovem faleceu com dez ou doze anos; o mais velho foi duque e par; o segundo tornou-se o famoso cardeal de Retz.
Vicente de Paulo viveu doze anos na casa do conde de Joigni. Quando o casal ia para o campo com os filhos, levando-o também, o maior prazer do Santo era percorrer as vizinhanças e catequizar os pobrezinhos, instruindo-os. Pregando ao povo, exortava-o, administrava-lhe os santos sacramentos, principalmente o da penitência, confirmava-o na fé, com a aprovação dos bispos e o agrado dos curas. (...)

UMA PARÓQUIA ABANDONADA
(...) O santo deixou a casa de Gondi em 1617, retirando-se para Bresse, em Chatillon-les-Dombes. Ali era uma como paróquia abandonada.
Havia cerca de quarenta anos que jazia naquele lastimável estado, sem nada; certos beneficiários de Lião sugavam-lhe os magros lucrozinhos. Assim, depois de quase meio século, aquela cidade infortunada, composta de duas mil almas, não tinha propriamente falando, nem cura, nem pastor, nem diretrizes quaisquer espirituais. (...)
São Vicente de Paulo chegou em Chatillon-les-Dombes no mês de agosto de 1617, em companhia dum bom padre do país, chamado Luís Girard. Omo a casa paroquial estava em ruínas, alojaram-se na casa dum tal Beynier. Esse Beynier, calvinista, com o tempo converteu-se.
O programa proposto por Vicente era rígido: levantava-se às cinco horas; meia hora de oração; o ofício e a santa missa diziam-se em horas marcadas, de modo que não se disperdiçava o tempo sem necessidade.
Os dois, Vicente e Luís, cuidava, cada qual da parte da casa que lhes coubera: eles mesmos tratavam da arrumação dos quartos e faziam as camas. Vicente não queria que a enteada do hospedeiro fizesse mais do que já fazia no resto da casa. O novo pastor visitava regularmente, duas vezes por dia, uma parte do rebanho. O resto do tempo era empregado no estudo e no confessionário.
O desejo de ser útil tanto aos pequenos como aos adultos, fê-lo estudar com afinco o dialeto usado familiarmente. Aprendeu-o em pouco tempo, e, passou a falar corretamente, com grande proveito no catecismo. O ofício era celebrado com a maior decência possível. As danças foram banidas, bem como certos escandalosos excessos que desonravam as festas, sobretudo a da Ascensão de Nosso Senhor.
Havia na paróquia seis velhos padres que eram a negação do bom exemplo: Vicente empenhou-se e conseguiu exortá-los a viver em comunidade, obedecendo à regra.

        A cidade inteira, surpresa e edificada, acompanhava as mudanças que se operavam paulatina, mas eficientemente. Tudo estava ficando transformado, caminhando para a perfeição. Os mais sábios acreditavam que aquele homem, a quem a reforma dum clero como o daquele lugar, regularizando-se como estava, sem muitas dificuldades, era assaz competente e conseguiria ganhar para Deus a paróquia toda inteira não demoraria muito tempo.
Efetivamente, quatro meses depois, quem visse Chatillon-les-Dombes ficaria embasbacado, tal a diferença. Os maiores pecadores, em fila, contritos, compareciam ao tribunal da penitência, de modo que o santo, passava um tempo enorme no confessionário. Tão compenetrado estava das coisas espirituais, que se esquecia das mais prementes necessidades da natureza. (...)

MISSÕES NO CAMPO
(...) Após as missões, São Vicente de Paulo estabeleceu confrarias de caridade para o socorro aos doentes pobres, Logo precisou de alguém capaz, que visitasse de tempos em tempos as diversas confrarias e nelas conservasse o zelo da caridade e do amor a Deus. A Providência fez com que aparecesse uma viúva, uma santa mulher - Luísa de Marillac. (...)
Vicente, de quando em quando, repousava do trabalho das missões no campo, visitando a capital. Então, aproveitava a oportunidade e percorria as prisões. Falava com os prisioneiros, consolava-os, exortava-os a uma vida futura honesta e construtiva, ouvia-os em confissão. E aos mais infelizes, os criminosos condenados às galés. Geralmente encontrava-os num estado deplorável. Jaziam trancafiados em masmorras, onde, às vezes, permaneciam por muito tempo, comendo imundícias, como que largados, tomados de uma terrível indiferença, absolutamente descuidados do corpo e da alma. (...)

IMITANDO A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Quando o Conde de Gondi, Filipe Emanuel de Gondi, soube da dedicação do santo para com os presos, de como incansavelmente trabalhava para a salvação de todos, principalmente dos mais abandonados e descoroçoados, pensou nos forçados todos do reino. Foi ao rei e falou-lhe do que Vicente de Paulo fazia e quão grandiosa obra era aquela.
O Rei Luís XIII, a uma propositura do Geral dos galeotes, nomeou o Santo Capelão-Geral, ou Mor, de todos os forçados do país. E o diploma foi expedido a 8 de fevereiro de 1619.
Monsieur Vicente de Paulo aceitou o encargo com satisfação: aquilo lhe dava uma semelhança mais com o Salvador do mundo, aquele mundo que era uma imensa prisão abarrotada de criminosos e condenados às galés verdadeiramente perpétuas. A ele, ao mundo atroz, viera o Filho de Deus. Fez-se igual a qualquer um, tomou todos os crimes e todas as penas para si e libertou-os. Vicente, pai dos pobres, na acepção mais pura, desejava imitar o Salvador.
Em 1622, foi visitar os forçados de Marselha. Queria ver em que estado estavam e se poderia fazer o que aos da capital fizera. Chegou sem dar a conhecer o título de Capelão-Mor, tanto para evitar as honras que infalivelmente lhe tributariam, como para melhor agir.

         Indo e vindo, dum lado a outro do presídio, deu com um forçado mais infeliz que culpado, que se desesperava com a condição em que se achava, pensando na mulher e nos filhos, certamente reduzidos à mais negra miséria.
Vicente ficou tão comovido, foi tanta a sua compaixão, que se fez pelo desgraçado o que Paulino de Nola para resgatar da escravidão o filho duma pobre viúva: ofereceu-se para sofrer-lhe a pena pelo resto da vida. A oferta foi aceita, e Vicente levou por algumas semanas as cadeias de ferro dos galeotes - até que se descobriu que se tratava do Capelão-Mor da França.

INCENTIVADOR DO CUMPRIMENTO DAS REGRAS
Uma das últimas ações de São Vicente de Paulo foi distribuir exemplares da regra aos membros da sua comunidade. Relembra sucintamente de que maneira começara a obra das missões, o retiro dos ordenandos, as confrarias de caridade, a obra das crianças encontradas. E acrescenta:
Não sei como tudo se fez. Não consigo dizer como tudo foi aparecendo, afirmava Monsieur Portail.

        Os exercícios da comunidade, como surgiram? Não saberia dize-lo. As conferências, por exemplo (Oh! Ainda outras faremos juntos!) com elas nem sonhávamos. A repetição da oração, que outrora era desprezada, e que agora se pratica com bênçãos em muitíssimas comunidades, passou jamais por nosso pensamento? Não sei de nada! Fez-se a pouco e pouco, sem que déssemos conta. As coisas vieram assim, diríamos, de mansinho, uma após outra. Foi Deus, unicamente Deus, quem inspirou tudo.
Rogava, então, aos padres, notadamente a Portail e Alméras, que viessem receber as regras que estabelecera, uma vez que lhe era impossível ir a cada qual, como, todavia, desejava.
Então ele pedia especialmente a Portail e Alméras, que viessem receber as regras até ele, porque lhe era impossível ir a cada um deles, como era seu desejo.
Eles vieram e de joelhos, humildemente, receberam as regras, beijando o livro, as mãos de Monsieur Vicente. E Vicente, a cada um deles, dizia:
- Vem, para que Deus te abençoe.
Terminada a distribuição, Alméras ajoelhou-se e pediu ao santo que o abençoasse e a todos, igualmente de joelhos. Vicente, também prosternado, orou a Deus:
- Ó Senhor, vós que sois a lei eterna e a razão imutável, vós que governais todo o universo por vossa infinita sabedoria; vós, de quem emana, como duma fonte, toda a conduta e as regras do bem viver, abençoai, por misericórdia, os que aqui recebem as regras, como se vindas de vós. Dai-lhes, Senhor, as graças necessárias para que as observem sempre com inviolável fidelidade até a morte. É com confiança, pensando na vossa infinita bondade, que eu pecador miserável, pronuncio as palavras de benção: "Que a benção de Nosso Senhor Jesus Cristo desça sobre vós e em vos permaneça para sempre! Em nome do Padre, e do Filho e do Espírito Santo. Assim seja!
O santo homem fez ainda perto de trinta conferências aos missionários sobre o espírito e a prática de suas regras. Era-lhe o testamento, o testamento de Elias à Igreja. São Vicente de Paulo morreu a 27 de setembro de 1660. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVII, p. 60 à 99) 
 FRASES DE SÃO VICENTE DE PAULO
"Amemos a Deus, meus irmãos, amemos a Deus, mas que isto seja a custa dos nossos braços, que isto seja com o suor dos nossos rostos".

"Só as verdades eternas podem encher o nosso coração".

"Convém amar os pobres com um afeto especial, vendo neles a pessoa do próprio Cristo, e dando-lhes a importância que Ele mesmo dava."

"Os que desejam realmente seguir as máximas de Cristo, devem ter em grande conta a simplicidade".

“É entre eles, - entre os pobres – onde se conserva a verdadeira religião, a verdadeira fé”.




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quinta-feira, setembro 26, 2013

FUNDAMENTALISMO BÍBLICO

O MÊS DE SETEMBRO É O MÊS DA BÍBLIA, TODO DEDICADO A DESPERTAR E PROMOVER ENTRE OS FIÉIS O CONHECIMENTO E O AMOR DOS LIVROS SANTOS,A PALAVRA DE DEUS ESCRITA, REDIGIDA SOB A MOÇÃO DO DIVINO ESPÍRITO SANTO, MOTIVANDO-OS PARA SUA LEITURA COTIDIANA, ATENTA E PIEDOSA.

No próximo dia 29, último domingo de setembro, celebraremos o dia nacional da Bíblia, véspera do dia de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos.

A Bíblia é o livro sagrado por excelência, escrito para o nosso bem. “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II Tim 3, 16-17).

O ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).
Devemos venerar profundamente as Sagradas Escrituras. Mas a religião cristã não é uma “religião do Livro”, como alguns a intitulam. O cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo (São Bernardo). Por isso, proclamamos, ouvimos e acolhemos a Sagrada Escritura como Palavra de Deus, na linha da Tradição Apostólica, da qual é inseparável (Dei Verbum, 20).

Assim sendo, a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes. O “literalismo” propugnado pela leitura fundamentalista constitui uma traição tanto do sentido literal como do espiritual, abrindo caminho a instrumentalizações.

O fundamentalismo tende a tratar o texto bíblico como se fosse ditado palavra por palavra pelo Espírito e não chega a reconhecer que a Palavra de Deus foi formulada numa linguagem e numa fraseologia condicionadas a cada época (cf. Bento XVI, Verbum Domini, 44).

O fundamentalismo desnatura a mensagem da Palavra de Deus. Tem uma tendência a uma grande estreiteza de visão, considerando, por exemplo, conforme a realidade uma antiga cosmologia já ultrapassada, só porque se encontra expressa na Bíblia; isso impede o diálogo com uma concepção mais ampla das relações entre a cultura e a fé. Quer usar certos textos da Bíblia para confirmar ideias políticas e atitudes sociais marcadas por preconceitos racistas, por exemplo, simplesmente contrários ao Evangelho cristão (cf. Pont. Com. Bíblica – A Interpretação da Bíblia na Igreja).

No rádio ou na TV, continuamente somos invadidos por mensagens fundamentalistas abrasadas contras os males do nosso tempo: anunciam catástrofes iminentes, possuem um código secreto que predisse certos eventos ocorridos no mundo, opõem-se à presença de mulheres trabalhando fora ou na política, etc., citando sempre a Bíblia ao pé da letra. Esse modo de interpretar é atraente e sedutor, como todo radicalismo, mas acaba por desacreditar e tornar antipática a própria Bíblia. Há que se notar, porém, que, embora o fundamentalismo bíblico tenha nascido no protestantismo, nem todos os evangélicos são fundamentalistas. E o fundamentalismo bíblico também pode atingir os meios católicos.



Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney








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domingo, setembro 22, 2013

O ADMINISTRADOR PREVIDENTE - XXV DTC


De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, os discípulos de Jesus devem evitar que a ganância ou o desejo imoderado do lucro manipulem as suas vidas e condicionem as suas opções; em contrapartida, são convidados a procurar os valores do “Reino”.

EVANGELHO – Lc 16,1-13
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo 
segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
"Um homem rico tinha um administrador
que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens.
Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração,
porque já não podes continuar a administrar’.
O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração?
Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha.
Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’.
Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor
e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’.
Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’.
O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro:
‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador:
‘Toma a tua conta e escreve oitenta’.
E o senhor elogiou o administrador desonesto,
por ter procedido com esperteza. De fato, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz,
no trato com os seus semelhantes.
Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro,
para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas,
também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso?
Nenhum servo pode servir a dois senhores,
porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro"
Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
Nunca como neste caso será preciso reafirmar que a parábola não tem outra finalidade que não seja a de levar a uma atitude concreta e operativa, a cujo serviço são chamados todos os elementos da narração, os quais, tomados em si mesmos e separadamente, poderiam ser até contraditórios e desviantes. 

A finalidade, portanto, é constituída pelo versículo 9: “Arranjai amigos..” como o administrador, protagonista da narrativa , ganhou o reconhecimento dos devedores, assim os discípulos devem cultivar amigos, socorrendo e fazendo o bem aos pobres neste mundo.

A ilusão das riquezas e o desapego necessário delas é reafirmada com insistência nas catequeses feitas por Jesus, durante a Sua viagem para Jerusalém. Deve colocar-se e compreender-se neste contexto o Evangelho de hoje (XXV Domingo do Tempo Comum – Ano C).

 Embora as parábolas obriguem a dirigir a nossa atenção para o essencial, para perceber a finalidade pragmática da narrativa, podemos todavia – sem renunciar a perspectiva fundamental – examinar as personagens e as situações da narrativa. Antes de mais, o “homem rico”(Lc 16,1) é o Senhor: todos os bens Lhe pertencem; as riquezas, por conseguinte, são as coisas boas que o Senhor coloca à disposição dos Seus filhos. Nós não somos donos delas, mas simples “administradores”, que devemos dispor delas conforme os projetos de Deus. 

Acontece-nos muitas vezes que desperdiçamos os bens que nos foram confiados, como aconteceu com o filho da parábola do “PAI BOM”, ou utilizamos mal, como fez o rico que não prestou atenção ao pobre Lázaro (Lc 15,11-32 e Lc 16,19-31). Deste modo, tornamo-nos maus administradores dos dons de Deus e contraímos débitos com o Dono, ao qual devemos prestar contas da nossa gestão. 

Sabendo porém que não temos nenhuma possibilidade de nos justificarmos com as nossas obras e capacidades, a única possibilidade que nos resta é a de nos tornarmos misericordiosos , de perdoarmos as dívidas, de aliviarmos a carga do próximo: no fundo era esta a finalidade para que nos tinham sido confiados os dons de Deus, para isto é que tínhamos sido constituídos administradores dos Seus bens.

A parábola é endereçada aos discípulos (v 1) que precisam optar decididamente por Jesus, correndo o risco de serem “demitidos” do encargo de continuar o projeto de Deus , caso não preencham certos requisitos. Como agir para não “perder a viagem”com Jesus a Jerusalém? Eles se encontram numa encruzilhada: urge optar, desprendendo-se, à semelhança do administrador que “jogou tudo”. Essa opção implica:

DESPRENDIMENTO: O administrador, na iminência de perder o cargo, desfaz-se do ilícito e do lícito. Assim devem ser os  “filhos da luz” (cf 14,33 “Qualquer um de vocês, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo”);

PARTILHA: O administrador privou-se do era próprio, para beneficiar outros. Seu “dinheiro injusto” (Jesus chama assim porque as fortunas encobrem, na maioria dos casos, uma injustiça social, (cf Primeira Leitura do Profeta Amós), é agora empregado na construção da fraternidade. O acúmulos cheira mal e agride as propostas do Reino.

FIDELIDADE: O texto insiste no termo fiel, que significa digno de confiança. Jesus confiará seu projeto aos que o seguem no caminho. Essa confiança pressupõe estar isentos de usura em relação aos bens terrenos e abertos à proposta de partilha que vem do Reino, a fim de ser confiáveis em relação ao verdadeiro bem, que é a continuação da prática de Jesus.

OPÇÃO FUNDAMENTAL: O discípulo que não é desprendido, não sabe partilhar, não é digno de confiança, é incapaz de se decidir por Jesus. Ficar em cima do muro é já não pertencer a Deus.


cf . Giuseppe Casarin, Leccionário Comentado Tempo Comum Semanas XVIII-XXXIV , Paulus , página 400
cf.  Padre José Bortolini , Roteiros Homiléticos , Anos A, B e C . Paulus, página 681.









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"MARIA, DOE-NOS O SEU OLHAR E NOS PROTEJA DE QUEM NOS PROMETE ILUSÕES" PAPA FRANCISCO - CAGLIARI - SARDENHA

Cagliari (RV) – “Maria, doe-nos o seu olhar” – foi o que repetiu várias vezes em sua homilia o Papa Francisco na missa realizada esta manhã na praça diante do Santuário de Nossa Senhora de Bonária, na cidade de Cagliari, na ilha da Sardenha.
Papa Francisco em Cagliari 
Cidade da Sardenha para Visita Pastoral
Diante de milhares de fiéis, o Pontífice notou que em Cagliari, como em toda a Sardenha, não faltam dificuldades, problemas e preocupações: de modo especial, o Papa citou o desemprego e a situação de precariedade de muitos trabalhadores e, portanto, a incerteza do futuro.
Diante dessas situações de pobreza que a ilha enfrenta, o Pontífice garantiu sua solidariedade e sua oração, ao mesmo tempo em que pediu o empenho das instituições – inclusive da Igreja – para garantir às pessoas e às famílias os direitos fundamentais.

“Vim em meio a vocês para colocar-me aos pés de Nossa Senhora que nos doa o seu Filho”, assim como fizeram e fazem gerações de sardos, muitos dos quais foram obrigados a emigrar em busca de um trabalho e de um futuro para si e para sua família.
Nossa Senhora de Bonária

“Vim em meio a vocês, ou melhor, viemos todos juntos para encontrar o olhar de Maria, porque nele está refletido o olhar do Pai, que a fez Mãe de Deus, o olhar do Filho da cruz, que a fez nossa Mãe. 
E com aquele olhar hoje Maria nos olha. Precisamos do seu olhar de ternura, do seu olhar materno que nos conhece melhor do que ninguém, do seu olhar repleto de compaixão e cuidado. Maria, doe-nos o seu olhar”, repetiu várias vezes o Santo Padre, porque este olhar nos leva a Deus, que jamais nos abandona.
Santuário de Nossa Senhora de Bonária

No caminho, muitas vezes difícil, disse Francisco, não estamos sós, somos muitos, somos um povo, e o olhar de Nossa Senhora ajuda a olhar-nos entre nós de modo fraterno. “Olhemo-nos de modo mais fraterno!”, pediu o Pontífice, recordando que existem muitas pessoas que instintivamente consideramos de menor valor e que, ao invés, são as que mais necessitam: os mais abandonados, os doentes, os que não têm do que viver, os que não conhecem Jesus, os jovens em dificuldade e que não encontram trabalho. 
“Não tenhamos medo de sair e olhar para nossos irmãos com o olhar de Maria. E não permitamos que algo ou alguém se coloque entre nós e o olhar de Maria.”
E o Papa concluiu: “Que ninguém esconda de nós este olhar! Que o nosso coração de filhos saiba defendê-lo dos que nos prometem ilusões, promessas que não se podem cumprir. Mãe, doe-nos o seu olhar!”
No final da comunhão, Francisco pronunciou o ato de consagração diante da imagem de Nossa Senhora, depositando uma coroa de flores.
E antes oração do Angelus, agradeceu a todos os que colaboraram para organizar esta visita, confiando-os à proteção de Nossa Senhora de Bonária.

“Neste momento, penso a todos os inúmeros santuários marianos da Sardenha: esta terra tem um forte elo com Maria, um elo que expressam em sua devoção e cultura. Sejam sempre verdadeiros filhos de Maria e da Igreja, e demonstrem-no com a vida, seguindo o exemplo dos santos!”









RV
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sábado, setembro 21, 2013

SÃO MATEUS, APÓSTOLO E EVANGELISTA

A IGREJA CELEBRA HOJE, DE FORMA ESPECIAL, A VIDA DE SÃO MATEUS APÓSTOLO E EVANGELISTA, CUJO NOME ANTES DA CONVERSÃO ERA LEVI. MORAVA E TRABALHAVA COMO COLETOR DE IMPOSTOS EM CAFARNAUM, NA PALESTINA.

Quando ouviu a Palavra de Jesus: “Segue-me” deixou tudo imediatamente, pondo de lado a vida ligada ao dinheiro e ao poder para um serviço de perfeita pobreza: a proclamação da mensagem cristã! Ele trocou de nome para Mateus, o “dom de Deus”.

Quando falam do episódio do coletor de impostos chamado a seguir Jesus, os outros evangelistas, Marcos e Lucas, falam de Levi. 

Mateus ao contrário prefere denominar-se com o nome mais conhecido de Mateus e usa o apelido de publicano, que soa como usuário ou avarento, “para demonstrar aos leitores – observa São Jerônimo – que ninguém deve desesperar da salvação, se houver conversão para vida melhor”.

Acredita-se, mesmo, que tal mudança não tenha realmente ocorrido dessa forma, mas sim pelo seu próprio e espontâneo entusiasmo no Messias. 

Na verdade, o que se imagina é que Levi havia algum tempo cultivava a vontade de seguir as palavras do profeta e que aquela atitude tenha sido definitiva para colocá-lo para sempre no caminho da fé cristã.

Daquele dia em diante, tornou-se um dos maiores seguidores e apóstolos de Cristo, acompanhando-o em todas as suas caminhadas e pregações pela Palestina. 

São Mateus foi o primeiro apóstolo a escrever um livro contando a vida e a morte de Jesus Cristo, ao qual ele deu o nome de Evangelho e que foi amplamente usado pelos primeiros cristãos da Palestina. Quando o apóstolo são Bartolomeu viajou para as Índias, levou consigo uma cópia.

Depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos espalharam-se pelo mundo e Mateus foi para a Arábia e a Pérsia para evangelizar aqueles povos. Porém foi vítima de uma grande perseguição por parte dos sacerdotes locais, que mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois ser sacrificado aos deuses. 


Mas Deus não o abandonou e mandou um anjo que curou seus olhos e o libertou. Mateus seguiu, então, para a Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por feiticeiros que se opunham à evangelização. Porém o príncipe herdeiro morreu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. 

Com esse ato, Mateus conseguiu converter grande parte da população. Na época, a Igreja da Etiópia passou a ser uma das mais ativas e florescentes dos tempos apostólicos.

São Mateus morreu por ordem do rei Hitarco, sobrinho do rei Egipo, no altar da igreja em que celebrava o santo ofício da missa. 

Isso aconteceu porque não intercedeu em favor do pedido de casamento feito pelo monarca, e recusado pela jovem Efigênia, que havia decidido consagrar-se a Jesus. Inconformado com a atitude do santo homem, Hitarco mandou que seus soldados o executassem.

No ano 930, as relíquias mortais do apóstolo são Mateus foram transportadas para Salerno, na Itália, onde, até hoje, é festejado como padroeiro da cidade. A Igreja determinou o dia 21 de setembro para a celebração de são Mateus, apóstolo.

Evangelho de hoje Mt 9,9-13

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus – Naquele tempo, Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado no posto do pagamento das taxas. Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu. Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. 


Vendo isto, os fariseus disseram aos discípulos: “Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?” Jesus, ouvindo isto, respondeu-lhes: “Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” – Palavra da salvação.

São Mateus, rogai por nós!





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