terça-feira, janeiro 25, 2022

FESTA DE SÃO PAULO APÓSTOLO




FESTA DE SÃO PAULO APÓSTOLO

25 de janeiro de 2022

 

Paróquia São Conrado






Paulo é o nome grego de Saulo, homem hebreu de religião judia, oriundo de Tarso da Cilícia, cidade situada no sudeste da atual Turquia, e que viveu no século I depois de Cristo. Paulo foi, portanto, contemporâneo de Jesus de Nazaré, embora provavelmente não tenham chegado a encontrar-se em vida.

Saulo de Tarso foi educado no farisaísmo, uma das seitas do judaísmo do século I. Como ele próprio conta na sua Epístola aos Gálatas, seu zelo pelo judaísmo levou-o a perseguir o nascente grupo dos cristãos (Gal 1, 13-14), que considerava contrários à pureza da religião judaica, até o dia em que, na estrada de Damasco, o próprio Jesus mostrou-se a ele e o chamou para segui-lo, como antes havia feito com os apóstolos. Saulo respondeu a esse chamado batizando-se e dedicando a sua vida à difusão do evangelho de Jesus Cristo (At 26, 4-18).

A conversão é um dos momentos-chave da vida de São Paulo, porque é precisamente quando ele começa a entender o que é a Igreja como Corpo de Cristo: perseguir um cristão é perseguir o próprio Cristo. Na mesma passagem, Jesus apresenta-se como “Ressuscitado", situação a que após a morte chegarão todos aqueles que seguirem os passos de Jesus, e como “Senhor", reforçando o seu caráter divino, uma vez que a palavra “senhor", kyrie, é usada na Bíblia grega para referir-se ao próprio Deus. Podemos, pois, dizer que recebeu do próprio Jesus o evangelho que devia pregar, e logo, pela ajuda da graça e pela sua própria reflexão, soube tirar dessa primeira luz muitas das principais implicações do evangelho, tanto para uma maior compreensão do mistério divino como para mostrar as suas consequências para a situação e atuação dos homens com ou sem fé em Cristo.

Paulo é apresentado no momento da sua conversão com características de profeta e recebe juntamente com a fé uma missão bem concreta. Como diz outro livro do Novo Testamento, os Atos dos Apóstolos, o Senhor disse a Ananias, o homem que devia batizar Paulo: “Vai, porque este homem é para mim um instrumento escolhido, que levará o meu nome diante das nações, dos reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei tudo o que terá de padecer pelo meu nome" (At 9, 15-16). O Senhor também disse o mesmo a Paulo: “Eu sou Jesus, a quem persegues. Mas levanta-te e põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e de outras para as quais hei de manifestar-me a ti. Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para abrir-lhes os olhos, a fim de que se convertam das trevas à luz e do poder de Satanás a Deus, para que, pela fé em mim, recebam perdão dos pecados e herança entre os que foram santificados" (At 26, 15-18).

São Paulo levou a cabo a sua missão de pregar o caminho da salvação realizando viagens apostólicas, fundando e fortalecendo comunidades cristãs nas diversas províncias do Império Romanos por que passava: Galácia, Ásia, Macedônia, Acaia, etc. Os escritos do novo testamento revelam-nos um Paulo escritor e pregador. Quando chegava a um lugar, Paulo ia à sinagoga, lugar de reunião dos judeus, para pregar o evangelho. Depois, dirigia-se aos pagãos, isto é, aos não judeus.

Depois de deixar alguns lugares, quer por ter deixado a pregação inconclusa, quer para responder as perguntas que as comunidades lhe faziam, Paulo começou a escrever cartas, que desde o início foram recebidas nas igrejas com a maior reverência. Escreveu para comunidades inteiras e para pessoas em particular. O Novo Testamento transmitiu-nos 14 que tem a sua origem na pregação de Paulo: uma Carta aos Romanos, duas Carta aos Coríntios, uma Carta aos Efésios, uma Carta aos Filipenses, uma Carta aos Colossenses, duas cartas aos Tessalonicenses, duas Cartas a Timóteo, uma Carta a Tito, uma Carta a Filêmon e uma Carta aos Hebreus. Embora não sejam fácil de datar, podemos dizer que a maioria delas foi escrita na década que vai do ano 50 e 60.

O centro da mensagem pregada por Paulo é a figura de Cristo na perspectiva de que a salvação dos homens foi cara. A redenção efetuada por Cristo, cuja ação mantém relação estreita com a ação do Pai e a do Espírito Santo, marca um ponto de inflexão na situação do homem e na sua relação com Deus. Antes da redenção, o homem caminhava no pecado, cada vez mais distante de Deus, mas agora está no Senhor, no Kyrios, que ressuscitou e venceu a morte e o pecado, e que constitui uma só verdade com os que creem e recebem o batismo. Nesse sentido, podemos dizer que a chave para compreender a teologia paulina é o conceito de conversão (metánoia), como passo da ignorância à fé, da Lei de Moisés à Lei de Cristo, do pecado à graça.


segunda-feira, janeiro 24, 2022

III DOMINGO DO TEMPO COMUM







III DOMINGO DO TEMPO COMUM
23 de janeiro de 2022


Paróquia São Conrado


Antes de narrar a vida de Jesus, Lucas quer apresentar seu programa. Este programa lhe interessa muito, porque é precisamente esse o programa que os seguidores de Jesus devem ter diante dos olhos. De acordo com Lucas, é o próprio Jesus quem seleciona uma passagem do profeta Isaías e a lê às pessoas de seu povoado, para que possam entender melhor o Espírito que o anima, as preocupações que traz em seu coração e a tarefa à qual quer dedicar-se de corpo e alma.

O Espírito do Senhor está sobre mim. Ele me ungiu". Jesus se sente ungido pelo Espírito de Deus, impregnado por sua força. Por isso, seus seguidores o chamarão "Cristo", ou seja, "Ungido", e por isso eles próprios serão chamados "cristãos": Para Lucas, é uma contradição ser chamado "cristão" e viver sem esse Espírito de Jesus. *Enviou-me para dar a Boa Notícia aos pobres? Deus se preocupa com o sofrimento das pessoas. Por isso, seu Espírito impele Jesus a deixar sua aldeia para levar a Boa Notícia aos pobres. Esta é sua grande tarefa: por esperança no coração dos que sofrem. Se o que nós cristãos fazemos e dizemos não é captado como "Boa Notícia" pelos que sofrem, que Evangelho estamos pregando? A que nós estamos dedicando? Jesus se sente enviado a quatro grupos de pessoas: os "pobres", os "cativos ", os "cegos" e os "oprimidos". São os que ele traz mais fundo no coração, os que mais o preocupam. Qual foi a "grande preocupação" de Jesus? Devemos ser honestos. Ou a Igreja é dos que sofrem ou deixa de ser a Igreja de Jesus Se não são eles os que nos preocupam, com que nós estamos preocupando? Jesus tem claro seu programa: semear liberdade, luz e graça. E isto que ele deseja introduzir naquelas aldeias da Galileia e no mundo inteiro. Nós podemos dedicar-nos a julgar a sociedade atual e condená-la; podemos lamentar-nos da indiferença religiosa. Mas, se seguirmos o programa de Jesus, nos sentiremos chamados a encher o mundo com a liberdade, a luz e a graça de Deus.

terça-feira, janeiro 18, 2022

SOLENIDADE DE SÃO SEBASTIÃO








São Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Cristo Jesus. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.

 

São Sebastião, soldado romano e cristão

São Sebastião nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome de origem grega, Sebastós, significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai.

No exército romano, chegou a ser Capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas. Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião,  sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos.

Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.

 

Missionário no exército romano

De acordo com Atos apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião teria se alistado no exército romano já com a única intenção de afirmar e dar força ao coração dos cristãos, enfraquecidos diante das torturas.

 

Martírio de São Sebastião

Ao tomar conhecimento de cristãos infiltrados no exército romano, Maximiano realizou uma caça a esses cristãos, expulsando-os do exército. Só os filhos de soldados ficaram obrigados a servirem o exército. E este era o caso do Capitão Sebastião. Para os outros jovens a escolha era livre. Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Maximiano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros. Maximiano, porém, ordenou que Sebastião tivesse uma morte cruenta diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram num poste no estádio de Palatino e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.

 

Recuperação

Irene, uma cristã devota, e um grupo de amigos, foram ao local e, surpresos, viram que Sebastião continuava vivo. Levaram-no dali e o esconderam na casa de Irene que cuidou de seus ferimentos.

 

Segundo martírio de São Sebastião

Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Maximiano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos. Desta vez o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse. Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto dos apóstolos.

 

Sepultamento

Alguns autores acreditam que Sebastião foi enterrado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde se encontra sua Basílica. Construíram, então, nas catacumbas, um templo, a Basílica de São Sebastião. O templo existe até hoje e recebe devotos e peregrinos do mundo todo.

 

Devoção a São Sebastião

Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. São Sebastião é celebrado no dia 20 de janeiro. Existe também uma capela em Palatino, com uma pintura que mostra Irene tratando das feridas de Sebastião. Irene também foi canonizada e sua festa é no dia 30 de março.

 

Oração a São Sebastião

São Sebastião glorioso mártir de Jesus Cristo e poderoso advogado contra a peste, defendei a mim, minha família e todo o país do terrível flagelo da peste e de todos os males para que servindo a Jesus Cristo alcancemos a graça de participar de vossa Glória no céu. Amém.


segunda-feira, janeiro 17, 2022

II DOMINGO DO TEMPO COMUM








Para isso acontecer é importante compreender o que é a vida cristã. Vamos considera-la a partir do Evangelho das Bodas de Caná, que acabamos de ouvir. A vida cristã pode ser compreendida a partir de três sinais descritos no Evangelho: as talhas de pedra, a água e o vinho. A talha é um símbolo que ajuda a compreender a vida de cada um nós. A vida é como uma talha, no qual podemos colocar dentro o que queremos. Para que servem as talhas? Para colocar água! Para que serve a minha vida? O que eu coloco dentro da minha vida? Note que, Jesus pede para encher as talhas de pedra. Maria diz aos servos: "Fazei tudo que ele vos disser". Colocar a Palavra de Jesus, colocar o seu Evangelho dentro de nós. A vida cristã consiste em encher a "talha" da nossa existência com o Evangelho de Jesus Cristo.

Dois outros simbolismos ajudam a compreender o que é a vida cristã. O primeiro símbolo — as talhas — diz que a vida cristã consiste em encher as nossas vidas com a Palavra do Evangelho de Jesus. O segundo símbolo é a água. Nos escritos de São João, a água é sacramento do Espírito Santo. Jesus pede para encher as talhas de pedra com água. Compreendemos que a vida cristã consiste em encher nossas vidas com o Espirito Santo. Vida iluminada pelo Evangelho e vida conduzida pelo Espírito Santo. Por fim, o terceiro símbolo: o vinho. Muitos estudiosos de João veem no vinho um prenúncio da Eucaristia. Na teologia judaica, o vinho representa vida plena, vida festiva, alegre. A vida cristã, na "talha da vida", alimenta-se da vida divina, presente na Eucaristia, vinho que bebemos a vida eterna. Não existe vida cristã sem o vinho da Eucaristia. Vivendo o que Jesus pede no Evangelho, conduzidos pelo Espírito Santo, alimentados pela Eucaristia podemos construir uma sociedade iluminada pela justiça, como dizia a 1ª leitura, uma sociedade capaz de partilhar os dons para o bem de todos, no dizer da 2ª leitura. Isso é possível quando se vive autenticamente a vida cristã. Amém! Para isso acontecer é importante compreender o que é a vida cristã. Vamos considera-la a partir do Evangelho das Bodas de Caná, que acabamos de ouvir. A vida cristã pode ser compreendida a partir de três sinais descritos no Evangelho: as talhas de pedra, a água e o vinho. A talha é um símbolo que ajuda a compreender a vida de cada um nós. A vida é como uma talha, no qual podemos colocar dentro o que queremos. Para que servem as talhas? Para colocar água! Para que serve a minha vida? O que eu coloco dentro da minha vida? Note que, Jesus pede para encher as talhas de pedra. Maria diz aos servos: "Fazei tudo que ele vos disser". Colocar a Palavra de Jesus, colocar o seu Evangelho dentro de nós. A vida cristã consiste em encher a "talha" da nossa existência com o Evangelho de Jesus Cristo.

Dois outros simbolismos ajudam a compreender o que é a vida cristã. O primeiro símbolo — as talhas — diz que a vida cristã consiste em encher as nossas vidas com a Palavra do Evangelho de Jesus. O segundo símbolo é a água. Nos escritos de São João, a água é sacramento do Espírito Santo. Jesus pede para encher as talhas de pedra com água. Compreendemos que a vida cristã consiste em encher nossas vidas com o Espirito Santo. Vida iluminada pelo Evangelho e vida conduzida pelo Espírito Santo. Por fim, o terceiro símbolo: o vinho. Muitos estudiosos de João veem no vinho um prenúncio da Eucaristia. Na teologia judaica, o vinho representa vida plena, vida festiva, alegre. A vida cristã, na "talha da vida", alimenta-se da vida divina, presente na Eucaristia, vinho que bebemos a vida eterna. Não existe vida cristã sem o vinho da Eucaristia. Vivendo o que Jesus pede no Evangelho, conduzidos pelo Espírito Santo, alimentados pela Eucaristia podemos construir uma sociedade iluminada pela justiça, como dizia a 1ª leitura, uma sociedade capaz de partilhar os dons para o bem de todos, no dizer da 2ª leitura. Isso é possível quando se vive autenticamente a vida cristã.


sábado, janeiro 15, 2022

O NOSSO BATISMO





O NOSSO BATISMO

15 de janeiro de 2022

 

Paróquia São Conrado



Nesta semana, com a festa do Batismo de Jesus no rio Jordão, início da sua vida pública, começa o tempo comum na Liturgia. Tempo também de refletirmos sobre o nosso Batismo, começo da nossa vida cristã, o primeiro dos sete sacramentos da Igreja.

Sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, pelos quais nos é dispensada a graça divina.

O Batismo é o primeiro dos Sacramentos da iniciação cristã, ou seja, começamos a ser cristãos, incorporados em Cristo, no dia do nosso Batismo. É o fundamento de toda a vida cristã e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. É o que se chama: nascer de novo, significa e realiza aquele nascimento da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).

O Batismo foi prefigurado na Antiga Aliança: a Arca de Noé, prefigura aqueles que foram salvos pela água; a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egito, que anuncia a libertação operada pelo Batismo; na travessia do rio Jordão, graças à qual o povo de Deus recebe o dom da terra prometida à descendência de Abraão, imagem da vida eterna. A promessa desta herança bem-aventurada cumpre-se na Nova Aliança. Todas as prefigurações da Antiga Aliança encontram a sua realização em Jesus Cristo. Ele começa a sua vida pública depois de Se ter feito batizar por São João Baptista no Jordão. E depois da sua ressurreição, confere esta missão aos Apóstolos: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações; batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20).

Nosso Senhor sujeitou-se voluntariamente ao Batismo de São João, destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça. Este gesto de Jesus é uma manifestação do seu “aniquilamento”. O Espírito que pairava sobre as águas da primeira criação, desce então sobre Cristo como prelúdio da nova criação e o Pai manifesta Jesus como seu “Filho muito amado”. “Repara: Onde é que foste batizado, de onde é que vem o Batismo, senão da cruz de Cristo, da morte de Cristo? Ali está todo o mistério: Ele sofreu por ti. Foi n'Ele que tu foste resgatado, n'Ele que foste salvo” (Santo Agostinho). Nascidas com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento no Batismo para serem libertas do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. A pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan

quinta-feira, janeiro 06, 2022

OS REIS DA PAZ






Celebramos nesta semana a Epifania (manifestação) do Senhor. Foi o dia em que Jesus se manifestou como Salvador de todos os povos, na pessoa dos Reis do Oriente, que vieram visitar o Menino Jesus em Belém, exemplo de perseverança na vocação, ao chamado de Deus, nas dificuldades e tentações da vida. “Aquela estrela era a graça” (Santo Agostinho).

Deus usa de vários meios para chamar a si as pessoas, meios adaptados à personalidade e às condições de cada um. Aos pastores, judeus, já familiarizados com as revelações divinas do Antigo Testamento, Deus chamou através dos anjos, mensageiros da boa nova do nascimento de Jesus. Os Magos, porém, eram pagãos. Como eram astrônomos e astrólogos, Deus os chamou através de uma estrela misteriosa. Jesus não discrimina ninguém: no seu presépio vemos pobres e ricos, judeus e árabes. Todos são bem-vindos ao berço do pacífico Menino Deus.

Jesus veio ao mundo trazer a paz, a sua paz, a verdadeira: “Dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou” (Jo 14, 27).  “Príncipe da Paz” é o título que lhe dava o profeta Isaías: “seu nome será... Príncipe da Paz” (Is 9,5). Esse foi o cântico dos anjos na noite de Natal: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e, na terra, paz aos que são do seu agrado!” (Lc 2, 14). Essa foi a sua saudação ao ressuscitar: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19 ss).

Em sua mensagem para o 55º Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro deste ano de 2022, com o título “Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura”, o Papa Francisco toma como lema a frase do profeta Isaías: “Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52,7).

“Em cada época, a paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto dum empenho compartilhado. De fato, há uma ‘arquitetura’ da paz, onde intervêm as várias instituições da sociedade, e existe um ‘artesanato’ da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós. Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados”.

“Quero propor, aqui, três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar possível a criação dum pacto social, sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz. Aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais, aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem como a todos os homens e mulheres de boa vontade, faço apelo para caminharmos, juntos... E que sempre nos preceda e acompanhe a bênção do Deus da paz!”.


Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan 


quarta-feira, janeiro 05, 2022

SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR









SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR

2 de janeiro de 2021

 

Paróquia São Conrado



A Epifania é feita de trevas e de luz. Herodes está nas trevas: cheio de inquietude e toda Jerusalém com ele … Ele convoca os Magos “em segredo”, fecha-se na mentira, fazendo crer que quer adorar o Messias enquanto procura fazê-lo matar. Os Magos, eles, estão na luz, vêm do país onde se levanta o sol, e uma estrela ilumina a sua noite. Põem-se a caminho, procuram, questionam. Esta luz para a qual eles tendem alegra-os. Então, prosternam-se diante d’Aquele que se dirá “a Luz do mundo”. Em toda a verdadeira relação há um intercâmbio. Então, Deus oferece ao mundo seu Filho como presente, os Magos abrem os seus cofres e oferecem-nos Àquele que eles consideram como Rei (ouro), como Deus (incenso) e como humano que é mortal (mirra). Nesse dia, Deus faz-Se reconhecer por aqueles que O procuram, enquanto os chefes dos sacerdotes e os escribas que pensavam tê-lo encontrado ficam em Jerusalém e recusarão reconhecê-Io.

Diz- se que eram três reis vindos do oriente. O que é seguro é que não eram reis, mas sábios astrólogos. Porém, nesta Solenidade da Epifania, é de uma história de reis que se trata. Não são três, mas dois. Primeiro, o rei Herodes, “o Grande”. A ele se deve a reconstrução do Templo. Mas distinguiu-se, sobretudo pela crueldade e pelos seus crimes, matando mesmo três dos seus filhos para preservar o poder. E depois, há outro rei, aquele que os Magos vieram procurar. “Onde está o rei dos Judeus que acaba de nascer?” Esta simples questão basta para aterrorizar Herodes. Este título colar-se-á a Jesus até à cruz. Que imensa oposição entre estes dois reis! De um lado, a sede de um poder tirânico, o recurso à violência, à tortura, à guerra, à mentira … De outro lado, uma criança desprovida de qualquer poder, que terminará lamentavelmente na cruz. Como não reler a história da humanidade, inclusive a história das religiões, a esta luz? “Em nome de Deus” matou-se e trucidou-se tanta gente … E as coisas não parecem estar perto do fim! Reis, príncipes, papas, imãs … utilizaram o seu poder para impor a dita “verdadeira religião”. Os cristãos entraram igualmente nesse esquema. Mas cada vez que recorreram à violência, traíram, negaram, crucificaram Jesus, o rei sem poder. Jesus nunca recorreu à espada, nunca recomendou o uso das armas. É uma das maiores lições da Epifania: quando Deus Se manifesta em Jesus, proclama alto e bom som que nunca esteve nem estará do lado dos poderosos, da força, do terrorismo, da guerra. Ele não Se defenderá, pois o seu poder está noutro lado. Possamos nós, com os Magos, vir sem cessar até Jesus, que nos apresenta Maria sua mãe, e, caindo de joelhos, dizer-lhe que é Ele que queremos seguir, Ele que, só, é verdadeiramente um rei “doce e humilde de coração”.


terça-feira, janeiro 04, 2022

SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS





Acolho a cada um de vocês com os votos de feliz ano novo. Votos extensivos a todos os familiares e a toda a nossa comunidade paroquial. No início de um novo ano, a Liturgia coloca-nos diante da Mãe de Jesus, a primeira cristã, a primeira discípula de seu Filho Jesus. Por isso, Maria é exemplo da vida cristã. É muito bom olhar para Maria como exemplo da vida cristã porque ela é humana como nós. Tudo que aconteceu com ela e com José, como a ansiedade, medos, dúvidas antes e depois do Natal... visitaram seu coração e visita também os nossos corações, visita nossas nossas vidas. Por ser humana, podemos admirá-la, venerá-la e imitá-la na nossa vida cristã. Aprender dela a entrar na escola de Jesus e viver o Evangelho que Jesus trouxe ao mundo. Hoje, convido você a considerar um aspecto exemplar da vida cristã vivida por Maria: a prática da meditação silenciosa. Ela meditava tudo em seu coração, como ouvimos no Evangelho. Podemos aprender de Maria que a meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida é um caminho para fortalecer nosso coração com a paz de Deus.

A meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida, no silêncio do coração, não provoca ansiedades e medos em nossos pensamentos, mas enche nosso coração de paz. Pela meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida — de tudo aquilo que os pastores comentavam ao visitar o presépio —, Maria não dava opinião e, muito menos, fazia julgamentos; silenciava e meditava. É desse modo que a meditação silenciosa se torna uma porta que abrimos para Deus entrar e pacificar nosso coração. Existem muitos acontecimentos incompreensíveis na vida da gente. Ao longo do ano que passou, em 2021, nos deparamos com situações inesperadas e sem saber o motivo. A vida cristã, nestas horas, convida a entrar no silêncio da meditação para ouvir Deus falando na nossa consciência. Por isso, hoje, somos convidados a aprender de Maria a meditar para encher nosso coração com a luz divina. Em vez de escurecer nossos corações e pensamentos com a ansiedade e com o medo, é melhor silenciar e meditar tudo no coração, como fez a Mãe de Jesus.

No presépio, Maria medita o Evangelho de Jesus sem sequer ter ouvido uma única palavra de sua boca. Jesus é o Evangelho que silenciosamente fala ao coração da sua Mãe, a primeira cristã; aquela que aprendeu a ouvir o Evangelho e meditá-lo no silêncio do seu coração. Precisamos silenciar para ouvir o Evangelho e deixar que ele conduza nossa vida cristã. O cristão busca Deus no silêncio do seu coração e isso acontece pela prática da meditação silenciosa. Maria é modelo de discípula que silenciosamente acolhe o Evangelho para iluminar sua vida, especialmente nos momentos de incertezas. Acolho a cada um de vocês com os votos de feliz ano novo. Votos extensivos a todos os familiares e a toda a nossa comunidade paroquial. No início de um novo ano, a Liturgia coloca-nos diante da Mãe de Jesus, a primeira cristã, a primeira discípula de seu Filho Jesus. Por isso, Maria é exemplo da vida cristã. É muito bom olhar para Maria como exemplo da vida cristã porque ela é humana como nós. Tudo que aconteceu com ela e com José, como a ansiedade, medos, dúvidas antes e depois do Natal... visitaram seu coração e visita também os nossos corações, visita nossas nossas vidas. Por ser humana, podemos admirá-la, venerá-la e imitá-la na nossa vida cristã. Aprender dela a entrar na escola de Jesus e viver o Evangelho que Jesus trouxe ao mundo. Hoje, convido você a considerar um aspecto exemplar da vida cristã vivida por Maria: a prática da meditação silenciosa. Ela meditava tudo em seu coração, como ouvimos no Evangelho. Podemos aprender de Maria que a meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida é um caminho para fortalecer nosso coração com a paz de Deus.

A meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida, no silêncio do coração, não provoca ansiedades e medos em nossos pensamentos, mas enche nosso coração de paz. Pela meditação da Palavra e dos acontecimentos da vida — de tudo aquilo que os pastores comentavam ao visitar o presépio —, Maria não dava opinião e, muito menos, fazia julgamentos; silenciava e meditava. É desse modo que a meditação silenciosa se torna uma porta que abrimos para Deus entrar e pacificar nosso coração. Existem muitos acontecimentos incompreensíveis na vida da gente. Ao longo do ano que passou, em 2021, nos deparamos com situações inesperadas e sem saber o motivo. A vida cristã, nestas horas, convida a entrar no silêncio da meditação para ouvir Deus falando na nossa consciência. Por isso, hoje, somos convidados a aprender de Maria a meditar para encher nosso coração com a luz divina. Em vez de escurecer nossos corações e pensamentos com a ansiedade e com o medo, é melhor silenciar e meditar tudo no coração, como fez a Mãe de Jesus.

No presépio, Maria medita o Evangelho de Jesus sem sequer ter ouvido uma única palavra de sua boca. Jesus é o Evangelho que silenciosamente fala ao coração da sua Mãe, a primeira cristã; aquela que aprendeu a ouvir o Evangelho e meditá-lo no silêncio do seu coração. Precisamos silenciar para ouvir o Evangelho e deixar que ele conduza nossa vida cristã. O cristão busca Deus no silêncio do seu coração e isso acontece pela prática da meditação silenciosa. Maria é modelo de discípula que silenciosamente acolhe o Evangelho para iluminar sua vida, especialmente nos momentos de incertezas.