1
– O símbolo do caminho
No
início do Evangelho, Marcos relata que Jesus caminhava com seus discípulos e,
caminhando, perguntou: “quem sou eu para o povo e para vocês?”. Chamo atenção
para a palavra “caminho”. É uma palavra simbólica, que usamos para representar
a nossa vida. A nossa vida, o nosso viver é um caminho; é uma caminhada. Por
isso, a pergunta que ouvimos no Evangelho soa deste modo para nós: quem é Jesus
para nós no caminho de nossas vidas? À medida que caminhamos na vida, mudamos
nosso modo de pensar e nossos conceitos. Por isso, se temos o mesmo conceito de
Jesus trazido da infância, da adolescência, de tempos passados, então algo não
está de acordo, no caminho do discipulado. À medida que caminhamos na vida, à
medida que convivemos com Jesus, nossa fé vai se transformando; nosso o modo de
crer também muda. Muda porque nos tornamos mais amadurecidos.
2
– O encontro com o sofrimento
No
caminhar de nossas vidas, o conceito que vamos formando de Deus deve mudar;
precisa amadurecer. A convivência que temos com Jesus, o modo de crer — se
nossa fé produz frutos ou é apenas emocional ou apenas mental, como provoca a
2ª leitura — favorecem a serenidade naqueles encontros mais difíceis de nossas
vidas. No caminho da vida, por exemplo, em alguma curva da estrada existencial,
nós nos deparamos com o sofrimento; sofrimento pessoal ou sofrimento do outro,
no dizer da 1ª leitura. Se caminhamos como discípulos de Jesus, se cultivamos a
fé e com ela produzimos frutos, o sofrimento (meu e do outro) torna-se
suportável e marcado pela esperança. Até mesmo o sofrimento passa a ter um
sentido. O encontro com o sofrimento, para quem não convive com Jesus e não crê
de modo frutuoso — produzindo frutos — é mais doloroso, é marcado por queixas,
reclamações e pode, até mesmo, ser marcado pela revolta. É nestes momentos
desafiadores do caminho da vida que podemos avaliar quem é Jesus para nós e o
que representa a fé em nossas vidas.
3
– Caminho da oblatividade
No caminho da vida, diz Jesus no Evangelho, é preciso tomar a própria cruz para segui-lo. A espiritualidade e a mística cristã não interpretam este “tomar a cruz” como desejo do sofrimento ou desejo da morte. O “tomar a cruz” significa pertencer a alguém, no sentido de doar a vida por alguém. À medida que caminhamos nos caminhos da vida, podemos escolher viver para nós mesmos ou viver para ofertar a vida; para que o nosso viver produza mais vida. Jesus ensina que quem quiser salvar a própria vida, vai perdê-la; este é o viver para si mesmo. O “tomar a cruz” significa entregar a vida, fazer da própria vida uma oblação para que minha vida produza mais vida. O egoísta, aquele que não “assume a cruz”, não assume o projeto do Reino, destrói-se a si mesmo. O sentido da vida está na cruz, símbolo da oblação da vida. Mas, para bem compreender isso é preciso saber quem é Jesus para mim e transformar a fé em obras. Amém!