Entre
os dias 25 de dezembro e 1º de janeiro a Igreja celebra a Oitava do Natal, ou
seja, oito dias em que vive-se a exultação da Festa do Nascimento de Jesus.
Uma
grande parte dos católicos não sabe o que significa esse tempo especial de
graças e, para esclarecer esse tema, o A12 conversou com o Padre Rafael
Querobin, professor da Faculdade Dehoniana, em Taubaté (SP), que possui
experiência na área de Teologia, com ênfase em Liturgia.
A
Oitava de Natal está historicamente relacionada à Oitava da Páscoa. Padre
Rafael explica que o Ano Litúrgico "é marcado por duas grandes
celebrações", a festa da Páscoa e a festa do Natal.
A
festa da Páscoa surgiu primeiro, logo após a morte de Jesus, pelos primeiros
cristãos "que passaram a se reunir para realizar o mandato do Senhor de
celebrar em sua memória", assinala o religioso. Já o Natal surgiu bem
depois. A Igreja passou a celebrá-la oficialmente apenas no século IV.
Dada
a importância dessas celebrações para a Igreja, surgiu então a Oitava de Páscoa
e a Oitava de Natal, como um "tempo especial de graças" em que todos
os fiéis podem vivenciar por mais dias, as bênçãos de Deus neste período.
Padre
Rafael lembra que a semana tem sete dias e explica o motivo do nome
"oitava".
"A
Oitava seria o prolongamento da celebração da Páscoa por uma semana. Bem
sabemos que a semana é constituída por sete dias, mas porque então essa semana
é chamada de Oitava? Segundo a tradição, a Oitava remete para o dia chamado
‘sem ocaso’, o dia sem fim. Se os dias temporais, a semana histórica é marcada
por sete dias, este oitavo dia seria o dia da eternidade, o dia da
plenitude", destaca.
A
Oitava de Natal exprime de forma especial "um aspecto do testemunho do
mistério da Encarnação", ou seja, nesse período "nos concentramos
mais uma vez sobre o grande mistério de Deus que desceu do Céu para entrar na
nossa carne" (cf. Papa emérito Bento XVI, 9 de janeiro de 2013).
A
festa de Santo Estevão, o primeiro mártir, no dia 26 de dezembro, recorda
especialmente o testemunho do amor que perdoa dado por Estevão em seu martírio.
Nele realizou-se de modo exemplar a figura do mártir imitador de Cristo. Ele
contemplou a glória do Ressuscitado; proclamou a sua dignidade. Por isso, nós
temos nele um aspecto do mistério da Encarnação de Cristo.
Para
compreender melhor esse mistério é preciso analisar as diversas celebrações
desse período. Abaixo, padre Rafael explica cada uma das festas que ocorrem
dentro da Oitava de Natal:
Já
no dia 27 de dezembro, nós celebramos São João apóstolo e evangelista, o
discípulo que Jesus amava. Ele é considerado um grande teólogo que penetrou em
profundidade o mistério do Verbo feito homem, cheio de amor e fidelidade.
A
liturgia desta festa sublinha a revelação da misteriosa profundidade do Verbo e
a inteligência penetrante da Palavra, que caracterizam os textos inspirados de
São João.
No
dia 28 de dezembro, celebramos os Santos Inocentes, que deram testemunho de
Cristo não com palavras, mas com seu sangue. Essa festa lembra-nos que o
martírio é dom gratuito do Senhor. A liturgia recorda o valor do testemunho de
vida que não pode estar separado da palavra por parte dos adultos.
Por
fim, a Oitava é coroada com a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, que é
seguramente a primeira festa de Maria no Ocidente. Nesse primeiro dia do ano
civil, nós consagramos e oferecemos o novo ano a Deus através das mãos de
Maria, mãe de Deus e nossa.
A
festa da Sagrada Família é celebrada no Domingo dentro da Oitava, caso a Oitava
que termina no dia 1º de janeiro não caia no Domingo.
Como
neste ano o dia 1º de janeiro cai num Domingo, a festa da Sagrada Família foi
transferida para o dia 30 de dezembro. Essa festa recorda que o mistério da
Encarnação é um mistério de partilha. O Filho de Deus veio partilhar em tudo,
exceto no pecado, a nossa condição humana.
Aproveite
a Oitava de Natal para continuar vivenciando as graças do nascimento do Menino
Deus que se encarnou para salvar-nos, e prolongue os votos de Natal e os gestos
de caridade e amor tão presentes nesse período pra todo o ano.
Fonte:
www.a12.com