Entramos
no mistério da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Páscoa é a celebração do
amor de Deus por nós, é o amor de Deus encarnado que se manifesta na Paixão do
Seu Filho. A Paixão de Jesus nos salva e nos resgata; e Jesus começa a Sua
Páscoa celebrando a Eucaristia com os Seus discípulos. Ele mesmo se dá em
alimento, Ele se torna o alimento. A Eucaristia é o próprio Senhor que se dá a
nós. Aquilo que Jesus faz, Ele também ensina o que nós devemos fazer. Se Ele se
deu a nós, também devemos nos dar uns aos outros.
A
Eucaristia não é o mistério da introspecção, pelo contrário, a Eucaristia nos
arranca de nós para nos levar aos outros, a Eucaristia nos faz penetrar no amor
que Deus tem por nós, e nós Acendendo o fogo e o Círio Pascal, celebramos a
luz.
Luz
significa presença amorosa de Deus.
Luz
significa a salvação, a morte para o pecado e para as trevas.
As
palavras que iluminam esta noite santa são as do próprio ressuscitado: “Eu sou
a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. É
a expressão da divindade de Cristo e a salvação que trazia à humanidade.
Jesus
podia ter dito essas palavras nessa madrugada da Páscoa, ao sair da sepultura.
Porque em sua ressurreição, o Senhor, quis compartilhar conosco tanto a
divindade quanto a salvação, ou seja, a comunhão com Deus.
O
Evangelho nos apresenta uma recomendação que deve ser dada as três Marias, de
irem à Galiléia transmitir aos apóstolos o que viram. A famosa conclusão breve
de Marcos parece, inicialmente, pouco apta para a pregação. Termina
aparentemente de maneira pouco pascal, pelo silêncio das mulheres – por medo –
a respeito do sepulcro vazio e a mensagem do anjo. Mas, quem sabe, para Marcos,
Jerusalém é o lugar da incredulidade e a Galiléia o lugar da fé do pequeno
rebanho? Ele entende que o anúncio da ressurreição não foi feito logo em
Jerusalém, mas primeiro se devia reconstituir o rebanho na Galiléia, precedendo
o Bom Pastor, que deve reunir o rebanho escatológico: Jesus Cristo
ressuscitado. Agora já não somos mais ovelhas sem pastor. Somos ovelhas
reunidas perante o grande e único pastor: o Redentor que ressuscitou para
salvar nossos pecados.
Vivemos
a Páscoa que significa passagem, que significa vida da graça em Deus.
Nesta
noite santa celebramos a vitória da vida, da vida em abundância, que vem da
vitória da graça sobre o pecado.
Páscoa
bendita da libertação. Não uma libertação política, mas uma libertação
escatológica.
Cristo,
com a ressurreição, é o Senhor da História, como eleição gratuita de Deus. Por
esta morte bendita e, ainda mais, pela sua ressurreição, todos nós, sem
exceção, devemos dar testemunho de seu Evangelho diante do mundo. Devemos ser
uma comunidade que testemunha e vive a Ressurreição.
Um
costume da Igreja Antiga, como certa vez nos indicou o papa Bento XVI, deve
ainda ser um sinal para nossos tempos. Relata-nos o Vigário de Cristo que, em
priscas eras, era hábito o bispo ou sacerdote, após a homilia, conclamar os
fiéis “Conversi ad Dominum”, ou seja, “Voltai-vos para o Senhor”. Nesse
instante, todos se viravam para o Oriente, ou para a imagem do Cristo, numa
expressão de retornarem ao Senhor. “Com efeito, em última análise era deste
fato interior que se tratava: da ‘conversio’, de voltar a nossa alma para Jesus
Cristo e, n’Ele, para o Deus vivo, para a luz verdadeira”, nos explica o Papa
(Vigília Pascal de 2008).
Essa
exortação que nos chama a conversão inspira-nos a outra, comum em nossas
celebrações: “Sursum corda” – “Corações ao alto”. Devemos sempre buscar as
coisas do alto, as coisas de Deus, com a sua graça, sob a inspiração do
Espírito Santo. Ambas as exclamações nos inspiram a busca de reforma de vida,
de um renascer, a partir dos méritos da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus
Cristo, para vivermos a plenitude da Ressurreição.
Páscoa
não é apenas um dia no calendário litúrgico, não é apenas uma celebração
bonita, rica de simbolismos, mas uma constante renovação da vida, que nesta
noite santa nos libertou do império do pecado que ameaça a dignidade dos
homens.
Celebrando
esta Páscoa do Senhor, cantamos antecipadamente a vitória de todos os que lutam
pela vida, inclusive dando a sua própria vida em benefício da implantação do
Reino de Deus neste mundo.
Que
esta noite sacramento, sacramento de vida eterna, nos faça cada vez mais buscar
enxergar no pobre e no excluído o rosto do Senhor Ressuscitado. Amém! aleluia!