Estamos concluindo os Domingos Quaresmais, embora o Tempo da Quaresma perdurará alguns dias a mais. A Quaresma deste ano de 2016 tem sido bem diferente daqueles de outros anos, dado o contexto do Ano Santo da Misericórdia, que inspirou e iluminou todas as nossas reflexões. Um tempo que, esperamos, tenha sido muito rico de graças para a sua comunidade e para todos aqueles que participam ativamente ou não tão ativamente da comunidade.
Durante os Domingos quaresmais, refletimos sobre algumas características da Quaresma, especialmente presentes nos últimos três Domingos. Consideramos, por exemplo, a paciência divina como uma característica da Quaresma; paciência que espera o tempo necessário para produzir frutos, que espera pacientemente o tempo da volta do filho á casa paterna, para acolhê-lo com dignidade, que pacientemente espera a conversão de quem vivia no pecado, como narra o Evangelho deste último Domingo quaresmal.
Da mesma forma, durante os Domingos quaresmais, consideramos a atividade acolhedora como um gesto de misericórdia. Não existe misericórdia sem acolhimento. Foi o que refletimos no Domingo passado, meditando a parábola do Pai Misericordioso. O acolhimento acontece também neste 5º Domingo da Quaresma, na pessoa de Jesus acolhendo a mulher surpreendida em adultério. Não existe atitude misericordiosa se não houver acolhimento, respeito e liberdade diante do outro, especialmente aquele que errou. Não se ergue uma vida com pedras nas mãos.
Como lidamos com a miséria humana, em pessoas que vivem no pecado, em caminhos errados? Com pedras na mão ou com as mãos estendidas, oferecendo uma nova oportunidade? Aqui está o convite deste último Domingo da Quaresma para a conversão. Converter-se para acolher a todos, mesmo aqueles e aquelas que vivem em situações de pecado. Entre atirar pedras e estender a mão como atitude de misericórdia, o atirar pedras é o mais fácil. Mas, se quisermos cultivar a misericórdia, então precisamos aprender a acolher a todos, especialmente aqueles que se tornaram miseráveis por causa do pecado.
Jesus despediu-se da mulher com uma orientação que serve para nossas vidas: não voltar a pecar. O pecado nos torna miseráveis, nos coloca na podridão da vida, nos impede de encontrar um caminho novo e livre. No Domingo passado, ouvíamos Jesus dizendo que o pecado nos alimenta com comidas de porcos, com porcarias. Do ponto de vista prático, a Palavra deste Domingo propõe vários elementos. Mas vamos destacar apenas dois. O primeiro diz respeito ao acolhimento de quem pecou e perdeu o rumo da vida, como acabamos de falar. O outro elemento prática está presente na 2ª leitura, como proposta de não ficar remoendo coisas passadas, como mágoas ou raivas em nossos corações, diz Paulo, no final da sua carta que ouvimos, mas indo em frente, buscando a perfeição, procurando se tornar cada vez mais próximo do estilo de vida vivenciado por Jesus. Tornemo-nos discípulos e discípulas de Jesus, pois assim teremos condições de ser misericordiosos como o Pai é misericordioso. Amém!