A missão de iluminar a terra
O convite para ser sal da terra e luz do mundo, em alguns momentos soa como poético. Mas, na verdade, ser sal da terra e luz do mundo, não tem nada de poético, principalmente quando se começa a perceber o compromisso que está embutido em ser sal e luz no meio do mundo; ser sal e luz no meio da sociedade. Quando começamos a compreender o compromisso dessa palavra, tudo fica diferente. Trata-se não somente de uma característica da vida cristã, mas principalmente de uma missão. Acender nossas vidas no Evangelho; colocar em nossas vidas o sabor do Evangelho, para iluminar o mundo e dar sabor de vida divina no meio da terra. É uma missão; e uma missão das grandes, com um enorme compromisso. Esta missão é assumida com Jesus Cristo e por causa de Jesus Cristo. Para que isso aconteça existe a necessidade de pautar e direcionar a vida de acordo com o Evangelho. Sabemos que o Evangelho é luz e que o Evangelho dá sabor à vida, dá um sentido à vida e ao modo de viver, por isso, só quem está iluminado pelo Evangelho pode ser luz e sal da terra. Assim termina o lado poético e, por isso, muita gente tem medo e escapa. Tem medo de assumir a missão de ser sal da terra e luz do mundo.
Como isto acontece na prática
O rito do Batismo tem entre os seus símbolos o sal e a luz. O padre coloca uma pitada de sal na boca da criança batizada, significando que o cristão deve ser alguém que tem o sabor do Evangelho em si e é chamado a dar sabor à vida através do Evangelho. O símbolo da luz é representado pela entrega da vela acesa. Neste gesto está também o compromisso de se iluminar na luz do Evangelho e de acender a luz do Evangelho no meio da terra. Mas, tanto o sal como a luz representa também a fé. O sal diz que nossa fé não pode ser morna ou insossa, mas deve ser vibrante e saborosa. Nossa fé não pode ser apagada e triste, mas brilhante e alegre, como é a luz. Sal e luz, portanto, sinais da vida divina agindo em nós desde o Batismo e compromisso para iluminar e dar sabor à vida humana na terra. Como acontece isso? Através de atitudes; com atitudes práticas e concretas porque não existe luz abstrata e nem sal com sabor imaginário. Luz e sal são concretos: pode-se ver o brilho e sentir o sabor.
Iluminar a vida com atitudes
O profeta Isaias, na 1ª leitura, descreve como se acende esta luz e como damos sabor à vida: repartir o pão com o faminto, acolher os pobres, dar roupa a quem não tem o que vestir. Isaias diz que ser bom e generoso com os outros faz nossa vida brilhar como a aurora, brilhará como a luz do sol, no amanhecer. E, além disso, nossa saúde física será atingida para melhor. Ser bom para os outros é fonte de saúde; é saudável. Ainda lemos na profecia de Isaias, que a luz é acesa em nossas vidas quando não torturamos os outros com agressividade e nem com linguagem maldosa. Ser sal da terra e luz do mundo é um comportamento que contempla o acolhimento e a ajuda ao necessitado. Quem assim age, cantávamos no salmo responsorial, não teme a vida e nem sequer teme notícias ruins, pois sua vida está fundamentada em Deus. É o que diz Paulo, no final da 2ª leitura: nossa fé não se fundamenta em discursos que tratam da sabedoria humana, mas se baseia no poder e na sabedoria de Deus.
Ser cristão é fazer a diferença
Hoje, portanto, o Evangelho contempla-nos com este desafio e este empenho de ser sal da terra e luz do mundo para nos dizer que o cristão não pode ser uma pessoa apagada, e muito menos um insosso. O cristão não pode viver de qualquer jeito. Precisa brilhar de verdade, precisa sentir o sabor na vida e pela vida a partir do Evangelho. Cristão que se preza brilha como luz, vive alegre e atento ao bem que pode fazer aos pobres e necessitados de todo tipo de necessidade existencial. Ter a luz do Evangelho em si é sinal de vida feliz, sinal de vida saudável — especialmente a saúde espiritual e a saúde psicológica — pois a vida passa a ter valor porque é iluminada com a luz do Evangelho. Cristão que se preza sabe que tem o compromisso de dar um sabor novo a este mundo e iluminar este mundo com a luz da sua fé. Ser sal e luz no meio do mundo é um compromisso e um desafio que cada um de nós recebe, hoje, do Evangelho. Amém!