1 - Amar os inimigos é combater a violência
Como no Domingo passado, também neste Domingo, estamos diante de uma Palavra inspirada na literatura sapiencial Bíblica. Isto, principalmente no Evangelho. Jesus propõe orientações que favorecem nosso modo de viver, mostrando o lado positivo e o lado negativo. Não resta dúvida, que soa estranho a necessidade de amar os inimigos. Jesus teve inimigos e não os tratava com muita afeição; chamava-os de hipócritas, de sepulcros caiados, de víboras... palavras nada lisonjeiras. Isso nos ajuda a compreender que o amor aos inimigos não está na linha da afeição, mas nas atitudes e no modo de combater a violência. Não apelar para a violência e para a vingança é um modo de amar os inimigos, de mostrar a outra face do rosto... a face da misericórdia. Violência gera mais violência e quem entra na espiral da violência cedo ou tarde depara-se com a morte.
2 - O amor fecha o ciclo da violência
Jesus foi condenado violentamente e injustamente. Jesus morreu de modo violento, pelo assassinato de Cruz. Lá na Cruz, ele mostrou a misericórdia do seu coração: perdoou seus inimigos. Sua morte, portanto, encerra o ciclo violento da lei de Talião, do "dente por dente, olho por olho" e abre um novo relacionamento humano, com uma proposta do amor absoluto: "amem a todos, até mesmo os vossos inimigos". A antiga lei da vingança não leva a nada; provoca mais violência. Com o seu perdão na Cruz e com a sua Morte, terminou o tempo da vingança, que multiplica a violência sobre violência, vingança sobre vingança. Deus não se vinga, perdoa. Assim misericordiosos devemos ser. Não somos da vingança, mas do perdão. E aqui tem um lado psicológico que precisamos compreender. Quando alguém nos ofende e deixamos de perdoar, a agressividade do outro entra dentro de nós; o inimigo fica dentro da gente e com ele brigamos em nossas cabeças. Quando Jesus pede para rezar pelo inimigo está dizendo também, que é importante ficar em paz tirando-o de nossos pensamentos.
3 - Esse ensinamento ainda tem valor?
Hoje, vivemos num mundo violento. Tantas diversões das crianças, adolescentes e jovens são violentas nos videogames. Por isso, este ensinamento de Jesus tem valor? Não resta dúvida que sim! Não se pode "espiritualizar" o que ouvimos no Evangelho; entendido numa dimensão espiritual apenas. Trata-se de algo muito concreto que nos desafia constantemente e em todos os momentos de nossa existência. Nós vemos, tocamos e sentimos o medo da violência em nossos dias. Hoje, existe muita agressividade e pouco amor. A educação nas famílias, nas escolas precisa deixar de ser competitiva para ser mais fraterna e mais solidária. Nós mesmos precisamos considerar nosso modo de viver para perceber se existem violências que cultivamos dentro de nós, fruto de inveja, competição, raiva... Sejamos misericordiosos como Deus, para que a paz e a serenidade habitem nossas vidas. Amém!