Esta página final do Evangelho segundo Mateus, lida em contexto da celebração da Solenidade da Santíssima Trindade, tem um sabor especial. Convida-nos a levantar os olhos daquelas questões rasteiras e materiais que todos os dias atraem a nossa atenção e a contemplar aquilo que está no final do nosso caminho: a comunhão plena com Deus, a integração na família de Deus. Jesus veio ao nosso encontro, enviado pelo Pai, para nos convidar a integrar a família de Deus; e, quando concluiu a sua missão entre nós e voltou para o Pai, confiou aos seus discípulos a missão de levarem a todos os homens e mulheres esse mesmo convite. A proposta de Jesus também nos chegou; e nós aceitamos o convite que nos foi feito e fomos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ficamos vinculados à família trinitária.
A missão que Jesus confiou aos discípulos – introduzir todos os homens na família de Deus – é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculo para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Todos os homens e mulheres, sem exceção, têm lugar na família de Deus.
Num mundo onde Deus nem sempre faz parte dos planos e das preocupações dos homens, testemunhar o amor de Deus e apresentar aos homens o convite para integrar a família de Deus é um enorme desafio. O confronto com um mundo indiferente a Deus gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração e desencanto. Jesus sabia isso quando enviou os discípulos. Por isso garantiu-lhes: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”.
A celebração da Solenidade da Trindade convida-nos a mergulhar no mistério de Deus. Fala-nos de um Deus que é amor. Diz-nos que Deus não é um ente solitário, afastado dos homens, apenas ocupado em dirigir a máquina do universo; mas é uma família onde o amor está sempre presente. Em Deus coexistem a unidade e a comunhão de pessoas.