Para
além das imagens que podem suscitar uma boa interpretação teológica, a primeira
leitura retirada do Livro do Apocalipse (Ap.7,2-4.9-14), nos apresenta a
esperança concretizada. João vê a santidade que foi plantada, regada,
frutificada e colhida ao longo da história da salvação. As situações concretas
da vida cotidiana são, às vezes, carregadas de sofrimento. Feliz é quem
permanece fiel em momentos de angústia, de perseguição e crise. Em linguagem
apocalíptica, feliz é quem alveja suas vestes no sangue do Cordeiro. Essa
expressão significa assumir a veste nova do batismo em situação de perseguição,
sofrimento e martírio, a ponto de se identificar com o Cristo crucificado. Os
santos são aqueles cuja consciência de pertença a Cristo é tão forte, que os leva
a tudo realizar por amor a Deus. O que alimenta as suas ações é o amor; o mesmo
amor oblativo que moveu Jesus Cristo na oferta da própria vida na cruz. Os
membros desta inumerável multidão não estão mortos, mas vivos. Não são membros
de um grupo fechado e elitista.
Por isto, na segunda leitura (1Jo
3,1-3), ao escrever para uma de suas comunidades, o mesmo São João, lembra aos
seus membros e fiéis que pela filiação divina todos recebemos o mesmo chamado.
Deus no seu infinito amor, por meio de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, nos
acolheu como filhos! Somo filhos no Filho. Assim entendemos que a santidade
consiste em vivermos como filhos e filhas de Deus. Pelo batismo que nos foi
dado, recebemos a graça de sermos seus filhos adotivos; chamados a participar da
glória eterna. O chamado de revelar ao mundo a santidade de Deus através de
nossa própria santificação. Para João, se Deus, no seu imenso amor, faz de nós
seus filhos, não nos pode abandonar. Por isto, em Jesus e na sua Ressurreição,
contemplamos já o futuro de todos que pertencem à família divina: seremos
semelhantes a Ele.
Mas como alcançar a santidade? As bem-aventuranças apresentadas hoje no
Evangelho (Mt. 5,1-12) são como que um programa a ser seguido para quem almeja
alcançar a coroa da santidade. Elas são um caminho de santidade que sintetiza o
rosto do testemunho e do testamento espiritual do próprio Jesus de Nazaré.
Cristo é a fonte da santidade dos cristãos. As Bem-aventuranças foram
primeiramente vividas por Jesus e, por isso, Ele se tornou o critério pelo qual
discernimos se estamos vivendo ou não de acordo com a vontade de Deus. As
Bem-aventuranças representam uma vida ética que, quando vivida com seriedade, é
capaz de renovar as pessoas e transformar a sociedade, como o demonstra a vida
de todos os santos.
Viver a santidade ou a
bem-aventurança é um desafio para almas fortes e generosas. Afinal não é fácil
ser pobre em espírito e no coração em um mundo que glorifica o poder, o ter e o
domínio sobre os outros. Ser manso em um mundo agressivo e violento; ter e
manter o coração puro diante da corrupção e da ganância, buscar alcançar a paz
enquanto tanto no mundo declaram a guerra.
Contudo, contrariamente àquilo que
encontramos nas biografias embelezadas por acontecimentos místicos e
sobrenaturais, os santos não foram perfeitos. Os santos foram pessoas em
caminhada em direção à perfeição que se completa ao se alcançar “a maturidade,
a estatura de Cristo em plenitude” (cf: Ef. 4,13). São e foram peregrinos da vida quotidiana, a
maior parte deles realizou feitos heroicos ou prodígios. Com certeza temos
alguns que produziram realizações espetaculares na história da Igreja. Mas
muitos outros, e podemos dizer na sua maioria, são os santos da simplicidade e
vida discreta que viveram a santidade a partir de sua vida em família e nos
limites de sua própria vida de fé e que faleceram na discrição da santidade
conhecida apenas por Deus. Mas todos unanimemente apresentam um rosto com
traços de Cristo. Encontramos em cada um dos santos e santas um mesmo perfil:
Vidas que deixaram-se formar, modelar e se transformar por Cristo.
1) A multidão , da Primeira Leiurua , somos nós
2) Confirmado na Segunda leitura
3) A santidade de vida se dá no dia a dia