Jesus, durante a sua vida pública, como apoio para a sua evangelização e demonstração da sua divindade, curou alguns doentes, cegos, aleijados, surdos, epiléticos, leprosos. Mas não curou todos os doentes do seu tempo. Porque para alguns Deus quer que se salvem e façam o bem com a saúde; outros, com a sua doença.
A
doença pode ser uma graça de Deus. O que não dispensa, quando estivermos
doentes, de procurarmos os cuidados médicos. “Doentes precisam de médico”,
disse Jesus no Evangelho (Lucas 5,31). Não estão de acordo com o Evangelho, os
que, pensando confiar em Deus, dispensam o recurso aos médicos.
Belíssima foi a mensagem legada pelo
médico santo Dr. José Moscati: “Os doentes são a figura de Jesus Cristo. Muitos
comprovadamente delinquentes, blasfemos, chegam inesperadamente ao hospital por
disposição última da misericórdia de Deus, que os quer salvos.
Nos hospitais, a
missão das irmãs, dos médicos, dos enfermeiros, consiste em colaborar com esta
infinita misericórdia, ajudando, perdoando, sacrificando-se... Bem-aventurados
nós, médicos, tantas vezes incapazes de remover uma enfermidade, felizes de
nós, se levarmos em conta que, além de corpos, estamos em face de almas
imortais, para as quais urge o preceito evangélico de amá-las como a nós
mesmos”.
Ele também nos deixou
consoladoras reflexões sobre a vida e a morte: “A vida é um piscar de olhos:
honras, triunfos, riquezas e ciências tombam... Mas a vida não acaba com a
morte, continua de um jeito melhor. Para todos é prometido, após a redenção do
mundo, o dia que nos reunirá a nossos entes queridos falecidos, e que nos
reconduzirá ao supremo Amor...
A vida foi definida como um relâmpago no eterno.
E nossa humanidade, por mérito da dor que a recheia, e da qual se saciou Aquele
que vestiu a nossa carne, transcende a matéria e nos leva a desejar uma
felicidade além do mundo. Bem-aventurados aqueles que seguem essa tendência da
consciência e olham para o além, onde os afetos terrenos, que pareciam
precocemente quebrados, serão reunidos”.
Em sua mensagem
deste ano para o XXII Dia Mundial do Doente, com o tema “Fé e Caridade: também
nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos” (1 Jo 3, 16), diz o Papa Francisco: “A
Igreja reconhece em vós, queridos doentes, uma presença especial de Cristo
sofredor. É assim: ao lado, aliás, dentro do nosso sofrimento está o de Jesus,
que carrega conosco o seu peso e revela o seu sentido. Quando o Filho de Deus
subiu à cruz, destruiu a solidão do sofrimento e iluminou a sua escuridão.
Desta forma somos postos diante do mistério do amor de Deus por nós, que nos
infunde esperança e coragem: esperança, porque no desígnio de amor de Deus
também a noite do sofrimento se abre à luz pascal; e coragem, para enfrentar
qualquer adversidade em sua companhia, unidos a Ele”.
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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