Vozes que chamam por nós
Não é exagero dizer que cada um de nós é como uma ilha, rodeado de vozes por todos os lados. A cada momento, existem vozes e chamados diferentes. São chamados que não acontecem somente pelos ouvidos, mas que envolvem os nossos cinco sentidos. Sempre existe uma voz a nos chamar. E, de tempos em tempos, aparece algum mestre propondo um novo estilo de vida. Lembrando a 2ª leitura, o chamado da beleza corporal, do culto ao corpo, é um exemplo prático e fácil de ser entendido. A todo momento, somos chamados a cuidar do nosso corpo. É importante cuidar do corpo, mas, hoje, existe um cultivo exagerado ao corpo, a ponto de que algumas pessoas vivem para expor seus corpos e, para isso, não poupam sacrifícios. São Paulo, na 2ª leitura, dá um motivo muito forte sobre a importância e a necessidade de cuidar do corpo. Não para expô-lo, mas porque o corpo é membro de Cristo e templo do Espírito Santo.
Uma voz que se ouve no silêncio
No meio de tantos chamados, encontra-se também o chamado de Deus. Deus chama de muitos modos, mas hoje, a Palavra diz que seu chamado pede um momento de silêncio para que sua voz possa ser ouvida e discernida. A Palavra de Deus é uma Palavra que sempre chama e que é escutada no silêncio do coração. Escutada também a partir da disposição de se colocar a seu serviço, como dizia a 1ª leitura e o salmo responsorial: “fala, Senhor, que teu servo escuta” e, no salmo responsorial: “eis que venho, com prazer, faço a vossa vontade”. O processo e a dinâmica para perceber que Deus está chamado é este: aprender a ouvir a Palavra de Deus que chama no silêncio e aprender a silenciar para ouvir o chamado de Deus. Esta é a primeira proposta de vida que temos no início do Tempo Comum, o tempo do discipulado. Um tempo para, a exemplo dos discípulos de João Batista, passar para o outro lado da margem da vida e seguir Jesus.
Entrar na casa de Jesus
Falando em discipulado, o Evangelho é a narrativa de como se tornar discípulode Jesus. Um dos grandes problemas da Igreja, em nossos dias, não é a falta de informação sobre Jesus Cristo. É a falta de vivência; a dificuldade de viver de acordo com o projeto de Jesus Cristo, de entrar na estrada de Jesus, como fizeram os dois discípulos de João Batista. Hoje, podemos dizer que os cristãos conhecem os princípios básicos do cristianismo e do Evangelho. Poucos, infelizmente, fazem experiência de Jesus Cristo e do seu Evangelho. É neste sentido que o Evangelho de hoje convida-nos a por o pé na estrada, como fizeram os discípulos de João Batista, para perguntar a ele: “Mestre, onde moras?” A resposta de Jesus — “vinde e vede” —, não era para mostrar uma casa, mas mostrar porque veio ao mundo: para fazer discípulos do seu Evangelho. Eis, portanto, o convite que a Palavra faz no início do Tempo Comum: ouvir o chamado de Deus e se tornar discípulos de Jesus. Amém!