terça-feira, dezembro 11, 2018

II DOMINGO DO ADVENTO




• João é o profeta, cujo anúncio prepara o coração dos homens para acolher o Messias. A dimensão profética está sempre presente na comunidade dos baptizados. A todos nós, constituídos profetas pelo batismo, Deus chama a dar testemunho de que o Senhor vem e a preparar os caminhos por meio dos quais Jesus há-de chegar ao coração do mundo e dos homens.

( Num primeiro momento, tem-se a impressão que João Batista foge e, indo ao deserto critica a sociedade de longe. Mas, considerando melhor, temos três aspectos que merecem atenção: a necessidade de tomar distância para ter outro ponto de vista, a importância do silêncio do deserto para refazer o coração angustiado pela indignação, e a necessidade de dar tempo para refletir sobre os acontecimentos. Muitas vezes, temos a estranha mania de querer mudar as coisas no exterior: não se está contente com o trabalho; muda-se de emprego. Não se está bem com a família, separa-se. Olhemos para João. A sua vida é uma profecia que ensina a olhar dentro da gente, a partir do silêncio do deserto. Quando não se toma distância, com o tempo, até o erro torna-se normal. )

• Preparar o caminho do Senhor é convidar a uma conversão urgente, que elimine o egoísmo, que destrua os esquemas de injustiça e de opressão, que derrote as cadeias que mantêm os homens prisioneiros do pecado… Preparar o caminho do Senhor é um re-orientar a vida para Deus, de forma a que Deus e os seus valores passem a ocupar o primeiro lugar no nosso coração e nas nossas prioridades de vida.

• Esse processo de conversão é um verdadeiro êxodo, que nos transportará da terra da opressão para a terra nova da liberdade, da graça e da paz. Só quem aceita percorrer esse “caminho” experimentará a “salvação de Deus”.

• A preocupação de Lucas em situar concretamente, no espaço e no tempo, os acontecimentos da salvação chama a atenção aos profetas que anunciam a “vinda do Senhor”, no sentido de encarnar o seu anúncio no contexto cultural e político onde estão inseridos, a ir ao encontro do homem concreto, com a sua linguagem, os seus problemas concretos, as suas ânsias, os seus dramas, sonhos e esperanças. A linguagem com que o profeta anuncia a salvação não pode ser uma linguagem desencarnada, mas tem se ser uma linguagem viva, questionante, interpelativa.