Frente
a frente, o Evangelho deste domingo coloca a lógica dos homens (Pedro) e a
lógica de Deus (Jesus).
A
lógica de Deus aposta na entrega da vida a Deus e aos irmãos; garante-nos que a
vida só faz sentido se assumirmos os valores do Reino e vivermos no amor, na
partilha, no serviço, na solidariedade, na humildade, na simplicidade. Na minha
vida de cada dia, estas duas perspectivas confrontam-se.
Jesus
tornou-Se um de nós para concretizar os planos do Pai e propor aos homens -
através do amor, do serviço, do dom da vida - o caminho da salvação, da vida
verdadeira. Neste texto (como, aliás, em muitos outros), fica claramente
expressa a fidelidade radical de Jesus a esse projeto. Por isso, Ele não aceita
que nada nem ninguém O afaste do caminho do dom da vida: dar ouvidos à lógica
do mundo e esquecer os planos de Deus é, para Jesus, uma tentação diabólica que
Ele rejeita duramente
O
que é "renunciar a si mesmo"? É não deixar que o egoísmo, o orgulho,
o comodismo, a auto-suficiência dominem a vida. O seguidor de Jesus não vive
fechado no seu cantinho, a olhar para si mesmo, indiferente aos dramas que se
passam à sua volta, insensível às necessidades dos irmãos, alienado das lutas e
reivindicações dos outros homens; mas vive para Deus e na solidariedade, na
partilha e no serviço aos irmãos.
O
que é "tomar a cruz"? É amar até às últimas consequências, até à
morte. O seguidor de Jesus é aquele que está disposto a dar a vida para que os
seus irmãos sejam mais livres e mais felizes. Por isso, o cristão não tem medo
de lutar contra a injustiça, a exploração, a miséria, o pecado, mesmo que isso
signifique enfrentar a morte, a tortura, as represálias dos poderosos.