Depois
da declaração de João, os discípulos reconhecem em Jesus esse Messias com uma
proposta de vida verdadeira e seguem-no. "Seguir Jesus" é uma
expressão técnica que o autor do Quarto Evangelho aplica, com frequência, aos
discípulos . Significa caminhar atrás de Jesus, percorrer o mesmo caminho de
amor e de entrega que Ele percorreu, adotar os mesmos objetivos de Jesus e
colaborar com Ele na missão. A reação dos discípulos é imediata. Não há aqui
lugar para dúvidas, para desculpas, para considerações que protelem a decisão,
para pedidos de explicação, para procura de garantias... Eles, simplesmente,
"seguem" Jesus.
Num
segundo momento, o quadro apresenta-nos um diálogo entre Jesus e os dois
discípulos (vers. 38-39). A pergunta inicial de Jesus ("que
procurais?") sugere que é importante, para os discípulos, terem
consciência do objetivo que perseguem, do que esperam de Jesus, daquilo que
Jesus lhes pode oferecer. O autor do Quarto Evangelho insinua aqui, talvez, que
há quem segue Jesus por motivos errados, procurando Nele a realização de
objetivos pessoais que estão muito longe da oferta que Jesus veio fazer.
Os
discípulos respondem com uma pergunta ("rabi, onde moras?"). Nela,
está implícita a sua vontade de aderir totalmente a Jesus, de aprender com Ele,
de habitar com Ele, de estabelecer comunhão de vida com Ele. Ao chamar-Lhe
"rabi", indicam que estão dispostos a seguir as suas instruções, a
aprender com Ele um modo de vida; a referência à "morada" de Jesus
indica que eles estão dispostos a ficar perto de Jesus, a partilhar a sua vida,
a viver sob a sua influência. É uma afirmação respeitosa de adesão incondicional
a Jesus e ao seu seguimento.
Jesus
convida-os: "vinde ver". O convite de Jesus significa que Ele aceita
a pretensão dos discípulos e os convida a segui-lo, a aprender com Ele, a
partilhar a sua vida. Os discípulos devem "ir" e "ver",
pois a identificação com Jesus não é algo a que se chega por simples
informação, mas algo que se alcança apenas por experiência pessoal de comunhão
e de encontro com Ele.
Os
discípulos aceitam o convite e fazem a experiência da partilha da vida com
Jesus. Essa experiência direta convence-os a ficar com Jesus ("ficaram com
Ele nesse dia"). Nasce, assim, a comunidade do Messias, a comunidade da
nova aliança. É a comunidade daqueles que encontram Jesus que passa, procuram
Nele a verdadeira vida e a verdadeira liberdade, identificam-se com Ele,
aceitam segui-lo no seu caminho de amor e de entrega, estão dispostos a uma
vida de total comunhão com Ele.
Num
terceiro momento (vers. 40-41), os discípulos tornam-se testemunhas. É o último
passo deste "caminho vocacional": quem encontra Jesus e experimenta a
comunhão com Ele, não pode deixar de se tornar testemunha da sua mensagem e da
sua proposta libertadora. Trata-se de uma experiência tão marcante que
transborda os limites estreitos do próprio eu e se torna anúncio libertador
para os irmãos. O encontro com Jesus, se é verdadeiro, conduz sempre a uma
dinâmica