A
atitude de Jesus é, para nós, uma expressão clara do amor e da bondade de um
Deus sempre atento às necessidades do seu Povo. Garante-nos que, ao longo do
caminho da vida, Deus vai ao nosso lado, atento aos nossos dramas e misérias,
empenhado em satisfazer as nossas necessidades, preocupado em dar-nos o
"pão" que sacia a nossa fome de vida. A nós, compete-nos abrir o
coração ao seu amor e acolher as propostas libertadoras que Ele nos faz.
No
nosso Evangelho, Jesus dirige-Se aos seus discípulos e diz-lhes: "dai-lhes
vós mesmos de comer". Os discípulos de Jesus são convidados a continuar a
missão de Jesus e a distribuírem o "pão" que mata a fome de vida, de
justiça, de liberdade, de esperança, de felicidade de que os homens sofrem.
Depois disto, nenhum discípulo de Jesus pode olhar tranquilamente os seus
irmãos com "fome" e dizer que não tem nada com isso... Os discípulos
de Jesus são convidados a responsabilizarem-se pela "fome" dos homens
e a fazerem tudo o que está ao seu alcance para devolver a vida e a esperança a
todos aqueles que vivem na miséria, no sofrimento, no desespero.
Jesus
propõe algo de realmente novo: propõe uma lógica de partilha. Os discípulos de
Jesus são convidados a reconhecer que os bens são um dom de Deus para todos os
homens e que pertencem a todos; são convidados a quebrar a lógica do
açambarcamento egoísta dos bens e a pôr os dons de Deus ao serviço de todos.
Como resultado, não se obtém apenas a saciedade dos que têm fome, mas um novo
relacionamento fraterno entre quem dá e quem recebe, feito de reconhecimento e
harmonia que enriquece ambos e é o pressuposto de uma nova ordem, de um novo
relacionamento entre os homens. É esta a proposta de Deus; e é disto que os discípulos
são chamados a dar testemunho.
Jesus
não fecha os olhos diante dos homens: não somente vê a multidão, como se
apercebe da sua fome. Antes de fazer o milagre, solicita a confiança dos seus
apóstolos, esta confiança que Ele põe à prova. Então faz dois gestos: vira-se
para Deus seu Pai, dando graças, e distribui o alimento. Que contraste gritante
entre esta multidão que tem fome e o alimento que lhe vai ser oferecido, cinco
pães e dois peixes. E ao mesmo quanta abundância! Não somente a multidão está saciada,
mas sobram doze cestos. É a prodigalidade do Amor: Deus ama infinitamente, e
este sinal operado por Jesus anuncia não o poder de um rei, mas o dom de Deus a
todos os homens. Não somente Jesus veio para o maior número, mas veio dar a
vida em abundância. Este sinal anuncia um outro sinal. Depois de ter comido, a
multidão, no dia seguinte, terá ainda fome. Mas o alimento que Cristo
ressuscitado oferecerá aos homens será a sua vida, e aqueles que comerem este
Pão de Vida jamais terão fome.