O
Evangelho de hoje começa com uma pergunta que atravessa os séculos e ainda mexe
com o coração de qualquer discípulo: “És tu aquele que há de vir ou devemos
esperar um outro?” João Batista envia seus discípulos até Jesus porque deseja
confirmação. E Jesus, com uma calma que desarma qualquer dúvida, responde não
com teoria, mas com fatos. Ele aponta para o que acontece diante dos olhos:
cegos enxergam, coxos caminham, leprosos se purificam, mortos se levantam e
pobres recebem esperança.
Nesse
movimento, Jesus nos mostra algo essencial. Ele não pede que João se apoie em
sentimentos, mas em sinais concretos. A fé cresce quando enxergamos Deus agindo
no cotidiano. Mesmo assim, muitas vezes olhamos para a vida e ainda perguntamos
como João: “Senhor, és tu mesmo? Estás aqui?” E Jesus continua respondendo pela
própria ação. Ele cura, sustenta, levanta e abre caminhos que antes pareciam
fechados.
Além
disso, vemos que João representa todos nós quando a dúvida bate à porta. Ele
vive na prisão e, mesmo fiel, sente a sombra da incerteza. Jesus não o condena.
Ele acolhe a fragilidade e oferece luz. Dessa forma, o Senhor nos ensina que a
dúvida não destrói a fé quando a levamos até Ele. O perigo surge quando
escondemos as perguntas e deixamos que a alma se acostume com a escuridão.
Por
outro lado, Jesus nos convida a reconhecer que a verdade se revela no modo como
Ele transforma a realidade. O Reino não chega como espetáculo, mas como mudança
silenciosa que toca o que antes parecia morto. Deus age com simplicidade. Ele
renova corações endurecidos, devolve coragem aos que cansam, e reacende a
alegria nos que perderam o brilho. Tudo isso reafirma a resposta de Jesus: o
Messias já chegou, e Ele continua entre nós.
No
entanto, precisamos notar que Jesus encerra sua resposta com um convite
profundo: “Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.” Ele chama
João e cada um de nós a não rejeitar o modo inesperado como Deus trabalha.
Muitas vezes pedimos um Messias grandioso, forte, impositivo. Contudo, Deus age
diferente. Ele vence pelo amor, não pela força. Além disso, Ele transforma pelo
serviço, não pelo domínio, pois salva pela cruz, não pela violência.
Portanto,
ao ouvirmos esse Evangelho, precisamos fazer nossa própria pergunta: “Senhor,
sou capaz de reconhecer tua presença mesmo quando tua ação desafia minhas
expectativas?” A fé autêntica não se apoia em emoções passageiras, antes, ela
olha para Jesus e identifica os frutos que Ele realiza. Essa fé verdadeira não
espera outro salvador, porque já encontrou o único que ama sem medida.
Hoje,
o Senhor nos chama a decidir. Ele pergunta ao nosso coração: “Quem sou Eu para
você?” E, enquanto refletimos, Ele continua mostrando os sinais do Reino. Ele
cura feridas que escondemos. Ele restaura relações quebradas, renova forças
onde o desânimo já se instalou. Jesus devolve vida onde achávamos que tudo
havia acabado.
Assim, a resposta que João buscou nos alcança também. Cristo é aquele que veio, que vem e que virá. Ele permanece presente em cada gesto de misericórdia, em cada perdão difícil, em cada ato de amor silencioso. Quando vivemos assim, nos tornamos testemunhas vivas de que Ele é realmente o Esperado.
Que
hoje cada um de nós diga, com confiança e sem medo: “Senhor, não preciso
esperar outro. Tu és o que veio por mim, és o que continua vindo. Tu és o meu
Messias.”






