Hoje
é um dia em que o coração fala mais alto do que as palavras. O Dia de Finados é
uma dessas datas em que o silêncio diz tanto quanto a fé. É o dia da saudade,
mas também o dia da esperança. É o momento em que olhamos para o túmulo, não
para ver o fim, mas para recordar a promessa.
Jesus,
diante da morte de Lázaro, chora. E ao mesmo tempo proclama: “Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” É uma das
frases mais belas e decisivas do Evangelho. Cristo não fala da vida como algo
futuro, mas como algo presente. Ele é a vida. E onde Ele está, a morte perde o
sentido.
A
morte, para quem crê, é passagem. É o portal estreito que conduz à plenitude. É
o momento em que a alma, liberta do peso do tempo, mergulha no abraço eterno do
Pai. E é por isso que, mesmo chorando, o cristão pode esperar. Porque a fé não
elimina a saudade, mas dá sentido a ela.
Quando
olhamos para os nossos entes queridos que partiram, é natural sentir o coração
apertar. Mas também é necessário lembrar: eles não desapareceram, somente foram
à frente. A comunhão dos santos não é poesia; é realidade espiritual. Há uma
ponte invisível entre os que peregrinam e os que já chegaram. Cada missa, cada
oração pelos mortos, é um encontro entre o tempo e a eternidade.
Finados
não é o dia do fim, é o dia da promessa. A promessa de um Deus que não volta
atrás, que venceu a morte com a própria vida, que nos diz: “Não temas, eu te
chamo pelo nome.”
Talvez,
hoje, muitos sintam o peso da ausência. Mas deixem que, na dor, brote também a
gratidão. Porque amar alguém que já partiu é sinal de que tivemos um tesouro, e
o amor verdadeiro não morre, mas muda de forma.
O
túmulo vazio de Cristo é a chave de tudo. Ele nos precede na morte para nos
preparar para a vida. Ele transforma o cemitério em jardim, e o luto em
esperança. Por isso, o cristão não visita o cemitério como quem se despede, mas
como quem diz: “Até logo.”
Que
este dia renove em nós a certeza da vida eterna. Que cada lágrima se transforme
em prece, e cada nome lembrado, em ação de graças. Porque, se Cristo é a
ressurreição e a vida, então nossos mortos estão vivos Nele.
E
um dia, quando o tempo se cumprir, ouviremos a mesma voz que chamou Lázaro:
“Vem para fora.” E sairemos, todos nós, para nunca mais chorar. Amém.






