A
transformação da “Palavra” em “carne” (em menino do presépio de Belém) é a
espantosa aventura de um Deus que ama e que, por amor, aceita revestir-Se da
nossa fragilidade para nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a
contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus,
expressão extrema de um amor sem limites.
Acolher
a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de
nos tornarmos verdadeiramente “filhos de Deus”. O presépio que hoje
contemplamos é, apenas, um quadro bonito e terno, ou uma interpelação a acolher
a “Palavra”, de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?
Hoje,
como ontem, a “Palavra” continua a confrontar-se com os sistemas geradores de
morte e a procurar eliminar na origem tudo o que rouba a vida plena e a
felicidade do homem. Sensíveis à “Palavra”, embarcados na mesma aventura de
Jesus – a “Palavra” viva de Deus – como nos situamos diante de tudo aquilo que
rouba a vida ao homem? Podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a
corrupção, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos
direitos do homem, a destruição da dignidade dos mais fracos?
A
luz da esperança é uma necessidade para nosso mundo, especialmente marcado pelo
desânimo depois de dois anos de pandemia. O desânimo é a ausência da luz e,
quanto mais o desânimo cresce, mais densas se tornam as trevas. O contrário do
desânimo é a alegria que produz um coração novo e animado: “uma luz já se
levanta para os justos, e a alegria para os retos corações” (SR MN). Luz para
os justos, luz de alegria para quem vive na retidão, na honestidade, na
confiança esperançosa que Deus iluminará nossa gente com a alegria da sua
presença entre nós. Celebrar o Natal do Senhor é celebrar a “Noite Feliz” da
luz divina iluminando nossa terra.