LIBERTADADE!
8 de
setembro de 2022
Paróquia
São Conrado
Há
200 anos, em 7 setembro de 1822, o Brasil se tornava uma nação independente,
quando as margens plácidas do riacho Ipiranga ouviram o brado retumbante de Dom
Pedro I, proclamando a independência do Brasil em relação a Portugal. Assim,
poeticamente, se narra o grito do Ipiranga.
Mas
o quer dizer “independência”, “liberdade”? Aproveitemos a ocasião para
revermos, sob o ponto de vista cristão, o conceito exato de liberdade e suas
implicações éticas e políticas, seguindo o Catecismo da Igreja Católica (n 1730
e ss).
A
liberdade é coisa excelente. Os homens de hoje apreciam grandemente e procuram
com ardor esta liberdade; e com toda a razão. Muitas vezes, porém, fomentam-na
de um modo condenável, como se ela consistisse na licença de fazer seja o que
for, mesmo o mal, contanto que agrade. A liberdade verdadeira é um sinal
privilegiado da imagem divina no homem. Deus criou o homem dotado de razão e
lhe conferiu a dignidade de uma pessoa agraciada com a iniciativa e o domínio
de seus atos. “Deus deixou o homem nas mãos de sua própria decisão” (Eclo
15,14), para que pudesse ele mesmo procurar seu Criador e, aderindo livremente
a Ele, chegar à plena e feliz perfeição.
O
exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. É falso
pretender que o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a
satisfação de seu próprio interesse. As condições de ordem econômica e social,
política e cultural requeridas para um justo exercício da liberdade são muitas
vezes desprezadas e violadas. Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua
própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus
semelhantes e rebela-se contra a vontade divina.
No
campo político, na convivência social, na escolha democrática dos nossos chefes
e representantes, devemos fazer o uso correto da nossa liberdade.
Infelizmente,
na política, além da falta de harmonia e equilíbrio entre os poderes, a
corrupção, a falta de honestidade, ética, honradez, com total desprezo das
virtudes humanas e cristãs, necessárias ao bom convívio e à vida em sociedade,
denotam o mau uso da liberdade.
Observando
as redes sociais, notamos a ausência total do respeito à opinião alheia, o
ódio, a incitação à violência, a falta de humildade e modéstia, o
desaparecimento da tolerância, do respeito pelas consciências, do apreço pela
verdade, o disseminar de calúnias, intrigas e suspeitas. E a ausência das
virtudes da honestidade, da não acepção de pessoas, da caridade desinteressada,
do comedimento no falar, do respeito para com a consciência do próximo, do amor
pela verdade etc, configuram o mau uso da liberdade e prejudicam a sadia
convivência social.
“A
comunidade política existe... em vista do bem comum; nele encontra a sua
completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e
próprio. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social que
permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e
facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74).
Fonte: Dom Fernando Arêas
Rifan