E
o verdadeiro protagonista desta parábola é precisamente a semente, que produz
frutos, em conformidade com o terreno onde ela caiu. Os primeiros três terrenos
são improdutivos: ao longo da estrada a semente é comida pelos pássaros; no
terreno pedregoso, os rebentos secam-se imediatamente porque não têm raízes; no
meio dos arbustos a semente é sufocada pelos espinhos. E no terreno fértil, e
somente neste terreno, a semente germina e produz frutos.
Jesus
não se limitou a apresentar a parábola; também a explicou aos seus discípulos.
A semente que caiu ao longo do caminho indica quantos ouvem o anúncio do Reino
de Deus, mas não o acolhem; assim, sobrevém o Maligno e a leva embora. Com
efeito, o maligno não quer que a semente do Evangelho germine no coração dos
homens. Esta é a primeira comparação.
O
segundo caso consiste na semente que caiu no meio das pedras: ela representa as
pessoas que escutam a palavra de Deus e que a acolhem imediatamente, mas de
modo superficial, porque não têm raízes e são inconstantes; e quanto se
apresentam as dificuldades e as tribulações, estas pessoas deixam-se abater
repentinamente. É quando o homem se
fecha à Palavra de Deus e, consequentemente, esta Palavra de Deus torna-se
ineficaz.
O
terceiro caso é o da semente que caiu entre os arbustos: Jesus explica que se
refere às pessoas que ouvem a palavra, mas por causa das preocupações mundanas
e da sedução da riqueza, é sufocada. Finalmente, a semente que caiu no terreno
fértil representa quantos escutam a palavra, aqueles que a acolhem, cultivam e
compreendem, e ela dá fruto.
Jesus
mesmo explica o sentido da parábola: a semente é a Palavra de Deus que é
lançada nos nossos corações e é sempre fecunda.
Cada o dia Jesus continua semeando. Quando aceitamos a Palavra de Deus e
deixamos que ela entre na nossa vida, certamente ela irá germinar, crescer e
dará frutos. Jesus nos diz que as
sementes, que caíram à beira do caminho, em meio às pedras e em meio aos
espinhos não deram fruto. Pode acontecer isto, também com cada um de nós.
Podemos ser como as sementes que caíram à beira do caminho: escutamos o Senhor,
mas na nossa vida não muda nada, continuamos no mesmo erro, nada altera.
Também
pode acontecer de sermos como aquele terreno pedregoso: acolhemos Jesus com
entusiasmo, mas somos inconstantes; diante das dificuldades, não temos a
coragem de ir contra a corrente. Também podemos ser como aquele terreno com
espinhos: o mundo acaba sufocando em nós as Palavras do Senhor.
Todos
nós, no fundo, queremos ser um terreno bom, onde a Palavra de Deus possa dar
muitos frutos. Se o semeador é Jesus e a
semente é a Palavra, o terreno somos nós. E aqui está a nossa responsabilidade:
tornar o nosso coração uma terra boa!
Nós seremos o terreno bom na medida em que tivermos a capacidade de nos
deixar transformar pelo Evangelho, de adequar a ele nosso modo de pensar, de
julgar os valores; numa palavra, de nos converter.
O
Apóstolo Pedro certa vez disse a Jesus: “Tu tens palavras de vida eterna” (Jo
6,69). Como de fato, também nós devemos estar sempre convictos de que “Nem só
de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4).
A parábola do semeador e da semente nos faz um alerta sobre a importância de
ouvirmos a palavra de Jesus e colocar em prática os seus ensinamentos. E que
possamos ser como aquele “terreno bom” para darmos muitos frutos. Sejamos
também semeadores incansáveis da paz, do perdão e da esperança. O acolhimento do Evangelho não depende nem da
semente, nem de quem semeia; mas depende da qualidade da terra.
Esta
parábola deve tocar a cada um de nós e nos fazer recordar que somos o terreno
onde o Senhor lança todos os dias a semente da sua Palavra e do seu amor. E
podemos perguntar: Com que disposição estamos acolhendo a Palavra de Deus? Ela está fazendo efeito em nós? Também não podemos esquecer que, de certo
modo, também somos semeadores. Deus lança sementes boas, e também aqui podemos
interrogar-nos: Que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca? As
nossas palavras podem fazer muito bem, mas também podem fazer mal. Podem curar
e podem ferir. Podem animar e podem deprimir.
A Missa da Misericórdia e do Encontro foi celebrada na Paróquia de Santo Agostinho, Bairro Liberdade, São Paulo.