sábado, outubro 28, 2023

A GUERRA E A PAZ




A GUERRA E A PAZ

28 de outubro de 2023

 

Paróquia São Conrado



No contexto atual dessa guerra no Oriente próximo, entre o grupo Hamas, os palestinos e o Estado de Israel, é difícil dar um parecer equilibrado. Porque, em toda guerra, todos os dois lados querem ter razão, e ambos os lados têm suas razões, e ambos os lados não têm razão. Vamos apenas aqui tecer algumas considerações, baseadas na doutrina social da Igreja.

A primeira guerra de que se tem notícia aconteceu entre os dois primeiros irmãos, Caim e Abel, por inveja e orgulho daquele, como narra a Bíblia. Assim, paradoxalmente, a primeira fraternidade gerou tragicamente o primeiro fratricídio: a primeira briga familiar, a primeira guerra civil e mundial.

A guerra é em si mesma desumana, um flagelo que não resolve os problemas entre os povos e as nações, ao contrário causa danos catastróficos, especialmente a civis. Por isso, devem ser buscadas de todo modo alternativas para se resolver os conflitos. Os Estados têm o direito à legítima defesa, inclusive recorrendo às armas (guerra justa), de forma lícita, que não cause maiores danos e desordens. A guerra puramente de agressão é intrinsecamente imoral.

A acumulação excessiva de armas de destruição em massa representa uma grave ameaça e não garante a paz. As forças armadas devem estar a serviço da paz, sendo cada um de seus membros obrigados ao respeito ao direito das pessoas e dos povos. A legítima defesa deve estar associada à proteção dos inocentes, à população civil, que não tem meios de se defender.

As tentativas de eliminação de grupos nacionais, étnicos, religiosos e linguísticos são delitos contra Deus e os que o fazem devem ser responsabilizados segundo as normas do Direito Internacional.

O terrorismo não se justifica sob hipótese alguma. É uma forma brutal de violência, que semeia ódio, morte, desejo de vingança e de represália, que massacra inocentes, num completo desrespeito à vida humana.

A vingança só gera o ódio e a morte. A represália com mortes de civis é inadmissível. E usar civis como escudos humanos é também uma abominação.

A verdadeira paz é fruto da mútua colaboração para o diálogo entre os povos e só é possível através do perdão e a reconciliação sem anular as exigências da justiça e do direito.

Voltemos os nossos olhos para o céu, pedindo a Deus a paz para essa terra tão querida, que viu Jesus nascer e ouviu sua mensagem de amor e de paz. Mas ali ele foi crucificado, a maior injustiça da história da humanidade.

Que Deus suscite no coração dos responsáveis, dos governantes dessas nações envolvidas e de todos os povos, sentimentos de diálogo e compreensão, baseados no direito, para que colaborem com a paz, fruto da ordem e da justiça. Que as lágrimas das crianças e das famílias comovam os corações de todos.     

 

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan