segunda-feira, janeiro 08, 2024

PRIMEIRA SEXTA-FEIRA DO ANO

 





S. João revela-nos o amor de Jesus e a sua vontade em relação a nós: «Ele deu a sua vida por nós», afirma o discípulo amado do Senhor. E continua afirmando: «assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos». Trata-se de uma lógica que não esperaríamos, que não é a nossa lógica, mas é a de Deus:

O Novo Testamento tem esta característica: insiste no movimento do amor. Não podemos limitá-lo ou fechá-lo em nós numa espécie de íntimo comprazimento. Deus dá-nos o seu amor para que o partilhemos com os outros, para que nos insiramos no dinamismo do seu amor oblativo. Quem fecha o coração aos outros não entra nessa dinâmica.

Jesus, o humilde filho de José, tem força e autoridade para dizer a quem entende: «Segue-me» (Jo 1, 43). E só o encontra quem se decide a procurá-Lo. As experiências dos discípulos permitem-nos penetrar no mistério de Jesus. Essas experiências começam por «ficar com» Jesus e concluem-se com a jubilosa confissão de fé no Messias, sobre quem sobem e descem os anjos de Deus (cf. Jo 1, 51).

O céu associa-se ao testemunho de fé dos discípulos: Jesus é, na verdade, o único revelador de Deus e o elo que liga o homem ao céu. O cristão descobre em Jesus a «casa de Deus» e a «porta do céu». O homem Jesus é o «Filho de homem» (cf Dan 7, 13), é o Verbo encarnado e o homem glorificado pela ressurreição, que revela, com autoridade, o Pai. Jesus é a glória de Deus, o ponto de união entre o céu e a terra, o mediador entre Deus e os homens, é nova escada de Jacob, de que Deus se serve para dialogar com o homem. Em Jesus o homem encontra o espaço ideal para dialogar com Deus.

Estamos "ao serviço da Igreja", por isso, estamos inseridos no "movimento do amor redentor, doando-nos aos irmãos, com e como Cristo" (Cst. 21), isto é, somos "participantes na missão da Igreja"; "estamos ao serviço da missão salvífica do Povo de Deus no mundo de hoje (cf. LG 12)" (Cst. 27).

Contemplar o Trespassado (cf. Jo 19, 37), como é nossa particular vocação, é um olhar amoroso de fé. Nesse olhar contemplamos o caminho do amor de Deus até nós e o nosso caminho de amor até Ele, na interioridade de Cristo, expressa pelo Seu Coração. Esta contemplação leva-nos a experiência do mistério de Cristo, na profundidade do seu amor, e leva-nos a inserir-nos na dinâmica com que actuou a nossa redenção e quer redimir todos os homens. A experiência de Cristo insere-nos na dinâmica do seu amor salvífico em favor dos irmãos.