O
Advento começa com um grito suave, mas decisivo: “Ficai atentos e preparados!”
Jesus não fala para assustar; Ele fala para acordar. Assim, o Evangelho abre as
portas de um tempo sagrado que nos chama à vigilância, não ao medo; ao
despertar, não à ansiedade; à esperança, não ao desespero.
Logo
de início, percebemos que Jesus trata a vigilância como atitude de amor. Quem
ama, vigia. Quem espera alguém querido, prepara a casa, ajeita o coração, limpa
o olhar. Da mesma forma, o Advento nos coloca nesse movimento: levantamos a
cabeça e abrimos o coração para o Senhor que vem, que sempre veio e que virá de
novo.
Além
disso, o Senhor nos convida a olhar para dentro. A distração não nasce do
barulho exterior, mas da desatenção interior. Quando a alma se acostuma demais,
fecha-se; e quando ela perde o foco, enfraquece. O pior acontece quando relaxa
a vigilância, fica vulnerável. Por isso, Jesus insiste: prestem atenção no rumo
da vida, observem seus passos, vigiem os pensamentos que entram e os desejos
que crescem.
Ademais,
o Advento nos recorda que o tempo não é apenas repetição; ele carrega promessa.
Deus visita seu povo. Ele volta a passar todos os dias, assim como passou pela
história. Atualmente, Ele se aproxima nos sacramentos, na Palavra, no pobre, no
irmão ferido, no gesto simples. Assim, preparar-se significa aprender a
reconhecer o Cristo nas pequenas chegadas diárias.
Entretanto,
nada disso acontece automaticamente. A vigilância exige postura, coragem e
decisão. Portanto, pergunte-se: o que ocupa meu coração neste início de
Advento? O que rouba minha atenção? Esgota minhas forças? O que me impede de
ver a presença de Deus no cotidiano? Muitas vezes, não falta fé; falta foco. E
Jesus, com toda ternura, nos chama de volta.
Além
disso, o Evangelho aponta para uma verdade profunda: vigiar não significa ficar
tenso; significa viver consciente. Quem vigia, assume responsabilidade pela
própria história, identifica o mal pela raiz e o corta rapidamente. Quem vigia,
protege a chama da fé contra os ventos da pressa, da superficialidade e da
indiferença.
Por
isso, o Advento não é só preparação para o Natal; é reencontro com o sentido da
vida. O Senhor vem para restaurar o que perdemos, reacender o que apagamos e
renovar o que deixamos envelhecer. Ele não pede que você chegue perfeito; Ele
pede que você chegue acordado. A graça entra onde existe abertura, não onde
existe impecabilidade.
Em
seguida, dê passos concretos: reserve alguns minutos diários para o silêncio,
abra o Evangelho, acenda uma vela da tua casa como sinal de espera, corrija um
hábito que te afasta de Deus, reconcilie-se com alguém, retome a oração que
você abandonou. Cada gesto pequeno constrói uma vigília grande.
Enfim,
meus irmãos, o Advento começa como quem abre a janela antes do amanhecer. Lá
fora ainda está escuro, mas a luz já vem. Portanto, não durma na alma. Não viva
distraído. O Senhor chega por caminhos que você não imagina. Ele vem sempre com
amor e, quando chega, transforma tudo o que toca.
Fiquemos
atentos. Fiquemos preparados.
O
Deus que vem merece o melhor do nosso coração.








