segunda-feira, setembro 25, 2017

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM



A bela profecia de Isaias (1L) apela para uma necessidade de nossas vidas: "buscai o Senhor, enquanto pode ser achado". É um apelo que abre uma janela para percebermos o estado psicológico do povo exilado, no momento histórico da profecia de Isaias. Sim, havia uma promessa de libertação, que era conhecida pelo povo, mas a desconfiança começa a superar a esperança, fazendo com que muitos membros do povo entrassem no caminho da iniquidade; no caminho do pecado. A desconfiança do povo — que neste caso tem mais força e mais poder que a palavra do profeta — fazia surgir um novo modo de pensar, diferente do pensamento divino. À medida que o povo perde a esperança passa a descrever uma nova figura de Deus: aquele que promete, mas não realiza a promessa. E isso não é nada bom.

É contra este pensamento e mentalidade de um Deus desinteressado pelo seu povo, que Isaias lança um apelo diferente, ajudando o povo a perceber que a verdade de Deus não se encontra no passado, mas no futuro, na libertação do povo. Um apelo profético para ressaltar a necessidade do povo pensar e a criar uma mentalidade diferente, a abrir-se a uma outra lógica, pois os pensamentos divinos são diferentes dos nossos pensamentos (1L). Este é o motivo pelo qual o povo não pode ceder à desconfiança, mas precisa alimentar a esperança, buscando o Senhor e invocando-o neste tempo que ele se faz mais próximo de nós.

A questão da liberdade divina se apresenta de modo ainda mais vivo e pertinente na parábola de Jesus (E). Dizem os estudiosos do Evangelho de Mateus que o texto apresenta a fotografia de uma comunidade cristã dividida em dois grupos. O grupo daqueles que vieram do judaísmo e se converteram ao Evangelho e, o grupo dos publicanos e dos pagãos, que não pertenciam ao povo eleito. O primeiro grupo considerava-se trabalhadores da primeira hora, aqueles que suportaram o peso do calor de um dia de trabalho, o peso do início da Igreja. O segundo grupo, era considerado aqueles que vieram depois e já encontraram a comunidade “pronta”. Diante disso, o choque da parábola é destacar que a lógica divina é diferente da nossa lógica humana. Deus não se prende ao critério da lógica retributiva, mas se mostra livre para fazer da riqueza da sua graça o que deseja — e aqui está um dado importante — para o bem da vida humana. Ou seja, a meritocracia não pertence à linguagem do amor, porque é própria de quem trabalha por salário. Diante de Deus, que convida por pura gratuidade, não existe primeiros e últimos, grandes e pequenos, merecedores ou indignos, mas existe aquilo que é tipicamente divino: fazer o bem, como canta o salmista: "misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura" (SR).

Paulo é exemplo de quem se dedicou desde a primeira hora ao duro trabalho na messe do Senhor, mas não se queixa diante do bem que o Evangelho promove aos da última hora (2L). Sua recompensa consiste em confirmar que ele deixou de ser ele mesmo, pois é Jesus que vive nele. No contexto de nossa reflexão, a frase de Paulo — "se o viver na carne significa que meu trabalho será frutuoso" — demonstra que não existe lugar para a inveja na vida de quem se dedica por mais tempo no trabalho evangelizador e na construção de comunidades. O importante, percebe-se isso facilmente no pensamento de Paulo, não consiste em suportar o trabalho de todo o peso do dia ou somente algumas horas do mesmo dia, mas em ter alguém que possa colher os frutos da evangelização.