Por que a vinha?
Vamos iniciar nossa reflexão com uma pergunta: por que Deus compara seu povo com uma vinha, com uma plantação de uva? Dizem os entendidos que o cultivo da uva requer cuidado e capricho. Se um pé de uva exige cuidados, quanto mais dedicação pede toda uma vinha, toda uma plantação de uva? Este é o primeiro ponto que Deus quer destacar ao comparar a vinha com seu povo. Destacar o cuidado, a dedicação, as horas de trabalho e vigilância para que a vinha produza uvas de qualidade. Isaias, na 1ª leitura, fala desse trabalho: tirar pedras, plantar cepas de qualidade, construir uma torre para vigiar e proteger a vinha, fazer um fosso para que nenhum animal entrasse na vinha. Depois de tanta dedicação esperava-se uvas boas. Mas, o resultado foi decepcionante: produziu uvas selvagens; uvas azedas, impossíveis de serem apreciadas.
A parábola de Jesus
Não existe nenhuma dificuldade para perceber que a semelhança entre a parábola de Isaias, na 1ª leitura, e a parábola de Jesus, no Evangelho. A diferença consiste na colheita. Se Isaias descrevia o cuidado com a vinha, Jesus descreve o momento da colheita e, mais precisamente, o modo como os enviados pelo dono da vinha foram recebidos. O ponto alto é o momento que matam o filho do dono da vinha. A Palavra está dizendo que a vinha é o Povo de Deus, como dizia o salmo responsorial. A vinha somos nós. Por isso, as duas parábolas, a de Isaias e a de Jesus, fazem o mesmo questionamento: que tipo de uva, que tipo de resultados estamos produzindo aqui na comunidade? Uvas de qualidade ou uvas que não servem para nada? Obras que promovem vida ou não produzimos nada de bom, aqui na nossa comunidade? Um questionamento que dirige nosso olhar para o resultado de nossas atividades como comunidade cristã.
Profetas de ontem e de hoje
O outro elemento são os profetas, presente no Evangelho. Quando estes chegaram ao povo, a recepção não foi nada hospitaleira. Muitos foram mortos porque o que diziam não agradava. O mesmo aconteceu com Jesus, o filho do dono da vinha. A mesma realidade de ontem continua acontecendo no nosso hoje. Como ontem, os profetas de nossos tempos não agradam a sociedade. Aqui estou falando de profetas que são fiéis ao projeto divino. Não falo daqueles profetas que se fazem pregadores de mensagens recheadas de sentimentalismo religioso, com canções que embalam mensagens consolação puramente emocional. Falo de profetas que dizem a verdade a partir da Palavra. Estes profetas, que falam a verdade, são criticados, relegados à indiferença, deixados de lado. Não fazem sucesso. Prestemos atenção ao tipo de profecia: se apenas consola sentimentos ou nos provoca a trabalhar na vinha do Senhor para produzir obras que mereçam louvor, como diz a 2ª leitura. Amém!
97 anos do sr. Plácido.