sexta-feira, fevereiro 09, 2018

FONTE QUE NÃO SE ESGOTA



“Água que nasce na fonte serena do mundo / E que abre um profundo grotão / Água que faz inocente riacho / E deságua na corrente do ribeirão” (Guilherme Arantes).

A partir do trecho da canção, podemos contemplar Bernadette Soubirous, tirando os sapatos e as meias para atravessar a água, junto a gruta de Massabielle, onde se vê arrebatada por uma luz e na presença de uma bela Senhora com um rosário em suas mãos. Após este encontro, outras vezes voltou a gruta, e em uma dessas voltas, Bernadette foi convidada pela Senhora a cavar o chão e experimentar da água. Após a experiência, a notícia se espalhou, e a água, foi administrada em pacientes de todos os tipos, e muitas curas foram noticiadas.

Hoje em torno da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, a água que nasce nessa fonte serena, continua representando esperança aqueles doentes do corpo e da alma, refletindo o cuidado materno de Maria, como mais um caminho de doação, que nos envolve.

Então, a partir de 11 de fevereiro de 1992, o santo João Paulo II instituiu o Dia Mundial do Doente, na certeza de que a peregrinação do povo humilde, se dá sempre a partir da busca por saúde e salvação. E, antes, no ano de 1984, no mesmo dia 11 de fevereiro, o mesmo Santo já havia publicado a carta apostólica Salvifici doloris, sobre o sentido cristão do sofrimento.

Da fonte serena do mundo ao Dia Mundial do Doente, neste ano de 2018, o Papa Francisco, apresenta sua mensagem a partir das palavras de Jesus, do alto da cruz, que dirige a Maria, sua mãe e a João: “Eis o teu filho! (...) Eis a tua mãe!” (Jo 19,26-27). Há que se notar, que a morte de seu amado Filho na cruz não paralisa sua Mãe, mas passa a ser caminho de doação. Assim, toda a comunidade dos discípulos fica envolvida na vocação materna de Maria, que é a vocação da Igreja para com as pessoas necessitadas e os doentes.

Com a motivação bíblica do Calvário ao pé da Cruz com Maria e João, o Papa Francisco quer nos mostrar “que esta história de dedicação não deve ser esquecida”, pois ao longo da história, “muitos santos(as) souberam viver com intensidade e integridade a criatividade da caridade”, com a missão de cuidar de pobres e doentes.

Mas, os desafios existem: frente a ‘mentalidade empresarial’ em todo o mundo, que coloca o tratamento da saúde no contexto do mercado, assim, descartando os pobres. Nos lembra o Papa na Encíclica Evangelii Gaudium (n.49), ao afirmar “que prefere uma Igreja acidentada, ferida e suja por ter saído pelas estradas ao encontro dos doentes, acidentados e sofredores...”.

Muitos conflitos a resolver de ordem ética e bioética, mas, a Igreja continua o bom trabalho, através da Pastoral da Saúde, Vicentinos, Campanhas da Fraternidade e Ordens Hospitalares por entender ser um dever necessário. Continua solidária ou samaritana. É preciso “esperançar”.

Confiamos que a água que ainda jorra da fonte de Massabielle, vem com a ternura de Maria, que ajuda as pessoas doentes e ampara aqueles que cuidam delas. Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Eduardo Lopes Caridade
Associado da Academia Marial