sexta-feira, junho 01, 2018

CELEBRAÇÃO DE CORPUS CHRISTI




O que ouvimos na 1ª leitura, da celebração da aliança entre Deus e o seu povo, ajuda-nos a compreender um aspecto do mistério da Eucaristia: aquele denominado de Nova e eterna Aliança entre Deus e o povo. Não estou falando de palavras, de um documento de contrato entre Deus e o povo — que também houve — mas de um estilo de vida. No contexto da aliança, é possível perceber que Deus não apenas protege o seu povo, ele o alimenta com a sua própria vida. Esta é uma chave para compreender o sentido da Eucaristia como renovação do compromisso de aliança com Deus. Trata-se, repito, de um compromisso de vida, simbolizado no sangue. A 1ª leitura fala que Moisés derramou o sangue sobre o altar e aspergiu o povo. Sangue, na Sagrada Escritura, significa vida. O altar da Eucaristia é fonte de vida porque nele é derramado, sacramentalmente, o sangue de Jesus Cristo; nele é depositado, sacramentalmente, o Corpo de Jesus Cristo. 


A Eucaristia, pelo fato dela nos alimentar, supera o valor da celebração de Moisés, que aspergiu o povo com o sangue de animais. Na Eucaristia, nós não somos aspergidos com sangue de animais, como explicava bem a 2ª leitura, mas nos alimentamos, sacramentalmente, com o Corpo e com o Sangue de Jesus; com o Corpo e com o Sangue da vida divina. É um alimento, portanto, que nos diviniza, nos torna santificados. Um alimento que nos coloca em condições de assumir o projeto divino para o bem de toda a humanidade. Acontece, assim, com os celebrantes o mesmo compromisso assumido pelo povo, na 1ª leitura, quando dizia: “faremos tudo o que o Senhor disser e lhe obedeceremos”. Hoje, celebrando esta Eucaristia, nós nos comprometemos em fazer o que Senhor diz, em obedecer seus ensinamentos, em viver de acordo com o projeto divino.


É claro que a Eucaristia não se resume a conceitos teológicos. Não se compreende a Eucaristia unicamente a partir da Teologia; esta oferece apenas luzes para assimilar o significado profundo da Eucaristia. O que estou querendo dizer que a compreensão da Eucaristia acontece essencialmente pelo estilo de vida dos seus celebrantes. Um estilo de vida que se ilumina na consciência de assumir, de se empenhar, de tudo fazer para colaborar com o projeto divino. Quem comunga a Palavra de Deus, na Mesa da Palavra, quem comunga o Corpo e o Sangue de Jesus não está fazendo uma devoção religiosa, mas está se comprometendo com o projeto divino. Este projeto pode ser resumido no pensamento de Jesus: “eu vim para servir e para que todos tenham vida plena”. Renovar a aliança com Deus, na Eucaristia, é ter um estilo de vida marcado pelo serviço a favor da vida plena. Amém!










FOTOS DA PROCISSÃO DE CORPUS CHRISTI NO CENTRO DO RIO DE JANEIRO