Jesus
sentado perante o templo de Jerusalém fala a seus discípulos da total
destruição deste (24,1-2). Sobre esta destruição a maioria dos exegetas estão
de acordo em que Jesus se referia historicamente à destruição de Jerusalém
ocorrida no ano 70 d.C. Mas, esta destruição é figura profética da consumação
dos tempos.
Perante
este anúncio, os discípulos perguntam: quando sucederá?
"Diz-nos
quando sucederá isso, e qual será o sinal de Tua vinda e do fim do mundo"
(24,3) ao qual Jesus responde: "Olhem, que não os enganem ninguém. Porque virão
muitos usurpando meu nome e dizendo: “eu sou o Cristo”, e enganarão a muitos.
Ouvirão também falar de guerras e rumores de guerras. Cuidado, não se alarmem!
Porque isso é necessário que suceda, mas não é todavia o fim" (24,4-6).
Como
vemos nestes primeiros versículos Jesus não responde diretamente ao “quando”,
mas previne os discípulos de serem enganados, pois haverá muitas falsas
profecias e muitos falsos profetas. Por outro lado, se bem que sucederão muitas
guerras e catástrofes naturais, Jesus é claro que isto não é o sinal do fim.
"Pois
se levantará nação contra nação e reino contra reino, e haverá em diversos
lugares fome e terremotos. Tudo isto será o começo das dores. Então vos
entregarão à tortura e os matarão, e serão odiados de todas as nações por causa
do meu nome. Muitos se escandalizarão então e se atraiçoarão e se odiarão
mutuamente. Surgirão muitos falsos profetas, que enganarão a muitos. E ao
crescer cada vez mais a iniquidade, a caridade da maioria se esfriará. Mas o
que perseverar até ao fim, esse se salvará. Se proclamará esta Boa Nova do
Reino no mundo inteiro, para dar testemunho a todas as nações. E então virá o
fim" (24,7-14).
Jesus
continua profetizando os elementos que haverão de ocorrer antes que venha o
final. Elemento que, como vemos, hão sucedido desde a morte do Senhor até
nossos dias (recordemos a grande erupção do Vesúvio em 79 d.C.). Como sabemos,
ainda hoje, a 2000 anos de distância, o Cristianismo é a terceira religião do
mundo e em alguns lugares do Planeta nem sequer se há ouvido mencionar o nome
de Jesus, de maneira que se fazemos caso à Escritura o final é ainda uma
esperança.
"Quando
verem, pois, a abominação da desolação, anunciada pelo profeta Daniel, erigida
no Lugar Santo (o que leia, que entenda), então, os que estejam na Judeia,
fujam aos montes; o que esteja no terraço, não baixe a recolher as coisas de
sua casa; e o que esteja no campo, não regresse para querer seu manto. Ai das
que estejem grávidas ou criando naqueles dias! Orai para que vossa fuga não
suceda no inverno nem em dia de sábado. Porque haverá então uma grande
tribulação, a qual não houve desde o princípio do mundo até o presente nem
voltará a haver. E se aqueles dias não se abreviassem, não se salvaria ninguém;
mas em atenção aos eleitos se abreviarão aqueles dias" (Mt 24,15-22).
O
texto continua com o que a maioria dos exegetas consideram uma descrição que
Jesus fazia, usando termos e figuras do AT (é clara a imagem da mulher de Lot
que se converteu em sal, etc.), falava diretamente da destruição física de
Jerusalém. A Abominação, parece estar referindo à estátua do César que queriam
pôr dentro do templo, mas cujo intento fracassou pela resistência do povo mas
que de alguma maneira foi a gota de água que derramou o vaso e que fez a grande
rebelião dos judeus contra os romanos e que terminaria com a destruição do
templo e a deportação de todos os judeus. Em sua mensagem teológica Jesus nos
deixa saber que no meio de qualquer tribulação sofrida por Seu nome, Deus nos
ama e não nos abandonará.
"Então,
se algum lhes disser: “olhem, o Cristo está aqui ou ali”, não acreditem. Porque
surgirão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes sinais e
prodígios, capazes de enganar, se fosse possível, os mesmos eleitos. Olhem que
Eu os avisei! Assim se alguém vos disser: “Está no deserto”, não saiam; “Está
nos aposentos”, não acreditem. Porque como o relâmpago sai por oriente e brilha
até ocidente, assim será a vinda do Filho do Homem" (Mt 24,23-27).
Outra
vez Jesus previne a seus discípulos sobre os falsos profetas e aqueles que se
farão passar por sua pessoa. Sobre este fato, já S. João, desde sua primeira
carta, dá testemunho da realização desta profecia (ver 1João 2,18) e desde
então, como veremos mais diante, hão aparecido muitos falsos profetas que – o
único que fizeram – foi atemorizar o povo de Deus com falsas predições, e
falsas doutrinas.
"Onde
esteja o cadáver, ali se juntarão os abutres" (Mt 24,28).
Esta
frase um pouco enigmática, há sido aceitado por muitos estudiosos como um sinal
de que a vinda será tão evidente que todos se darão conta. Quer dizer, não é
nem será nada que esteja escondido, mas evidente. Em seguida, inicia o que se
conhece como o “Pequeno Apocalipse de Mateus” onde propõe, como o fizeram todos
os apocalípticos, os sinais cósmicos que precederão à chegada do final dos
tempos.
"Imediatamente
depois da tribulação daqueles dias, o sol se escurecerá, a lua não dará seu
resplendor, as estrelas cairão do céu, e as forças dos céus serão sacudidas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e então golpearão o peito
todas as raças da terra e verão o Filho do homem vir sobre as nuvens do céu com
grande poder e glória. Ele enviará a seus anjos com sonora trombeta, e reunirão
dos quatro ventos a seus eleitos, desde um extremo dos céus até ao outro. Da
figueira aprendam esta parábola: quando já seus ramos estão tenros e brotam as
folhas, sabeis que o verão está perto. Assim também vós, quando verem tudo
isto, saibam que Ele está perto, às portas" (Mt 24, 29-33).
Recordando:
sobre a apocalíptica e seus sinais, devemos pensar que todos estes prodígios
cósmicos, se bem que, não se pode negar que possam ser referidos a situações
físicas e cósmicas que se produzirão previamente à nova vinda de Cristo,
devemos supor, dado que a linguagem apocalíptica fala por meio de “sinais”, que
o que Jesus queria deixar claro em seus discípulos é que seu regresso seria
precedido de sinais tão evidentes e potentosos que não poderiam escapar à vista
de ninguém.
Como
suporte a isto devemos tomar em conta a visão cósmica que tinha as pessoas do
tempo de Jesus os quais criam que a terra era plana e o centro do universo. Não
tinham nem a menor ideia de que a caída de uma estrela sobre a terra é
impossível, já que a mais pequena que nos rodeia é infinitamente maior que
nosso sol, pelo que é pouco possível que Jesus se referia a fenômenos estelares
de caráter físico, mas, mais simbólico. É de notar também que não finaliza seu
discurso dizendo que o final do mundo está perto, mas, que Ele está perto. Isto
é, que a salvação definitiva está à porta… que não há motivo para assustar-se
ou viver com temor. Tudo o que anteceda será o sinal de que a salvação
definitiva está chegando… notícia para todo o crente de grande gozo, pelo que
longe de afastar esta ideia da vinda de Jesus gritavam, como nós o fazemos em
nossas eucaristias “Vem Senhor Jesus!” (Ap 22,20), palavra com as quais se
fecha o livro do Apocalipse.
«Eu
lhes asseguro que não passará esta geração até que tudo isto suceda. O céu e a
terra passarão, mas minhas palavras não passarão. Mas daquele dia e hora,
ninguém sabe nada, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas só o Pai» (Mt
24,34-35).
«Como
foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e
davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam,
até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho
do homem. Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor; sabei, porém,
isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão,
vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso ficai também vós
apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem. Quem
é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais,
para a tempo dar-lhes o sustento?
Bem-aventurado
aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo. Em verdade
vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas se aquele outro, o mau servo,
disser no seu coração: “Meu senhor tarda em vir”, e começar a espancar os seus
conservos, e a comer e beber com os ébrios, virá o senhor daquele servo, num
dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e
lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.»
Dado
que ninguém sabe nem o dia nem a hora, Jesus termina seu discurso convidando a
seus discípulos a permanecer fiéis e a estar sempre preparados, pois sua
segunda vinda será de surpresa.
Podemos
concluir que à pergunta feita por seus discípulos sobre quando será o fim do
mundo e quais seriam os sinais para reconhecer que o final está perto, Jesus
conclui dizendo: Quanto ao dia e a hora: ninguém o sabe; e pelo que toca aos sinais
que o precederão, o sinal fundamental é que não haverá sinais, será ao
improviso, pelo que há que viver sempre preparados.
Fonte:
CLÉOFAS