1 – Templos e mentalidade pagã
A
tentação de impressionar o mundo com construções suntuosas sempre fez parte da
psicologia religiosa dos povos. Ouvimos, na 1ª leitura, que Davi também foi
tentado a construir um mega templo. Tinha boa intenção. Os estudiosos, contudo,
dizem que se tratava de um jogo político para calar a boca daqueles que
criticavam seu reinado. É o uso da religião para impressionar, para ganhar
dinheiro, para mostrar poder pela grandeza de templos. Outra questão é a
Teologia do Templo. Nós cristãos não temos templos. Ouve-se aqui e ali falar de
construção de templos. É um verbete que, liturgicamente falando, não pertence
ao nosso dicionário. No mundo pagão, o templo é o local onde Deus habita. Na
Teologia Bíblica, Deus habita no meio do povo. Na Encarnação de Maria, como dizia
o Evangelho, Deus habita no seio da Virgem Mãe. Na Teologia litúrgica, Deus
habita na Igreja, não nesta construção, mas na Igreja Corpo Místico de Jesus
Cristo. É o que professamos em cada Liturgia: “Ele está no meio de nós!”
2 – Mistério divino
A
segunda palavra que merece destaque encontra-se na 2ª leitura. São Paulo fala
de “Mistério”. No nosso linguajar, mistério significa algo misterioso,
incompreensível. Na linguagem Bíblica, principalmente na Teologia de São Paulo,
mistério é uma palavra usada para falar do projeto divino, do projeto de Deus
em favor do mundo e para a nossa vida humana. Paulo diz que o mistério divino,
o projeto divino se manifesta na história humana. A Encarnação do Verbo, no
seio de Maria, como relatado no Evangelho, é o modo mais concreto possível de
Deus entrar na história humana. Não apenas intervém na nossa história com
milagres e prodígios, mas fazendo-se gente como nós. Entra na nossa história
para dizer que se Deus vive como gente, como pessoa humana, nós podemos acolher
e viver de acordo com o seu Mistério, com o seu projeto.
3 – Os planos de Deus e nossos projetos
Deus
habita no meio do povo, pela Encarnação, Deus se faz humano para entra e viver
a mesma vida humana na nossa história. Davi tinha seu plano de construir uma
casa para Deus. A profecia de Natã esclarece a Davi que quem faz os projetos
para a vida humana é Deus e não homem que projeta onde Deus vai morar. Maria,
na Anunciação, coloca uma objeção: como posso ter um filho se não tenho
relacionamento com nenhum homem? O anjo pede que Maria tenha fé, e aponta no
sinal da maternidade de Isabel, que era estéril, uma obra divina, porque para
Deus nada é impossível. Os planos de Davi e os planos de Maria se conformam ao
Mistério divino, ao projeto divino. — Como eu estou preparando o Natal neste
ano tão atribulado? Os meus planos se configuram com o plano de Deus, que vem
ao mundo para que a vida seja plena e digna para todos? Ou sou que estou
propondo projetos para Deus realizar na minha vida? Amém!