quinta-feira, dezembro 10, 2020

SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

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O diálogo entre Deus, o homem e a mulher

 

Depois do pecado, Deus interroga Adão: "onde estás?" (1L). Deus interroga o homem e a mulher porque são capazes de entrar em diálogo com ele. Mas, Deus não conversa com a serpente porque, enquanto símbolo do mal, não é digna e nem capaz de entrar em contato com Deus. Entre Deus e o mal, entre Deus e a maldade (pecado), existe total incompatibilidade. Um modo para entender que Deus não é responsável pelo mal e nem responsável pelo pecado.

 

Deus interroga o homem e lhe pergunta: "onde estás?" (1L). Não o interroga perguntando o que fez. Não interroga para ter informações, mas para oferecer ao homem a possibilidade de perceber onde ele se situa no diálogo: está dialogando com Deus ou dialogando com a serpente? (1L). Está em contato com Deus ou em contato com a serpente? Com quem o homem e a mulher estão em contato na sua vida?

 

Interessante perceber que Adão não se reconhece como autor do pecado. Transfere a responsabilidade, inicialmente a Eva e, depois, transfere a responsabilidade ao próprio Deus: "a mulher que me destes por companheira" (1L). Segundo o raciocínio de Adão, se Deus não tivesse criado a mulher, ele não teria pecado. De igual maneira, a mulher culpa a serpente. Quando se está em contato com o mal é difícil admitir o erro.

 

 

 

Punição terapêutica

 

O que acontece como punição, no relato da 1ª leitura, não se entenda como castigo, mas como atitude terapêutica da parte de Deus, depois de Adão e Eva aceitarem a promessa maldosa de que seriam como Deus (1L). Aquilo que se configura como punição de ser expulso do paraíso é, na realidade, uma atividade terapêutica, da parte de Deus, que consiste em ajudar Adão e Eva a perceber que se Deus cuida da criação sem fadiga alguma, o homem experimenta a fadiga do trabalho para transformar a terra e dela se alimentar. Se Deus não sofre para gerar a vida, a mulher passa pelas dores de parto. Fadiga no trabalho e dores de parto fazem compreender que não são iguais a Deus; são criaturas de Deus.

 

Neste processo terapêutico, Deus não abandona o homem e a mulher, mas coloca-se ao lado deles fortalecendo-os para combater o mal que está neles e fora deles. O êxito da luta, a vitória final, está na promessa divina de que a mulher esmagará a cabeça da serpente (1L) que, na teologia paulina, abre a possibilidade de ser admitido a participar da santidade divina, no amor (2L), cujo ponto alto desta santidade se faz presente na vida da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

 

 

 

Maria e a fé

 

O Evangelho desta Solenidade proclama a cena da Anunciação. É o Evangelho da vocação de Maria em vista do projeto divino: "eis que conceberás e darás à luz, um filho, a quem porás o nome de Jesus" (E).

 

Diante do anúncio do anjo, "Maria ficou perturbada" (E). Não é uma experiência de medo, mas da consciência de estar diante de Deus e participando da transcendência divina. Chama atenção o fato de Maria não ficar calada, mas entrar em contato com o mensageiro divino para compreender sua vocação.

 

A resposta do anjo, como nas narrativas Bíblicas vocacionais, incentiva Maria a aderir ao chamado divino pela fé, manifestada por sinais. No caso de Maria, o sinal é outra gravidez: "também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice" (E). Diante do modo misterioso da concepção virginal de Maria, o anjo proclama o sinal da gravidez na velhice "porque para Deus nada é impossível" (E). Maria responde com a disposição de se fazer serva do Senhor (E). Assim, em Maria, a nova Eva, Deus recria uma humanidade nova, capaz de dialogar com Deus, cujo fruto do ventre imaculado é Jesus Cristo (2L), o homem novo, que não conversa com o mal, mas acolhe totalmente viver fazendo a vontade divina.