quarta-feira, março 31, 2021

DOMINGO DE RAMOS








1 – Nem tudo é explicável no Mistério divino

 

Hoje, convivemos com a grande facilidade de encontrar respostas para nossas curiosidades. Se surge um questionamento em nossas cabeças, uma pesquisa rápida na internet oferece milhares de respostas. Nós convivemos com uma curiosidade sadia de querer saber o segredo de tudo, conhecer a origem de tudo, entender as consequências daquilo que acontece. A ciência caminha na estrada da curiosidade; faz questionamentos para compreender o funcionamento do que existe em nós e na natureza. Se isto funciona bem para a ciência, nem sempre funciona na dinâmica da fé. Em tantas situações, a fé nos coloca diante do Mistério de Deus e, na maior parte das vezes, não se tem uma explicação teórica. Nem tudo, no Mistério divino, é explicável.

 

 

2 – Diante do Mistério divino, a contemplação

 

Um destes mistérios divinos sem explicação é a Paixão e Morte de Jesus. Tudo bem, a gente se contenta em dizer que Jesus morreu por amor a nós; esta é a grande verdade da fé. Mas, se tratou de uma morte escandalosa, cruel, vergonhosa. Por que Deus não interveio e impediu tanto sofrimento? Os primeiros cristãos, não conseguindo compreender este mistério, foram buscar uma resposta nas profecias do Antigo Testamento e se depararam com a profecia de Isaías, que ouvimos na 1ª leitura. Ali está um servo de Deus, que passou a vida ouvindo Deus e sendo fiel a Deus em tudo. E, mesmo assim, como cantava o salmo responsorial, foi torturado. É incompreensível que alguém tenha se dedicado tanto a Deus e tenha como sorte a tortura física e psicológica. Olhamos para Jesus e percebemos que o mesmo aconteceu com ele. São Paulo, na 2ª leitura, descreve a identidade de Jesus como Filho de Deus, mas que viveu como um escravo humano. Qual o motivo? A nossa Salvação. Não compreendemos porquê Deus não reagiu para livrá-lo do sofrimento, mas temos um motivo satisfatório maior que uma teoria sobre a Morte de Jesus: o amor divino para nos salvar.

 

 

3 – Três atitudes para viver bem a Semana Santa

 

A reflexão que fiz tem um objetivo. A Semana Santa não é um tempo para nos dedicarmos a curiosidades sobre Jesus Cristo. Temos o ano inteiro para fazer isso. A Semana Santa é um tempo para ser vivenciado profundamente no Mistério de Deus. Para isso, sugiro três atitudes. A primeira é convencer-se que nas coisas de Deus, que não campo da fé, existe um limite para o humano: é o inexplicável. É preciso crer e acolher; disto nasce a adoração. A segunda atitude é exercitar a oração da contemplação. Contemplar é um exercício religioso que produz uma compreensão sem passar pela mente, sem exigir explicações. O contemplativo, de sua parte, compreende e nem sempre sabe explicar. Por fim, a terceira atitude encontra-se no último verso do salmo responsorial: diante do amor divino é preciso silenciar e agradecer. A Semana Santa é um tempo propício para glorificar a Deus, respeitar Deus, agradecer porque, em seu amor imenso, se fez escravo e servidor para nos salvar. Amém!