segunda-feira, março 22, 2021

V DOMINGO DA QUARESMA









Desde o início desta Quaresma, o tema da Aliança entre Deus e a humanidade sempre esteve presente. Assim, recordamos a aliança entre Deus e Noé, entre Deus e Abraão, a prática da aliança com Deus pela observância dos Mandamentos e, no Domingo passado, a consequência da infidelidade à aliança, com o povo sendo deportado e exilado na Babilônia. Diante deste quadro, Deus toma uma decisão: não escreverá mais a aliança em pedras, mas no coração de cada ser humano. A ideia divina é que a aliança seja vivida como algo natural, na nossa vida cotidiana. Simples assim? Nem tanto! Para isto acontecer, o nosso coração, quer dizer, o centro da nossa vida, o local onde tomamos as decisões, precisa ser habitado pelo Espírito de Deus. E nem sempre é assim. Por isso, temos necessidade de converter-nos e suplicar o perdão de todo pecado, como cantava o salmista. Somos capazes de fidelidade à Aliança se o Espírito de Deus morar em nossos corações e conduzir nossa existência.

 

 

Queremos interceder, nesta celebração, a graça de um coração puro, a graça do perdão dos nossos pecados, a graça de ter a culpa cancelada de nossos corações. Como os gregos, também nós suplicamos a graça de ver Jesus. Não se trata, aqui, da curiosidade de ver uma celebridade, um cantor ou esportista famoso; trata-se de entrar em contato com Jesus e entender que o acolhimento do projeto divino exige de nós a força da fidelidade incondicional. Como refletimos no Domingo passado, a fidelidade ao projeto divino exige a opção fundamental por Jesus Cristo e pelo Evangelho. Isto pode ser simples e fácil até o momento do primeiro desafio. Por isso, Jesus, no Evangelho insiste no seu seguimento, sem nos apegar à nossa vida, quer dizer, aos nossos projetos pessoais. Isto provoca angústia em nossos corações. Também Jesus ficou angustiado, como ouvimos no Evangelho, mas acima de tudo, ele colocou a fidelidade ao projeto do Pai. E isto, dizia a 2ª leitura, foi realizado

 

pela obediência.

 

 

Ser fiel ao projeto divino, viver na fidelidade ao Evangelho, não é coisa simples. Hoje, especialmente na mídia, o Evangelho é simplificado e, não poucas vezes, traduzido em frases de autoajuda. Uma frase bonita, uma canção, um sentimento e uma conclusão precipitada: eu amo Jesus. Tudo bem, não existe pecado neste processo e tem, até mesmo, a sua utilidade. Mas, o verdadeiro amor, que glorifica o Pai, como diz Jesus, acontece pela obediência ao projeto divino, acontece pelo acolhimento da vontade divina em minha vida. E isto, como dizia a 2ª leitura, precisa ser aprendido. Até Jesus precisou aprender a obedecer. Aprender a aceitar o projeto divino em todos os momentos e com todas as consequências. Nos momentos de tranquilidade, nos momentos de dificuldade e nos momentos de provocação. Amém!