Antes
de mais, a catequese que João nos apresenta garante-nos a presença de Cristo no
meio da sua comunidade em marcha pela história. Os discípulos de Jesus vivem no
mundo, numa situação de fragilidade e de debilidade; experimentam, como os
outros homens e mulheres, o sofrimento, o desalento, a frustração, o desânimo;
têm medo quando o mundo escolhe caminhos de guerra e de violência; sofrem
quando são atingidos pela injustiça, pela opressão, pelo ódio do mundo;
conhecem a perseguição, a incompreensão e a morte... Mas são sempre animados
pela esperança, pois sabem que Jesus está presente, oferecendo-lhes a sua paz e
apontando-lhes o horizonte da vida definitiva. O cristão é sempre animado pela
esperança que brota da presença a seu lado de Cristo ressuscitado. Não devemos,
nunca, esquecer esta realidade.
A
presença de Cristo ao lado dos seus discípulos é sempre uma presença renovadora
e transformadora. É esse Espírito que Jesus oferece continuamente aos seus, que
faz deles homens e mulheres novos, capazes de amar até ao fim, ao jeito de
Jesus; é esse Espírito que Jesus oferece aos seus, que faz deles testemunhas do
amor de Deus e que lhes dá a coragem e a generosidade para continuarem no mundo
a obra de Jesus.
A
comunidade cristã gira em torno de Jesus é construída à volta de Jesus e é de
Jesus que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos secos e estéreis,
incapazes de encontrar a vida em plenitude; sem Ele, seremos um rebanho de
gente assustada, incapaz de enfrentar o mundo e de ter uma atitude construtiva
e transformadora; sem Ele, estaremos divididos, em conflito, e não seremos uma
comunidade de irmãos... Na nossa comunidade, Cristo é verdadeiramente o centro?
É para Ele que tudo tende e é Dele que
tudo parte?
A
comunidade tem de ser o lugar onde fazemos, verdadeiramente, a experiência do
encontro com Jesus ressuscitado. É nos gestos de amor, de partilha, de serviço,
de encontro, de fraternidade (no "lado trespassado" e nas chagas de
Jesus, expressões do seu amor), que encontramos Jesus vivo, a transformar e a
renovar o mundo.
Por
fim, o encontro com o Senhor ressuscitado comporta também um envio missionário.
Jesus entra no cenáculo e entrega o seu Espírito Santo para os Apóstolos com a
missão de perdoar os pecados. O dom do Espírito Santo é sempre oferecido com
uma finalidade missionária. No Evangelho que ouvimos, a finalidade é levar o
perdão dos pecados. Hoje, comemoramos o Domingo da Divina Misericórdia. O
perdão dos pecados é a grande manifestação da Divina Misericórdia para o mundo
e para a humanidade. O perdão dos pecados é um gesto do amor divino. Se o
pecado provoca a morte, o perdão restaura a vida. Jesus oferece à sua Igreja o
dom de perdoar os pecados pelo Sacramento da Penitência. A Confissão, a
celebração da Penitência, não é invenção da Igreja, é missão que a Igreja
recebeu de Jesus Cristo ressuscitado para manifestar a misericórdia divina no
perdão dos pecados.