Muitas
vezes, ao longo da caminhada, os discípulos sentem uma tremenda solidão e,
confrontados com a oposição e a incompreensão do mundo, experimentam a sua
fragilidade e impotência. Parece que Jesus os abandonou; e o silêncio de Jesus
desconcerta-os e angustia-os. O Evangelho deste domingo garante-nos que Jesus
nunca abandona o barco dos discípulos. Ele está sempre lá, embarcado com eles
na mesma aventura, dando-lhes segurança e paz. Nos momentos de crise, de
desânimo, de medo, os discípulos têm de ser capazes de descobrir a presença -
às vezes silenciosa, mas sempre amiga e reconfortante - de Jesus ao seu lado,
no mesmo barco.
¨
"Ainda não tendes fé?" - pergunta Jesus aos discípulos... Se os
discípulos tivessem fé, não teriam medo e não sentiriam a necessidade de
"acordar" Jesus. Estariam conscientes da presença de Jesus ao seu
lado em todos os momentos e não estariam à espera de uma intervenção mais ou
menos mágica de Jesus para os livrar das dificuldades. O verdadeiro discípulo é
aquele que aderiu a Jesus, que vive em permanente comunhão e intimidade com
Jesus, que está em permanente escuta de Jesus, que caminha com Jesus, que a
cada instante descobre a presença reconfortante de Jesus ao seu lado. Ele conta
sempre com Jesus e não se lembra de Jesus apenas nos momentos de dificuldade e
de crise...
¨ A intervenção de Jesus provoca o "temor" dos discípulos. Dissemos atrás que o "temor" significa, neste contexto, que os discípulos reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega. Esta "catequese" convida-nos a assumir, diante desse Jesus que nos acompanha sempre, uma atitude semelhante (de "temor") e a aderir incondicionalmente às suas propostas, a confiar n'Ele, a segui-l'O nesse caminho do amor e do dom da vida que Ele nos veio propor.