Nessa
semana (dia 24), celebramos o II Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema
escolhido pelo Santo Padre, o Papa Francisco, para a ocasião, é “Dão fruto
mesmo na velhice” (Sl 92, 15), pretendendo assim destacar o quanto os avós e
idosos são um valor e um dom, tanto para a sociedade quanto para a comunidade
eclesial. O tema é também um convite a reconsiderar e valorizar os avós e os
idosos, “tão frequentemente deixados às margens das famílias, das comunidades
civis e eclesiais”, segundo o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. “A
experiência de vida e de fé deles pode contribuir, com efeito, para construir
sociedades conscientes das suas próprias raízes e capazes de sonhar um futuro
mais solidário”, salienta no comunicado divulgado pelo Vatican News. O convite
a dar ouvidos à sabedoria dos anos revela-se, além disso, particularmente
significativo no contexto do caminho sinodal que a Igreja tem empreendido,
segundo o Dicastério. O tema escolhido pelo Papa, segundo ele, “vai na
contramão daquilo que o mundo pensa desta idade da vida e também ao
comportamento resignado de alguns de nós, idosos, que caminhamos com pouca
esperança e sem nada mais esperar no futuro”. “Muitas pessoas têm medo da
velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar
qualquer tipo de contato: os idosos não nos dizem respeito – pensam elas – e é
conveniente que estejam o mais longe possível, talvez juntos uns com os outros,
em estruturas que cuidem deles e nos livrem da obrigação de nos ocuparmos das
suas penas. É a ‘cultura do descarte’: aquela mentalidade que, enquanto nos faz
sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos
imaginar caminhos separados entre ‘nós’ e ‘eles’. Mas, na realidade, uma vida
longa – ensina a Sagrada Escritura – é uma bênção, e os idosos não são párias
de quem se deve se distanciar, mas sinais vivos da benevolência de Deus que
efunde a vida em abundância. Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a
família que honra os seus avós!” “Com efeito, a velhice constitui uma estação
que não é fácil de entender, mesmo para nós que já a vivemos. Embora chegue
depois dum longo caminho, ninguém nos preparou para a enfrentar; parece quase
apanhar-nos de surpresa. As sociedades mais desenvolvidas gastam muito para
esta idade da vida, mas não ajudam a interpretá-la: proporcionam planos de
assistência, mas não projetos de existência. Por isso é difícil olhar para o
futuro e individuar um horizonte para onde tender. Por um lado, somos tentados
a exorcizar a velhice, escondendo as rugas e fingindo ser sempre jovens, por
outro parece que nada mais se possa fazer senão viver desiludidos, resignados a
não ter mais ‘frutos para dar’”. Confiando em Deus, “encontraremos a força para
multiplicar o louvor (cf. Sal 71, 14-20) e descobriremos que envelhecer não é
apenas a deterioração natural do corpo ou a passagem inevitável do tempo, mas
também o dom duma vida longa. Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!”
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan