João
Batista se apresenta no deserto da Judeia e, fazendo eco de um antigo oráculo
de Isaías, brada: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”
(Is 40,3). Esta mensagem atravessa os séculos e chega até nós, repleta de
extraordinária atualidade. Aquele que saltou de alegria no ventre de sua mãe,
diante da voz da jovem de Nazaré, nos rompe, com sua voz, a surdez do coração e
nos força a abrir os olhos para ver Aquele que sempre se aproxima.
A
mensagem de conversão que João Batista proclamava para preparar o caminho ao
Senhor encontra eco na exortação da segunda leitura: Enquanto estão esperando e
apressando a chegada do dia do Senhor, devemos ser perfeitos na santidade de
vida e na piedade para que Deus os encontre em paz com Ele (cf. 2Pd
3,8-14). É certo que o “o dia do Senhor”
virá, e virá inesperadamente; será para cada homem uma surpresa. Por isso, o problema da conversão, o problema
do encontro e de estar com Deus é questão de cada dia; pois cada dia pode ser
para cada um o “dia do Senhor”.
Este
empenho de conversão funda-se na certeza de que a fidelidade de Deus nunca
enfraquece, não obstante tudo o que podemos encontrar de negativo em nós e em
nosso redor. Eis o motivo pelo qual o Advento é tempo de expectativa e de
esperança. A Igreja nos faz lembrar neste domingo a promessa confortadora do
profeta Isaías: “Todos os homens verão a salvação de Deus” (cf. Is 40, 5).
Nós
também devemos preparar o nosso coração, o nosso interior para a chegada do
Senhor. O tempo do Advento é composto
por quatro semanas que a Igreja nos concede como preparação para a chegada do
Natal. O texto evangélico nos exorta: “Preparai o caminho do Senhor” (Mc 1,2).
Mais uma vez ressoa com vigor este convite. Acolhamos este apelo. Um brado
profético que continua a repercutir-se nos séculos. Também o sentimos hoje,
enquanto a humanidade prossegue o seu caminho na história. A todos nós João Batista continua a indicar o
caminho que é preciso percorrer.
A
aproximação do Natal nos estimula a uma atitude mais vigilante de espera do
Senhor que vem, enquanto a liturgia de hoje nos apresenta João Batista como um
exemplo a imitar. Precisamos limpar o caminho.
E um modo concreto para a concretização desta conversão que o texto
evangélico prescreve, pode ser também o Sacramento da Reconciliação, para que o
pecado seja eliminado e devidamente expiado.
Só assim estaremos dando espaço para o Senhor em nossa vida e permitir
que Ele possa nascer no íntimo da nossa vida.
Neste
tempo de advento, lembremos também da Virgem Maria, aquela que é bem-aventurada
porque acreditou na mensagem do Senhor. Em Maria, preservada de qualquer pecado
e repleta de graça, Deus encontrou a terra fértil, na qual depositou a semente
da nova humanidade. A ela, preservada da culpa e repleta da graça divina,
colocamos a nossa esperança. Peçamos a
sua intercessão por cada um de nós, para que possamos preparar com dignidade os
caminhos do Senhor e a endireitar as suas veredas a fim de que, um dia, possamos
contemplar a salvação que vem de Deus. Assim seja.