Hoje
a Igreja nos reúne para celebrar uma verdade que muda tudo: Jesus Cristo é o
Rei do Universo. Pode parecer uma frase imensa, até ousada demais. Mas, na
verdade, ela descreve não só o que Ele é, mas o que Ele realiza em nós.
Quando
pensamos em “rei”, nossa mente corre para imagens de poder, tronos dourados,
exércitos armados, ordens que ninguém ousa contrariar. E, no entanto, quando
olhamos para Cristo, encontramos algo totalmente diferente. O trono d’Ele é uma
cruz, a coroa é feita de espinhos, o manto é o sangue derramado por amor. Ele
reina, mas não domina; governa, mas não oprime; manda, mas serve primeiro.
Logo
percebemos que o reinado de Jesus não se impõe pela força, e sim pela verdade.
Não cresce pelo medo, mas pela misericórdia. Não conquista territórios
externos, conquista o coração. E, quanto mais deixamos que Ele reine aqui
dentro, mais tudo ganha um sentido novo: as dores, as escolhas, os
relacionamentos, os passos que damos.
No
Evangelho desta solenidade, sempre vemos Cristo diante de Pilatos ou elevado na
cruz, mas, é curioso: o mundo tenta julgá-Lo, tenta decidir o destino do
próprio Autor da vida. Mas, aos poucos, percebemos que é Ele quem julga o
mundo. Ele não precisa levantar a voz para mostrar quem é. Basta o silêncio,
basta o olhar, basta o amor que insiste até o fim. A cruz O revela como Rei não
porque vence inimigos, mas porque vence o último inimigo: o pecado que nos
separa do Pai.
Além
disso, a sua realeza é universal porque nada escapa ao seu olhar, e ninguém
está fora do seu alcance. Ele reina sobre o tempo e sobre a eternidade, sobre a
história e sobre cada capítulo pessoal da nossa vida. E, quando reconhecemos
isso, tudo muda. As coisas que antes pareciam gigantes começam a encolher. As
dores que antes pareciam insuportáveis ganham propósito. Os medos que nos
paralisavam começam a perder a força.
Entretanto,
existe uma pergunta que esse dia coloca diante de nós: Cristo reina mesmo no
meu coração?
Não
basta proclamar com os lábios; é preciso entregar com a vida.
Ele
reina quando escolhemos o perdão em vez da vingança, quando preferimos a
verdade às justificativas fáceis.
Ele
reina quando deixamos o orgulho cair e a humildade florescer, quando a nossa
vontade se dobra diante da vontade do Pai.
Se
o lugar d’Ele é o centro, então o nosso lugar é aos pés da cruz, onde
aprendemos que obedecer a Cristo não nos encurta, nos amplia; não nos
aprisiona, nos liberta.
E,
por favor, não pense que Jesus quer arrancar algo de nós. Ele deseja mostrar
que o coração só encontra paz quando descansa no Rei que não falha, não engana,
não abandona. Um Rei que não usa o poder para se proteger, mas para nos salvar.
A
festa de hoje, portanto, é um convite. Um convite forte, urgente, amoroso:
deixe Cristo reinar: na sua mente, para purificar pensamentos confusos, no seu
olhar, para enxergar com esperança, nos seus afetos, para amar com verdade, nos
seus passos, para não se perder, e, finalmente, na sua história, para
transformar feridas em testemunho.
E,
enquanto Ele toma o trono do nosso coração, o mundo começa a ver frutos. O
Reino acontece. A paz brota. A justiça floresce. A caridade ganha corpo. A luz
vence a escuridão.
Então,
irmãos, de joelhos diante do Rei crucificado e ressuscitado, peçamos hoje a
maior graça: que Jesus Cristo seja, de fato, o Rei da nossa vida. Nas decisões,
e não somente quando tudo vai bem, mas também quando tudo parece desabar.
Porque,
onde Ele reina, nada se perde; tudo se encontra.
Onde
Ele reina, nada termina; tudo começa.









