Sempre
que ouvimos Jesus proclamar “Convertei-vos”, algo dentro de nós mexe. No
primeiro momento, parece até um alerta duro, mas, quando olhamos mais de perto,
percebemos que é um chamado cheio de ternura. Desde o início, Jesus fala com
autoridade, porém fala como quem estende a mão. Ele não ameaça, Ele desperta.
E, à medida que o Evangelho avança, fica claro que a conversão não significa
medo, mas encontro.
Além
disso, Jesus anuncia que “o Reino dos céus está próximo”. Ele não promete algo
distante, escondido atrás das nuvens. Ele declara que o Reino já toca a terra,
já respira entre nós, já se manifesta no ordinário da vida. Assim, quando Ele
pede conversão, Ele nos chama a ajustar o coração para perceber essa presença
que muitas vezes deixamos escapar por distração.
No
entanto, converter-se exige coragem. A gente gosta de mudança, mas só quando o
outro muda. Porém, quando Jesus aponta para dentro de nós, aí tudo balança. A
verdade de Cristo sempre chama à revisão: atitudes que machucam, palavras que
ferem, hábitos que amarram. Ele não nos humilha, Ele nos liberta. Deus age como
médico que revela a ferida para curar, nunca para condenar.
Logo
depois, entendemos que conversão não é reforma superficial. Jesus não quer uma
pintura nova sobre paredes rachadas. Ele quer transformar o interior, porque é
ali que o Reino começa. Mudamos o mundo quando mudamos o coração. E, quando o
coração muda, mudam os gestos, muda o olhar, muda o jeito de tratar quem vive
ao nosso redor. Converter-se significa colocar Deus no centro e deixar que tudo
o mais encontre seu lugar.
Ao
mesmo tempo, o Reino de Deus sempre chega de maneira simples. Jesus anda pelas
ruas da Galileia, toca feridos, escuta desprezados, acolhe pecadores, ilumina
confusos. Ele apresenta o Reino assim: como vida que floresce, como
misericórdia que alcança, como presença que transforma. Por isso, a conversão
não acontece por obrigação, mas por encanto. A gente muda porque descobre que
vale mais viver ao lado d’Aquele que salva do que permanecer preso às correntes
que cansam a alma.
Além
disso, o chamado à conversão revela o respeito de Deus por nós. Ele não nos
empurra. Ele convida, fala ao coração e espera a resposta. Cada “sim” que damos
abre espaço para a graça. Cada passo que ousamos dar em direção a Ele ilumina
partes escondidas da vida que já pediam nova chance há muito tempo.
Assim,
ao ouvirmos de novo “Convertei-vos”, percebemos que Jesus não fala a estranhos.
Ele fala a filhos. Ele sabe da nossa luta, conhece as quedas, entende o medo. E
mesmo assim Ele continua chamando, porque acredita no que podemos nos tornar
quando caminhamos com Ele.
Portanto,
meus irmãos e minhas irmãs, acolhamos este chamado com humildade e decisão.
Vamos mudar o que fere, abandonar o que atrasa, renunciar ao que nos afasta.
Vamos escolher Cristo de novo, com sinceridade, com desejo, com verdade. Quando
Ele diz que o Reino está próximo, Ele nos lembra que Deus nunca se cansa de vir
ao nosso encontro. E nós, então, podemos responder com a única coisa que muda
tudo: um coração disposto.



