Personagens do Advento
O Tempo do Advento é marcado por três personagens: Isaías, o profeta que anuncia um mundo novo; João Batista, o profeta precursor, que prepara os caminhos do Senhor e Maria, a mãe grávida, em quem acontece a realização da promessa divina dentro de si. A Liturgia de hoje volta-se para o santo casal, com a mãe grávida e seu esposo, José. Em Maria realiza-se a profecia: “eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho”. Em José temos a imagem do homem justo e obediente ao projeto divino, mesmo sem saber ao certo o que estava acontecendo. João Batista acompanhou-nos nos dois primeiros Domingos do Advento e Isaias vem nos acompanhando desde o 1º Domingo do Advento com suas profecias repletas de esperança e de encorajamento para não se perder a confiança em tempos melhores. Na profecia de hoje, por exemplo, Isaias apresenta ao rei Acaz e a todos nós um sinal que irá mudar a sociedade: uma Virgem grávida e dela nascerá um Filho que será Emanuel, quer dizer: Deus conosco. Isaias apresenta-nos um sinal de vida nova, vida divina sendo gestada no seio da Virgem.
Maria, símbolo da humanidade silenciosa
Maria não é apenas a mulher, a mãe, aquela que possibilita a vinda de Jesus entre nós. Maria é também símbolo, é sacramento da presença divina entre nós. Nela vemos a humanidade silenciosa esperando o Salvador. Ela representa aqueles homens e mulheres que a cada dia vivem a esperança e suplicam somente com o coração, com o silêncio de seus corações, a vida nova que vem de Deus. Sabem que nele podem esperar porque ele é fiel e cumpre suas promessas. Como Isaias que não coloca sua confiança nos políticos e nas estratégias violentas da guerra, pretendidas por Acaz, mas na potência da vida que nascerá da Virgem grávida, assim Maria representa uma humanidade silenciosa em busca da face divina. Toda mulher grávida busca o rosto de seu filho e sua filha, ainda escondido no seu seio. Uma busca que se realiza quando se ouve a voz do salmista: “abri as portas para que ele possa entrar”. Quem pode entrar? O Rei da glória, o Menino que nascerá da Virgem.
José, o símbolo da fé
Também José, um personagem importante deste 4º Domingo do Advento, é apresentado na Palavra desta Liturgia como símbolo do homem fiel e acolhedor do projeto divino, por mais embaraçoso que fosse. José está diante da surpresa de Deus e pensa em fugir. O Evangelho dizia que José percebia a situação como algo estranho, mas por ser justo não queria difamar e nem prejudicar Maria. Pensava, portanto, em abandonar Maria. Não abandonou Maria, graças à presença do anjo que lhe explica o que está acontecendo, propondo a ele um novo modo de encarar a situação. Esta é uma bela proposta para se viver neste Natal de 2016. Por mais estranhas que sejam as exigências da fé, não se pode abandonar o projeto divino, escapar sem mais nem menos como alguém que não tem nem fé e nem esperança. É preciso, ao contrário, lançar uma nova visão sobre a realidade existencial que se está vivendo para compreender, ou para se ter uma luz de como aceitar o momento da vida presente antes de tomar uma decisão. José recebeu a responsabilidade de colocar o nome no Menino, quer dizer, assumir a paternidade. E ele aceitou este compromisso pela sua fidelidade e pela sua fé. Sejamos como José.
Abrir as portas para o Senhor
Como cantávamos no salmo responsorial, que pedia para abrir as portas, para que entre o Rei da Glória, o Natal oferece esta oportunidade para que Jesus, o Rei da Glória, entre em nossas vidas, entre em nossas famílias, venha viver em nossa comunidade. Seja, de fato, o Emanuel, o Deus conosco. É tempo também para abrir as portas de nossas famílias para deixar o Senhor nascer entre nós. Ele está próximo, ele quer nascer em nosso meio, ele é o Emanuel, o Deus conosco, o Deus que vive no meio de nós. Como dizia o anjo a José, não se deve temer. Não se pode colocar dificuldades e encontrar desculpas para que o Senhor nasça em nossas famílias e em nossas vidas. Abramos nossos corações com toda alegria, para que o nascimento do Senhor seja de fato uma realidade dentro de nossas famílias e na vida de cada um de nós. Nós precisamos de muita fé e de muita confiança no atual contexto social que vivemos. A mesma fé e da mesma confiança que favoreceram a decisão de Maria e de José para aceitarem Jesus em suas vidas precisa estar em nós. Só assim vamos aceitar o mesmo Jesus em nossas vidas neste Natal. Que o Natal deste ano de 2016 ajude-nos a não se deixar intimidar pelo medo, mas nos fortaleça abrindo as portas para que o Senhor venha e entre na vida de cada um de nós. Amém!