segunda-feira, março 13, 2017

2º DOMINGO DA QUARESMA




Buscar o rosto de Deus

Um brilho novo e mais resplandecente brilha no rosto e nas vestes de Jesus. Um brilho que convida a contemplar a face do Senhor. O rosto de Jesus não é o mesmo rosto de quem combate espiritualmente, como refletíamos no Domingo passado, com Jesus no deserto enfrentando o tentador depois de 40 dias de jejum, oração e meditação da Palavra de Deus. Jesus está diferente neste Domingo. Ele é a imagem viva de Deus brilhando no seu rosto e em todo o seu ser. Hoje, como diz a Liturgia Oriental, podemos dizer que nossa celebração é o Monte Tabor e, cada um de nós, é um dos convidados de Jesus para estar com ele no momento da sua Transfiguração. Todos nós, que hoje celebramos o 2º Domingo da Quaresma, como que acolhemos o convite do salmista que canta: “buscai a face do Senhor” (Sl 27). Nós, neste Domingo, compreendemos que somos buscadores do rosto de Deus. Esta é uma definição que precisamos assimilar para que seja colocada em nossas vidas: buscar o rosto de Deus em Jesus Cristo porque nele brilha a glória divina. A mesma luz que deverá brilhar em nossos rostos. 

A vida é uma viagem 

Quando digo que somos buscadores da face de Deus e que encontramos a sua face no rosto de Jesus Cristo, estou dizendo também que somos viajantes. Muitos pensadores, especialmente os místicos, comparam a vida a uma viagem iniciada no nosso nascimento. Desde o momento que viemos à luz nos tornamos buscadores da luz. Somos atraídos pela luz e quando mais brilhar a luz, maior seu poder de atração. Assim aconteceu com os Reis Magos, que viajaram para ir ao encontro de Jesus, atraídos e conduzidos pela luz da estrela guia. Assim aconteceu com Abraão que ouviu a Palavra do Senhor para que se tornasse viajante e fosse para uma terra por ele indicada. Todos buscamos aquela luz que seja capaz de transfigurar nossas vidas. Quem não se tornar buscador da luz, quem não se fizer viajante para encontrar a luz divina, frustra a sua existência. Frustrações que acontecem em pessoas que se tornam viajantes em busca de luzes que atraem, mas que se apagam em pouco tempo, deixando vidas nas escuridões.

A luz divina em nosso rosto

É importante fazer-se buscador de uma luz que brilhe continuamente e intensamente em nossas vidas. Esta luz é o rosto de Jesus, como ouvimos no Evangelho. Nós não temos um Deus sem rosto. Nosso Deus tem rosto e uma luz resplandecente, capaz de iluminar toda a trajetória de nossa existência. Gostaria de dizer ainda outra coisa. Jesus é Deus, por isso a luz divina brilhou no seu rosto. Mas, Jesus é também homem e, enquanto tal, ele é o modelo da luz divina brilhando em todos nós. No Filho transfigurado podemos contemplar quem somos como batizados: alguém que tem no seu coração o resplendor da luz divina. É o brilho da nossa dignidade. Na Transfiguração, Jesus revela o rosto de Deus e o rosto humano tocado pela luz divina; tocado pela graça. Rosto humano que foi feito para brilhar com a luz divina e não permanecer no escuro de vidas indignas, desprezadas ou vividas sem nenhum tipo de alegria, de paz. Quando dizemos que no rosto humano de Jesus brilha a luz divina, entendemos que não temos um brilho próprio; por isso, se viajarmos sozinhos pelo caminho da vida sem buscar a luz divina, então nossas vidas se escurecerão pouco a pouco. Quanto mais buscarmos a luz divina, quanto mais acendemos em nós a luz divina, mais humanos nós nos tornamos.