Mais do que nunca o mundo anda a procura de luz. Não de uma luz qualquer, mas uma luz especial, capaz de iluminar a vida das pessoas, a ponto de dar-lhes um sentido para viver. Uma luz capaz de transformar as trevas — uma realidade na vida de muitas pessoas — como dizia Paulo, na 2ª leitura, em vida iluminada e iluminadora. Nós apresentamos, através do Evangelho, esta luz: é Jesus Cristo. Os cegos deste mundo podem ver porque Jesus abre-lhes a vista. Aqueles que viviam na cegueira de não querer ver o brilho da vida, podem ver a realidade do mundo e da vida com um olhar diferente, porque Jesus pode tocar suas vidas com a sua luz e transformar as trevas em luz; ter um olhar diferente. Olhar a realidade com olhos diferentes porque iluminados com a luz de Jesus Cristo. O Profeta Samuel, na 1ª leitura, recebeu a missão de encontrar-se com o novo rei de Israel para ungi-lo. Olhou para os filhos de Jessé e avaliou a escolha divina com seus olhos humanos, mas estava enganado. Percebeu que o olhar divino é diferente. Como olhamos a realidade? Como olhamos a vida?
Para enxergarmos a realidade, para que possamos ver a realidade, nós precisamos de luz. Não se pode enxergar no escuro. Por isso, quando Jesus se apresenta como a “luz do mundo”, ele está dizendo que necessitamos da sua luz para enxergar a realidade da vida com um olhar diferente. Isto é perceptível no Evangelho de hoje, que apresenta quatro grupos de pessoas religiosas, cada qual com um olhar diferenciado para a realidade da vida, a partir do milagre de Jesus, curando o cego de nascença. O primeiro grupo é composto pelos vizinhos e conhecidos do cego. Estes fazem perguntas, querem matar a sua curiosidade religiosa, mas são incapazes de crer. Veem, mas não creem. Tem a luz de Jesus diante de si, mas vivem uma fé feita de curiosidades, de buscas de igrejas para ver milagres e coisas extraordinárias. Continuam com uma fé míope. O segundo grupo é formado pelos fariseus. Também eles veem, se interrogam, mas se recusam a crer que Jesus seja o Messias, aquele que traz a luz divina para a humanidade. Os fariseus preferem a luz de seus conhecimentos religiosos, confiando mais em suas Teologias e doutrinas que na experiência de olhar a realidade com a luz do Evangelho.
Depois vem o terceiro grupo de pessoas, formado pelos pais do cego. Eles sabem o que aconteceu, veem seu filho enxergado e sabem que ele era cego desde o seu nascimento. Acreditam, mas sua fé é medrosa. Por isso, escondem-se dos outros por medo de reações contrárias a sua fé. São aqueles religiosos que acreditam, participam das celebrações, mas se escondem por vergonha de professarem a fé, de testemunharem publicamente a fé. Não são pessoas ruins, mas se escondem no seu medo e assim não brilham e vivem aprisionados nas trevas da vergonha. Por fim, o quarto grupo é a pessoa do cego que foi curado. Ele é o exemplo de quem foi batizado, recebeu a luz de Cristo no seu batismo e não tem medo nem vergonha de professar e testemunhar sua fé publicamente nem diante da sociedade e nem diante dos que o agridem. A frase do cego curado é muito expressiva para todos nós: “ele abriu-me os olhos”. Este é o resultado de quem olha a vida com o olhar divino, porque Jesus abriu seus olhos.