Há um grito que se repete na mensagem evangélica e se condensa numa única palavra: “VIGIAI!” É um chamado a viver de maneira lúcida, sem deixar-nos arrastar pela insensatez que parece invadir quase tudo. Um convite a manter desperta nossa resistência e rebeldia: a não agir como todo mundo, a ser diferentes, a não identificar-nos com tanta mediocridade. É possível?
A primeira coisa talvez seja aprender a olhar a realidade com olhos novos, As coisas não são só como aparecem nos meios de comunicação. No coração das pessoas existe mais bondade e ternura do que percebemos à primeira vista. Precisamos reeducar o nosso olhar, torná-lo mais positivo e benévolo. Tudo muda quando olharmos as pessoas com mais simpatia, procurando compreender suas limitações e suas possibilidades.
É importante, além disso, não deixar que se apague em nós o gosto pela vida e o desejo do que é bom. Aprender a viver com o coração e amar as pessoas procurando seu bem. Não ceder à indiferença. Viver com paixão a pequena aventura de cada dia. Não desinteressar-nos dos problemas das pessoas: sofrer e alegrar-nos com os que se alegram.
Por outro lado, pode ser divisivo dar muito mais importância a esses pequenos gestos que aparentemente não servem para nada, mas que sustentam a vida das pessoas. Eu não posso mudar o mundo, mas posso fazer que junto a mim a vida seja mais amável e suportável , que as pessoas “respirem “e se sintam menos sozinhas e mais acompanhadas .
É tão difícil, então, abrir-se ao mistério último da vida, que nós crentes chamamos “DEUS”? Não estou pensando numa adesão de caráter doutrinal a um conjunto de verdades religiosas, mas nessa busca serena de verdade última e nesse desejo confiante de amor pleno que , de alguma maneira, aponta para Deus .