O ANO LITÚRGICO
divide-se em cinco tempos:
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Tempo do Advento
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Tempo do Natal
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Tempo da Quaresma
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Tempo Pascal
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Tempo Comum
O que celebramos nos quatro Domingos que antecedem o Natal do Senhor?
No Tempo do Advento, a liturgia
romana celebra a dupla
«Vinda do Senhor»:
§ a primeira, humilde, quando, na plenitude dos tempos (cf. Gal 4, 4), o Filho de Deus, tomando
da Santíssima Virgem a condição humana, veio ao mundo para salvar os
homens;
§ a
segunda, gloriosa, quando no fim dos tempos,
virá
«para julgar
os vivos e os mortos» (Credo) e introduzir
os justos na casa do Pai, onde nos precedeu a Virgem
Santa Maria.
Espiritualidade
• Tempo de especial intimidade espiritual com Deus através do itinerário catequético da Liturgia;
• Tempo de
redescoberta do Silêncio;
• Tempo de aprofundamento da Esperança;
• Tempo de contemplação da ação do Espírito Santo;
O que nos ensina a Liturgia?
• Escuta
“O advento é tempo para acolher o Verbo procedente do silêncio.”
(Sto. Inácio de Antioquia)
• Vigilância
“O Senhor nos visita continuamente, todo dia, caminha ao nosso lado, é uma presença de consolação”
(Papa Francisco)
• Sobriedade
“É preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior”
(Papa Francisco)
• Contemplação
“A primeira visita ocorreu com a encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém; a segunda acontece no presente, o Senhor nos visita continuamente, todo dia, caminha ao nosso lado e é uma presença de consolação; e em fim haverá ainda uma terceira e última vinda, que nós professamos todas as vezes que rezamos o Credo, ‘De novo Ele virá na glória para julgar os vivos e os mortos”
(Papa Francisco)
• Coração aberto
“Somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades”
(Papa Francisco)
“1ª Parte” do Advento, celebramos O Advento da vinda definitiva, que vai do primeiro domingo do Advento ao dia 16 de dezembro, inclusive.
Na “2ª parte”, O Advento natalício, preparação mais imediata, que se estende de 17 a 24 de dezembro. É nestes dias que começam a novena do Natal e as antífonas do “Ó”
Neste tempo não cantamos “Glória”, a sobriedade da liturgia ‘omite’ o canto dos anjos que fazem alegrar o céu e a terra para que possamos saborear mais intensamente essa alegria no Natal.
1° Sinal
A cor roxa usada na liturgia
símbolo de um tempo litúrgico onde iremos , com recolhimento, percorrer/aprofundar o caminho para acolher Jesus que vem.
2° Sinal
No tempo do Advento ornamente-se o altar com flores com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor»
(Instrução Geral do Missal Romano, n. 305; Cerimonial dos Bispos, n. 236).
3° Sinal
Domingo Gaudete, uso da cor Rosa.
"Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto“
(Fl 4, 4).
(Fl 4, 4).
4° Sinal
A Coroa do Advento
Origem
A Coroa do Advento tem a sua origem em uma tradição pagã europeia. No inverno, acendiam-se algumas velas que representavam o "fogo do deus sol" com a esperança de que a sua luz e o seu calor voltassem. Os primeiros missionários aproveitaram esta tradição para evangelizar as pessoas. A partir de seus próprios costumes ensinavam-lhes a fé católica.
Forma circular
O círculo não tem princípio, nem fim. É sinal do amor de Deus que é eterno, sem princípio nem fim, e também do nosso amor a Deus e ao próximo, o qual nunca deve terminar.
Quatro velas: Simbolizam os quatro Domingos do Advento. No início, a coroa sem luz recorda-nos a experiência de escuridão do pecado. Na medida em que se aproxima o Natal, vamos acendendo uma a uma as quatro velas, representando assim a chegada, entre nós, do Senhor Jesus, luz do mundo, que dissipa a escuridão.
Quanto a cor as velas podem ser:
A) Três roxas e uma rosa:
A cor roxa é um convite a purificar os nossos corações, para acolher o Cristo que vem. A cor rosa, no terceiro domingo, é um chamado à alegria, pois o Senhor está próximo. Detalhes dourados prefiguram a glória do Reino que virá.
B) Quatro velas nas cores litúrgicas:
• Roxa - cor penitencial que lembra o perdão concedido a Adão e Eva.
• Vermelha - expressa a fé de Abraão e demais Patriarcas.
• Branca - simboliza a alegria do rei Davi que recebeu de Deus a promessa de uma aliança.
• Verde - recorda os Profetas que anunciaram a chegada do
Salvador.
5° Sinal
As grandes figuras bíblicas do Advento
ISAÍAS – profeta da Esperança que desperta no coração do povo a confiança em Deus
JOÃO BATISTA – Voz que clama no deserto e que aponta o caminho do Senhor
MARIA - A simples ‘jovem do interior’, que carrega no coração toda a esperança de Deus! No seu ventre a esperança de Deus se fez carne, tornou-se homem, se fez história: Jesus Cristo. O seu Magnificat é o cântico do Povo de Deus a caminho, e de todos os homens e mulheres que esperam em Deus, no poder da sua misericórdia.
(Papa Francisco)
JOSÉ - É o homem que não fala, mas obedece, o homem da ternura, o homem capaz de levar adiante as promessas para que se tornem firmes, seguras. O homem que garante a estabilidade do Reino de Deus, a paternidade de Deus, a nossa filiação como filho de Deus. É guardião das fraquezas, de nossas fraquezas: é capaz de fazer nascer muitas coisas bonitas de nossas fraquezas, de nossos pecados. José é o custódio das fraquezas para que se tornem firmes na fé, é o “guardião do sonho de Deus”: o sonho de Deus de nos salvar, de nos redimir. É grande este carpinteiro silencioso, trabalhador e guardião que carrega as fraquezas e é capaz de sonhar.
(Papa Francisco)
6° Sinal
As atitudes de cada Domingo...
• Vigiai
• Preparai (-vos)
• Alegrai (-vos)
• Confiai
O PRESÉPIO
OLHANDO CADA FIGURA...
Maria e José – Sinal da fidelidade total ao projeto de Deus; Símbolo de um Povo que sabe esperar as ‘surpresas de Deus’;
Os Anjos – Mensageiros portadores da Boa notícia de Deus para a Humanidade;
Os Pastores – Símbolo das ‘periferias’, não podiam ser testemunhas em tribunal pois eram tidos como trapaceiros e sujos pois negociavam gado e viviam no meio do gado. São os primeiros a receber o anúncio...o Evangelho nos alerta: “os últimos serão os primeiros!”
Os Magos – não eram reis, eram estudiosos dos astros. Símbolo das nações/continentes conhecidos na época, representam todas as nações pagãs peregrinantes para reconhecer e adorar a Cristo como Salvador.
O Boi/Vaca - evoca as tarefas da lavoura, o trabalho duro e diário; simboliza o pesado jugo do trabalho, que o próprio Cristo quis partilhar connosco: “vinde a Mim todos vós que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”, dirá depois Jesus.
O jumento - com a sua mansidão, recorda-nos que Jesus, esse Menino deitado entre palhas e feno, aquecido por animais, não vem pela violência, mas pela mansidão e pela paz. “Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”, dirá mais tarde o próprio Jesus. Diante da violência de tantos homens, Jesus apresenta-se como mansidão e paz. A figura do jumento liga também o Natal à Páscoa: será montado num jumentinho que Jesus entrará em Jerusalém, onde será preso e morto.
A vaca e o jumento do Presépio recordam-nos ainda aquela que é a atitude fundamental diante do Presépio: o silêncio! A contemplação! Desprovidos de fala, olham aquela criança deitada na sua manjedoura e aquecem-na com o seu bafo, a sua respiração.
É verdade que normalmente olhamos os animais do Presépio como meras figuras decorativas. Mas eles estão lá também para nos recordar algo importante:
*Desafiar-nos à contemplação deste mistério do nascimento de Jesus; corrigir a nossa tentação a tudo afogarmos com palavras!
*Desafiar-nos à mansidão e bondade para com todos; a renunciarmos à violência, seja ela de que género for; a vermos naquele Menino Deus aquele com quem podemos aprender essa mansidão e humildade.
*Desafiar-nos a compreender que é toda a nossa vida, com os seus trabalhos e dificuldades, que Jesus assume. Filho de José, o carpinteiro, Jesus, Ele próprio, assumirá o trabalho de seu pai. É também pelo nosso trabalho que nos aproximamos de Deus.
*Mas sobretudo, no Presépio, a vaca e o burro recordam-nos constantemente a necessidade de acolhermos Jesus; dizem-nos que a manjedoura em que Ele quer nascer hoje é o nosso coração; recordam-nos sem cessar que o drama do primeiro Natal foi a falta de espaço: as pessoas não tiveram espaço nas suas vidas para receber e acolher o Menino Deus!
O ideal cristão convidará sempre a superar a suspeita, a desconfiança permanente, o medo de sermos invadidos, as atitudes defensivas que nos impõe o mundo atual. Muitos tentam escapar dos outros fechando-se na sua privacidade confortável ou no círculo reduzido dos mais íntimos, e renunciam ao realismo da dimensão social do Evangelho. Porque, assim como alguns quiseram um Cristo puramente espiritual, sem carne nem cruz, também se pretendem relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados aparatos, por ecrãs e sistemas que se podem acender e apagar à vontade. Entretanto o Evangelho convida- nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimentos e suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura.
(Evangelii Gaudium nº 88)