Rio
de Janeiro , 30 de dezembro de 2020
Queridos
Paroquianos de São Conrado,
Sem
dúvidas 2020 ficará na história de todos aqueles que viveram até o dia de hoje,
foi um tempo surpreendente e nós surpreendidos por um vírus
"misterioso", sobretudo silencioso. Sem estrondos, sem bombas, sem sequer
uma declaração de guerra, mas "guerreamos" contra inimigos invisíveis
e visíveis. Não desistimos, não desisti,
mantivemo-nos firmes na batalha espiritual com orações e clamores. Perdemos,
mas apreendemos. Aprendemos a invocar a
Misericórdia Divina, aprendemos que a perseverança é a melhor arma contra os
que nos perseguem e que amar aos inimigos é simplesmente uma dádiva. Cristãos
perseguidos no Mundo Inteiro, até mesmo dentro de nossas igrejas. Assistimos
igrejas que foram incendiadas e vimos que na nossa própria igreja existem aqueles
que a incendeiam, sem fogo, mas apenas com a palavra enganosa, mentirosa e
arrogante, porém, não existe dificuldade
para perceber que a grande bênção divina é Jesus Cristo. Deus nos abençoa com a
vida divina encarnando-se no seio da Virgem Mãe. Benzer é "dizer
bem", "derramar o bem", “invocar o bem” sobre alguém. Deus nos
abençoa derramando a bênção do seu Filho sobre nós. Derrama sobre nós a bênção
da vida divina. Todo os tempo invocamos os BEM sobre os que nos perseguiram, a
nós Católicos Romanos.
O
senso comum entende por "bem" a ausência do mal, do sofrimento, de
infortúnios. A compreensão Bíblica, entende o "bem" como atitude:
assumir o estilo de vida divino. Para isso, a necessidade de acolher o Espírito
Santo, vivendo como Jesus viveu. Ser abençoado por Deus, portanto, é acolher o
estilo de vida de Jesus Cristo, é tornar-se filho e filha de Deus, vivendo como
Jesus, o Filho, viveu.
Um
modelo de como viver a filiação divina encontra-se na pessoa de Maria, a Mãe de
Deus. O Evangelho propõe o caminho do silêncio e da meditação. Um não pode
viver sem a outra; são interligados e interdependentes: silenciar para meditar.
Do ponto de vista de modelo, no Advento, a Liturgia apresenta Maria acolhendo o
projeto divino; no Natal, Maria aceita as provações presentes no nascimento do
Menino Jesus e, agora, na Liturgia da Maternidade Divina, Maria silencia para
meditar.
Está
evidente, como acontece com todos nós, que Maria não tinha claro o que Deus lhe
propunha. Não compreendia tudo, por isso a necessidade de entrar em contato com
os fatos pela via do silêncio meditativo. O exercício da meditação não nos
permite viver de modo superficial, mas habitua-nos a buscar significados
profundos nos acontecimentos existenciais. No início do novo ano, a proposta de
encontrar tempos de silêncio e meditação é saudável para a saúde psicológica,
para a saúde corporal e para o crescimento espiritual.
"Minha
proposta é iniciarmos o novo ano, de 2021, acolher os revezes que a pandemia
nos proporcionou é melhor que encher-se de raiva porque os planos feitos no
início de 2020 não deram certo. Aceitar o que se colocou contra nós, aceitar o
que nos impediu de viver em condições ideais. Isto não significa resignação,
achar que não tinha outro jeito; aceitar significa entrar em contato com a
situação sem revoltas e sem raivas em nossos corações. Meditar sobre tudo no silêncio para encontrar
significados. O que cada fato da vida significa para mim? Que mensagem está me
passando: de raiva ou de aceitação? Não faço e nem aconselho fazer previsões
para 2021, apenas convido você, convido toda nossa comunidade, a interceder a
Misericórdia Divina para que nos liberte da peste em 2021, para que nos abençoe
com sua paz, para que nos livre de todo mal e nos conceda a luz da sua bênção.
Feliz Ano Novo!
Padre
Marcos Belizário Ferreira
Pároco
da Paróquia de São Conrado, Rio de Janeiro