quarta-feira, fevereiro 17, 2021

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM













São Marcos relata como Deus se aproxima do sofrimento humano com três movimentos: Jesus vê o sofrimento humano na pessoa do leproso, Jesus ouve a prece de quem sofre e Jesus age em favor do sofredor. O evangelista acrescenta um detalhe interessante: Jesus toca o doente, o que era proibido por lei.

 

."A Deus nada é impossível", diz o anjo a Maria. É verdade, Deus pode criar, pode salvar, pode santificar... Jesus pode curar os doentes que encontra, mas espera uma palavra de confiança: "Se queres!" O homem submete-se, então, à sua vontade. Diante desta confiança do doente, Jesus tem piedade, porque vê que ele se abandona nas suas mãos para ser re-criado, levantado, salvo, purificado. Deus deixa-Se tocar pelo homem, sua criatura, quando esta se deixa remodelar por Ele, do mesmo modo que se deixa modelar na manhã da criação.

 

Ele toma o nosso lugar... A maldição que atingia os leprosos era total: mortos vivos, excluídos dos lugares habitados, proibidos do Templo e da sinagoga, impuros aos olhos dos homens mas, sobretudo, de Deus. Um deles quebra os interditos e aproxima-se de Jesus que, perturbado até às entranhas, ousa um gesto impensável: estende a mão e toca o infeliz, tornando-se Ele mesmo, imediatamente, impuro. Passa-se, então, algo de extraordinário. Realiza-se a palavra do salmista: "Senhor, viste o mal e o sofrimento, toma-os na tua mão". Jesus toma nas suas mãos o mal e o sofrimento deste homem. Tira-o da sua lepra, liberta-o da sua exclusão, de toda a impureza. O leproso pode reencontrar a companhia dos outros e de Deus. Mas então, é Jesus que não podia entrar abertamente numa cidade. Era obrigado a evitar os lugares habitados". Certamente que era para se proteger da multidão... Mas, de fato, é como se Jesus tivesse tomado o lugar do leproso. Jesus, o bem amado do Pai, toma sobre Ele as nossas faltas e os nossos sofrimentos, Ele toma o nosso lugar para absorver na sua pessoa e no amor do Pai todas as nossas misérias. E, ao mesmo tempo, encontramos toda a nossa dignidade de homens e de mulheres livres, de pé, capazes de entrar de novo em relação uns com os outros e, sobretudo, de nos aproximarmos de novo de Deus, sem qualquer medo.